A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) divulgou ontem (18/12), relatório de dois de seus pesquisadores, Williams Ferreira (Embrapa/Epamig na área de Agrometeorologia e Climatologia) e Marcelo Ribeiro (Epamig na área de Fitotecnia, atua em pesquisas com a cultura do café). No documento, os especialistas explicam que o verão, que tem início oficial próximo dia 21, às 21h03 (horário de verão de Brasília), deve ser de temperaturas acima da média histórica da estação em todo o Brasil, com exceção do Rio Grande do Sul e da região Oeste de Santa Catarina e do Paraná. O fenômeno deve se agravar principalmente nos meses de fevereiro e março.
Com relação às chuvas, em janeiro há probabilidade de que o volume de chuvas fique abaixo da média para a região do sertão nordestino, Bahia, Minas, São Paulo, Rio e Espírito Santo. Em fevereiro aumenta a probabilidade de que as chuvas fiquem abaixo da média no período nessas mesmas regiões.
Em março há probabilidade de que o volume de chuvas fique acima da média nas regiões citadas anteriormente, a exceção do sertão nordestino e de São Paulo onde o volume de chuvas deverá continuar abaixo da média, assim como também toda a região Sul que nesse mês também deverá apresentar volume de chuvas abaixo da média do período.
El Niño
Segundo os pesquisadores, apesar de algumas das variáveis meteorológicas indicarem atualmente a existência de um padrão atmosférico característico da ocorrência do evento El Niño (que modifica o regime térmico e pluviométrico principalmente nas regiões Nordeste e Sul do Brasil), esse fenômeno ainda não ocorreu em 2014 e os modelos climáticos sinalizam cada vez mais a permanência das atuais condições “neutras” para toda a próxima estação do verão austral (hemisfério Sul).
Acompanhe, abaixo, a análise dos pesquisadores para a cultura cafeeira:
A cafeicultura
Devido ao atraso do início da atual estação chuvosa e a ocorrência de eventos de chuvas de forma irregular e localizada, os volumes precipitados ainda não foram suficientes para a recuperação total dos níveis de umidade do solo nas regiões produtoras de café.
Diante da realidade climática, para a cafeicultura mineira o cenário não é muito diferente do que ocorreu no ano passado, quando as condições climáticas corroboraram para o baixo crescimento vegetativo das plantas. Desse modo, a baixa expectativa de chuvas para o próximo verão poderá agravar a atual situação e comprometer a próxima safra, uma vez que em janeiro e fevereiro o café deverá estar na fase de enchimento de grãos.
A ocorrência de chuvas isoladas no início da estação e a redução do volume total das chuvas esperadas para o verão poderá dificultar a execução dos tratos culturais, principalmente as adubações. Novos plantios também poderão ser comprometidos devido à baixa umidade do solo.
Desse modo, os produtores podem aproveitar as chuvas que têm ocorrido nos últimos dias para realizarem os tratos culturais, pois há a possibilidade de que o volume de chuvas seja reduzido na próxima estação, assemelhando-se ao que ocorreu no início de 2014, quando os meses de janeiro e fevereiro foram mais secos e as adubações e plantios foram maiores no mês de março. Ocorrendo a redução no volume de chuvas na próxima estação, a safra 2014/2015 poderá ser comprometida com reflexo também na safra 2015/2016.
A Epamig informa que a análise e o prognóstico climático apresentados pelos especialistas foram elaborados com base na estatística e no histórico da ocorrência de fenômenos climáticos globais, principalmente daqueles atuantes na América do Sul. A instituição utilizou, como base, dados de outras instituições especializadas e explica, ainda, que o prognóstico climático faz referência a fenômenos da natureza que apresentam características caóticas e são passíveis de mudanças.