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Previsões da safra brasileira: como (não) usá-las - um guia definitivo*

POR JOAO ALBERTO BRANDO

P&A MARKETING E EQUIPE

EM 18/06/2015

3 MIN DE LEITURA

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Por João Alberto, gerente da consultoria P&A. Economista pela FEA-USP e mestre em economia e finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP)

Esta não é outra previsão ou atualização da safra brasileira. Estamos em plena época de previsões de safra enquanto a colheita brasileira avança. As diversas previsões liberadas até agora permitem chegar a uma única conclusão: são todas bem diferentes umas das outras.

Foto ilustrativa: Guilherme Gomes/ Café Editora
 
Foto ilustrativa: Guilherme Gomes/ Café Editora


À medida que previsões e novas fontes de dados aparecem, elas revelam o que nós da P&A chamamos de “volatilidade das previsões de safra”. Não criamos um índice para ela ainda, mas desde o ano passado tal volatilidade está alta e este ano não é exceção. Aliás, está tão alta que num mesmo dia do mês de maio duas importantes instituições brasileiras publicaram previsões com uma diferença de 10 milhões de sacos entre elas. Tal diferença é equivalente a cerca de 20% da safra brasileira (dependendo de qual base for usada...).

Eventos como este chamam a atenção dos meios de comunicação mas a falta de consenso entre pesquisadores e analistas não é recente. Ela só se tornou mais relevante (e prejudicial) para o mercado à medida que a participação brasileira nas exportações mundiais cresceu e tornou-se mais significante.

Vale a pena notar que os analistas não chegam a um consenso mesmo sobre safras passadas o que significa que estão usando não só diferentes hipóteses como também diferentes metodologias para chegar a seus números. Isto significa que é difícil identificar uma fonte na qual confiar quando não há acordo nem sobre fatos já consumados.

Estudos para avaliar safras são poucos porque são difíceis de executar, caros e de vida curta. Imagine alguém que tentasse fazer uma avaliação ampla da safra de 2014 por meio de um estudo de campo realizado no final de 2013. Primeiramente, esta pessoa teria que viajar entre áreas de café com distâncias de até 1.000 km entre elas. Segundo, o pesquisador necessitaria investigar tanto quanto possível dos 2 milhões de hectares plantados com café, pois a produtividade varia de um local para outro até na mesma fazenda! Finalmente, depois de processar a informação no início de 2014 o pesquisador descobriria que todo seu trabalho foi em vão em virtude da seca severa que afetou tudo que ele havia pesquisado poucas semanas antes...

Não confiáveis como podem parecer, previsões de safra não podem ser ignoradas. Mas elas tampouco podem ser tomadas como verdade absoluta. Paradoxal como isto pode ser, no meu entender a solução para aumentar a confiabilidade das previsões de safra é ter mais previsões e de fontes diferentes.

Na verdade cada participante no mercado tem sua própria previsão de safra. A safra brasileira é tão importante para a formação de preços futuros que cada vez que um negócio é feito no mercado futuro ambos os lados da negociação estão consciente ou inconscientemente apostando num dado tamanho da safra brasileira.

Em outras palavras, faz sentido dizer que no preço internacional do café está embutida uma estimativa do tamanho da safra brasileira. Então, por que não inverter esta lógica? Se todos estão preocupados com a forma como o Brasil afetará o preço do café, por que não perguntar ao preço do café o que ele pensa do tamanho da próxima safra?

E como gerenciar isto? Simplesmente perguntando às pessoas que estão praticando aqueles preços. Como há milhares de negócios diários, é só perguntar a opinião dos agentes do mercado sobre o tamanho da safra brasileira. A lei dos grandes números¹ justifica tal processo e ajudará a atingir um consenso sobre o assunto.

¹ Na teoria da probabilidade, a lei dos grandes números (LGN, por suas iniciais) é um conceito que descreve o resultado de se repetir o mesmo experimento um número grande de vezes. De acordo com esta lei, a média dos resultados obtidos em um grande número de tentativas estará próxima do valor esperado e tenderá a se aproximar ainda mais à medida que mais tentativas forem feitas.

* Trechos da versão em inglês deste artigo foram citados fora de contexto em matérias publicadas na Internet de maneira que não condiz com as ideias da P&A e com os conceitos apresentados acima. Este artigo foi originalmente veiculado em inglês e espanhol em nosso boletim mensal Coffidential nos dias 11 e 12 de junho, respectivamente.

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CLÁUDIO BARBOSA

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 22/06/2015

Já apresentei minha dúvida de produtor algumas vezes ao longo dos últimos 20 anos e até hoje não obtive resposta: é impossível os "produtores de estimativas" checarem suas previsões DEPOIS da safra?

Cláudio Barbosa.   
JOSÉ HESS

CURITIBA - PARANÁ

EM 19/06/2015

Parabéns! É isso que devemos discutir. Na minha opinião alguma organização oficial do governo e da pesquisa de café(Embrapa café) deveria normatizar uma única metodologia que pudesse atender a maior diversidade possível de nossos cafés, porém se faria em vários locais e com pontos fixos distribuídos pelas regiões cafeeiras. Exemplo:

Em regiões cafeeiras de cada estado verificaremos anualmente os dados na mesma área, estes serão enviados para o banco de dados da entidade que com a mesma metodologia fornecerá as safras nas respectivas regiões. Claro que o Brasil com suas dimensões continentais sempre haverá diferenças, mas pelo menos teremos uma metodologia padrão e um referencial de valores sem chutes ou especulações.  Após 5 anos de aferição dos dados, poderá ser ampliado para mais regiões ou substituir as bases e retornando 5 anos depois.
THAIS VELLOSO COUGO PIMENTEL

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 19/06/2015

Enfim uma consideração inteligente e mto apropriada! Estou no ramo a relativo pouco tempo e tenho imensa dificuldade de acompanhar as análises que me parecem, na sua maioria, muito mais impressões que qq outra coisa...

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