Marco Antonio Jacob, Divisa Nova, MG: Poderemos ter "surpresas" quanto a estiagens em setembro, outubro e novembro?
Celso Oliveira: Acho que as surpresas já começaram. A chuva do final de julho em São Paulo e em parte de Minas Gerais não estava no prognóstico inicial e aconteceu em má hora.
Pelo que li e ouvi, parece-me que algumas áreas cafeeiras deram florada por conta desta precipitação. E é bem capaz que esta florada seja perdida, já que não há previsão de chuvas significativas até o final de agosto e, bem capaz, até o final da primeira quinzena de setembro.
É claro que não foi uma florada uniforme e ainda teremos floradas em setembro e outubro. Mas o sucesso destas floradas depende da regularidade das chuvas da primavera. E isto não irá acontecer, especialmente no cerrado e Triângulo Mineiro.
Por conta da La Niña deste ano, as chuvas regulares registradas nas primaveras anteriores deixarão de acontecer. A maioria das frentes frias passará pela costa do sudeste e não se encontrará com a umidade que vem da floresta amazônica. Por conseqüência, apenas alguns sistemas provocarão chuvas mais fortes e uniformes no interior do país até o mês de novembro.
Depois das chuvas do final de julho, várias frentes frias já passaram pelo sudeste. Entretanto, as chuvas estiveram concentradas apenas na costa.
O que observamos desde a segunda quinzena de julho será o resumo das chuvas até novembro: alguns poucos episódios de chuvas fortes, alternados por períodos prolongados de tempo seco e temperaturas elevadas. Isto pode gerar problemas na florada das culturas perenes e atrasar o plantio das culturas de verão deste ano.
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