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Verdades sobre a rotulagem do café

POR NATHAN HERSZKOWICZ

ESPAÇO ABERTO

EM 29/09/2009

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Rio de Janeiro, 28 de Setembro de 2009


Nas últimas semanas, temos assistido a uma invasão de artigos, e-mails e outras formas de comunicação, expedidas pelo monodiscursivo presidente da Associação Paranaense de Cafeicultores - APAC, a respeito de uma inconsequente ideia de adoção de um sistema de rotulagem para o café industrializado, pelo qual as embalagens deveriam especificar as quantidades de café da espécie arábica e da variedade conilon usados em sua composição.

A propalada justificativa para a iniciativa seria a de bem informar aos consumidores a respeito da composição do café, como se isso lhes fosse importante conhecer para bem consumir os produtos.

A verdadeira justificativa para esta irresponsabilidade defendida por um diretor de uma entidade da produção, que nada tem a ver com a industrialização do produto e que nada conhece sobre os hábitos e demandas dos consumidores, é a absurda e irreal tentativa de inibir o consumo de cafés produzidos com conilon em seus blends, sob o pretexto ilógico e incorreto de que o café conilon seria produto de menor qualidade, logo, os consumidores o rechaçariam, dando preferência a produtos feitos com café arábica.

Sonha o presidente da APAC, com isso, adicionar valor ao café arábica, do qual diz ser produtor, enxergando na cultura do conilon um concorrente para a sua atividade, que pretende enfrentar criando obstáculos para a indústria de café, que utiliza as duas matérias-primas.

A verdade é que o café no Brasil não necessita de nenhuma outra lei de rotulagem, pois já as tem, tanto as oficiais e obrigatórias, quanto as privadas e voluntárias.

A verdade é que, no Brasil, as embalagens de café de centenas de marcas já trazem informações importantes e suficientes para orientar o consumidor quanto à dosagem correta para preparação; sobre as origens do grão, inclusive algumas com o nome das fazendas de onde ele provém; sobre o ponto de torra e a granulometria, forma de colheita e outras tantas.

A verdade é, também, que o Brasil possui o mais completo e moderno sistema de indicação das características físicas e sensoriais do café em uso no mundo, na forma do Perfil do Sabor, que é impresso nas embalagens das marcas de café certificadas pelo Programa de Qualidade do Café - PQC, que monitora, até o momento, mais de 310 marcas. O Perfil do Sabor, do PQC, indica sete características de qualidade: tipo de bebida, ponto de torra, granulometria, intensidade do aroma, do sabor e do corpo, alem do tipo do café, com uma descrição orientativa da composição de arábica e de conilon. Mas esta descrição não é quantitativa, pois isto é impossível de controlar e monitorar. Destaque-se que isto tudo é feito de forma voluntária pelas indústrias de café, não havendo, e nem sendo necessária, nenhuma lei que as obrigue ou as condicione a fazê-lo.

Qual a razão, então, das indústrias se preocuparem com o discurso monótono e absurdo do presidente da APAC, que, aliás, está sendo conhecido por ser pessoa que gosta de falar e escrever sobre coisas que desconhece, sem qualquer base conceitual ou técnica? O discurso seria ridículo, se não fosse perigoso.

A questão prende-se aos riscos e prejuízos à qualidade do café que tal estultice acarretaria, se implementada.

A indicação obrigatória das quantidades de arábica e de conilon nas embalagens, condicionaria as torrefadoras a nunca mudarem esta composição, sob pena de fornecerem declaração falsa, o que jamais as indústrias responsáveis fariam.

Com isso, os cafés estariam sujeitos a mudanças de sabor e de aroma a cada lote produzido, uma vez que os grãos utilizados, tanto de arábica quanto de conilon, variam de safra para safra; de região produtora para região produtora; variam em função do clima à época da colheita; variam em função das práticas de colheita e de secagem que os produtores utilizaram, variam, enfim, por inúmeras razões. Será que os consumidores gostariam de cafés que mudam de aroma e de sabor a cada aquisição ou período? É lógico que não!

A técnica de blending adotada pelas indústrias de café de todo o mundo, assim como ocorre na fabricação de whisky, vinhos e outras bebidas, e que consiste em combinar grãos de espécies e de variedades distintas, em diferentes porcentuais, é usada exatamente para corrigir as variações de cada lote de grãos, preservando, isto sim, as características do produto final, que não devem mudar e que conferem a personalidade e o sabor de cada marca.

É isto que o consumidor quer: um café saboroso, que lhe dê prazer e satisfação, sem se importar com qual quantidade de conilon ou arábica foi utilizada. Aliás, a enorme maioria dos consumidores não sabe o que isto representa.

Ademais, a composição de cada blend é um patrimônio de cada empresa, que é definido após exaustivos ensaios e pesquisas, tem custo elevado de desenvolvimento, sendo, portanto, um segredo industrial que tem que ser respeitado, como acontece em qualquer lugar do mundo.

Por outro lado, esta irresponsável ideia não tem como ser fiscalizada, isto é, não há como fiscalizar as marcas e identificar se a declaração de quantidades nas embalagens está ou não correta. Isto porque, não existe, em todo mundo, tecnologia ou metodologia para quantificar as espécies usadas. O que existe é a identificação histológica, em microscópio, que reconhece a existência das espécies, mas não consegue quantificar os porcentuais usados. Assim, essa lei jamais poderá ser fiscalizada, permitindo que maus empresários pratiquem fraude sem serem molestados.

A verdade é que o conilon desempenha um papel importante na produção de cafés com características bem definidas. O conilon corrige o gosto verde dos arábicas colhidos imaturos; o conilon confere mais corpo à bebida final; o conilon equilibra o blend quanto à acidez e, portanto, justifica o seu uso pela indústria de café de todo o mundo e do Brasil também. Seus porcentuais variam de acordo com as exigências do blend e também por razões econômicas, pois seu custo pode ser determinante para manter cafés com preço acessível para o grande público consumidor. A espécie C. canephora ocupa 34% da produção mundial, sendo hoje uma realidade que ninguém contesta, ao contrário, se busca aperfeiçoar para permitir mais ganho de renda a um número maior de produtores de café.

Finalmente, ao presidente da APAC faltam conhecimento e base em pesquisas para intitular-se defensor das vontades dos consumidores. A justificativa única da rotulagem, qual seja a de prestar melhores informações aos consumidores, não encontra eco na realidade. A pesquisa "Tendências do Consumo de Café no Brasil", feita desde 2003 pela InterScience - uma das maiores empresas de pesquisas de opinião do Brasil - em conjunto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e considerada uma das melhores em todo o mundo cafeeiro, evidencia, claramente, que aos consumidores o Conceito de Qualidade do café não está associado ao tipo de grão e às suas espécies. Isto não aparece nas respostas espontâneas dos consumidores.

Da mesma forma, na pesquisa dos Determinantes de Compra, o tipo do café é citado por apenas 1% dos entrevistados, ao passo que Marca, Preço, Sabor e Qualidade aparecem como os principais determinantes. Isto demonstra como a proposta de rotulagem está mal fundamentada, é fraca e inconsistente e revela, por outro lado, que o seu verdadeiro propósito é o de denegrir o café conilon.

O presidente da APAC, ao divulgar a proposta discriminatória de rotulagem, ao mesmo tempo em que demonstra seu desconhecimento sobre as propriedades positivas do conilon, mostra também seus objetivos de buscar notoriedade, perseguindo outra ideia sem sentido algum, qual seja a de eleger-se presidente de uma inexplicável Associação Brasileira do Café Arábica. E sonha, ainda, em ser o presidente de uma associação similar, mas mundial. Não fosse caso de vaidade incontrolada, seria simplesmente risível.

A discussão sobre a rotulagem do café, da forma como foi colocada, é, por fim, um profundo desrespeito aos trabalhos que as indústrias de café têm realizado, notadamente ao longo dos últimos 20 anos, período em que se conseguiu triplicar o consumo interno de café, com melhoria da qualidade e estimulo à demanda por produtos de alta qualidade e com alto valor. O mundo inteiro reconhece este mérito da ABIC e da indústria de café brasileira. É também um desrespeito aos milhares de produtores de café conilon do Brasil, cuja competência os fez suplantar os tempos de crise vividos por algumas regiões produtoras de café arábica.

A ABIC hoje persegue a ampliação da demanda por cafés superiores e gourmet, certificados e sustentáveis, com maior valor agregado, que aumentam a renda dos produtores e dos industriais, estimulando seu uso na hotelaria nacional, nas licitações públicas e privadas, nas panificadoras, casas de café e supermercados. Para tanto, mantém cooperação com as Secretarias da Agricultura de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Espírito Santo e Bahia, entre outras.

Esta é a contribuição de uma entidade responsável e comprometida com a melhoria dos negócios do café.

O autor da esdrúxula proposta melhor faria se dedicasse seu tempo a ajudar seus associados e produtores a buscar melhores resultados na lavoura, com aperfeiçoamento da gestão, redução de custos, aumento da produtividade, melhoria de qualidade, certificação e inserção em mercados de maior valor, além de outras iniciativas típicas da atividade produtiva que podem recuperar a renda da atividade.

A cafeicultura do Paraná, que tantas glórias e histórias de sucesso já conquistou e que tantos valorosos líderes já produziu para o Brasil, não merece a contribuição que o presidente da APAC está dando hoje ao setor.

NATHAN HERSZKOWICZ

Diretor Executivo da ABIC; Presidente Executivo do SINDICAFÉ-SP; Presidente da Câmara Setorial de Café da Secretaria de Agricultura e Abastecimento; Conselheiro e Sócio fundador do Museu dos Cafés do Brasil; Membro do Grupo GGM Café do MAPA

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ALEXANDRE MIRANDA LEÃO TEIXEIRA

VARGINHA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/10/2009

Não entendo essa indignação do Sr. Diretor Executivo da ABIC, pois o que há de errado na transparência dos dados ao consumidor? Pela forma agressiva com que escreve sua indignação nos passa que o consumidor não quer realmente saber a composição de um produto que está consumindo.

Não acredito que isto esteja acontecendo nos tempos de hoje, pois qualquer produto que compramos no mercado em seu rótulo estão todos os dados dos processos e produtos para a sua fabricação. Acho que tem muitas coisas por traz deste manifesto, pois os preços do café posto na prateleira não condizem com seus custos.

Como consumidor, exijo a rotulação, pois não gostaria de consumir um produto sem as devidas especificações que garantem a qualidade de vida da minha família ou acha o Sr. Nathan que gosto de consumir produtos sem saber o seu conteúdo?

Ao invés de achar que está protegendo o consumidor o Sr. está lesando a nossa dignidade. O Brasil está mudando, o povo está começando a abrir o olho e manisfestar pelos seus direitos. Eu particularmente não preciso de pessoas como o Sr. para me proteger. Sei claramente dos meus deveres e luto com todas as forças para garantir meus direitos.
CLÁUDIO JOSÉ DA FONSECA BORGES

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 30/09/2009

Coloco aqui uma simples questão: se no Espírito Santo se produz um ótimo conilon em montanhas, plantar esse trem lá no sul de Minas vai matar a pau.

Terra "culturão", produtividade, menos custos que o arábica... Será que vale a pena tentar?
JOSÉ ROBERTO DA ROCHA BERGAMO

LONDRINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/09/2009

Este realmente é um tema polêmico e de interesse da classe produtora como um todo, sem distinção de categorias ou variedades do produto final. É muito bom achar que está tudo uma maravilha e que não temos que nos preocupar com o que os órgãos estão fazendo no mercado consumidor. Tapar o sol com a peneira é puramente obra de políticos e não de classes produtivas que carregam o fardo dos desacertos políticos nacionais e internacionais.

A bolsa de mercadorias dá um espirro e o preço do café cai, e para reerguer é um sufoco, então não é louvável que cada um procure defender o seu quintal? Temos muitas empresas de torrefação que até hoje torram palha melosa, milho e cevada. Como podemos viver com esta indiferença mercadológica se não tratarmos do assunto como prioridade até mesmo p/ a saúde dos consumidores que hoje são atacados por enganos mercadológicos que advém de estratégias de marketing sem conhecimento de causa?

A rotulagem será a curto prazo um diferencial de mercado como a carne rastreada e outros derivados do nosso agronegócio. Devemos ter um pouco mais de união e pensar em somar, e não em dividir.
MARDEN CICARELLI

MONTE CARMELO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 30/09/2009

Senhores,

De fato esta discussão está tomando rumos desnecessariamente belicosos. Como consumidor, eu quero ter o direito de saber o que estou tomando. A informação no rótulo não obrigaria a indústria a nunca alterar suas composições - isso é um ataque à minha inteligência, pois o lote e a data de validade se alteram e isso não inviabilizou a indústria. Aliás, é possível que, se a lei não lhes obrigasse, nem mesmo essa informação os rótulos trariam - em nome do aumento da margem de lucros.

Ao tentar colocar os produtores da espécie conilon e arábica uns contra os outros, o articulista faz exatamente o que se espera de um executivo da indústria: enfraquece a ambos. Dividir para conquistar, já dizia César. Algumas opiniões acima revelam o sentimento de uns contra os outros - mas não se esqueçam ambos que, se o café do Vietnã se tornar mais interessante, ou se a China resolver produzir café, a indústria rapidamente irá para o lado que lhe for mais conveniente. É da natureza do capitalismo, e aqui não cabe nenhum discurso político. Todos os lados querem para si a maior fatia, sejam eles produtores, indústria ou a comercialização. É natural e aceitável, mas não utilizando meios escusos, e esconder do consumidor o que exatamente ele está comprando é sim uma forma de engano.

Ora, se uma bebida 100% arábica é economicamente inviável para a maioria da população, e uma bebida 100% conilon é impraticável por questões de teores de cafeína, sabor etc., então me deem um blend. Mas eu quero saber o quanto de cada um existe ali. E o quanto de milho, de palha e de outras misturas que nossa indústria aprendeu a usar.

Não é o fato de tal blend usar 10% de arábica e 90% de conilon que deslindará seu segredo produtivo. É a seleção dos grãos, a montagem do blend. Isso que a indústria quer (ou, no caso, não quer) é apenas fumaça para rachar a classe produtora. E empurrar o que lhe interessar no momento aos consumidores.

Como consumidor, senti-me aviltado ao ver a afirmação que não nos interessa a composição. De fato o brasileiro médio não se atenta a essa e tantas outras "misturas" a que somos submetidos. Tome-se o caso dos combustíveis como exemplo, e tantos outros. É interesse da indústria manter-nos nesse voo cego, pois enquanto isso tomamos chá de milho torrado com palha de café e ficamos todos felizes.

Como dizem por aí... "me engana que eu gosto".

Repito: a indústria não está de lado nenhum que não o seu. Interessa a ela comprar o produto no melhor preço e vender idem (interessante como "melhor" tem duas acepções nesse caso!) Danem-se os produtores, danem-se os consumidores. É da natureza do capitalismo. Se não enxergamos isso, problema nosso.
JOÃO CÉSAR OTONI DE MATOS

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 30/09/2009

Senhores,

Não vejo necessidade de sermos agressivos para defesa de argumentos. São maiores as contribuições quando o debate é de alto nível.

Particularmente, penso que o consumidor deve ter pleno acesso à informação - é, inclusive, direito firmado em lei, código de defesa do consumidor! - , até mesmo para decidir se deseja consumir café 100% arábica, 50/50, ou mesmo 100% conilon, que seja.

O conilon tem suas qualidades, é óbvio, e isso será, então, reconhecido pelo consumidor. Não é necessário escondê-lo na formulação do blend. Pelo contrário, o caminho deve ser o do marketing, informando de modo correto e transparente que o produto contém conilon em sua formulação, e que isso lhe garante sabor, corrige acidez, etc., conforme salientado no artigo em referência. Afinal, o consumidor é quem decide. Não é mesmo?!

Agora, omitir informações do consumidor, isso sim é coisa do passado.

Atenciosamente,
LUIZ ROBERTO SALDANHA RODRIGUES

JACAREZINHO - PARANÁ - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 30/09/2009

Prezados Srs.,

A discussão a cerca do tema tem, em minha opinião, se tornado muito simplista ao acharem que a lei de rotulação se trata de uma briga bairrista entre arábica e conilon. Na verdade, ambos produtos têm suas características peculiares e sua utilização por parte da indústria em função das mesmas. O que clama a classe produtora com uma iniciativa como essa é simplesmete a defesa do direito do consumidor em conhecer os produtos que consome.

Não sejamos hipócritas em virar as costas para o fato de vermos ano após ano distorções que não conseguem explicar como a oferta da produção não seria capaz de atender a demanda do mercado interno mais exportações brasileiras de café. Sejamos sim realistas em punir, não as pessoas honestas, que são a maioria na indústria de café, e ao meu ver não deveriam se preocupar com a lei de rotulagem, mas sim, usá-la como ferramenta explicativa de marketing a seus produtos para informar e fidelizar seus consumidores.

Por outro lado, a rotulação deveria sim incomodar aos inescrupulosos que adulteram seus produtos e ferem o Código de Defesa do Consumidor. Não clamamos por uma briga com nossos parceiros do agronegócio café, clamamos apenas pela defesa dos direitos do consumidor.
HUMBERTO SOARES

AIMORÉS - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 29/09/2009

Precisamos de uma vez por todas entender que não existe mais para a indústria a tão propalada diferença entre café conilon e arábica, com pesquisa e muito trabalho chegaram a resultados que permitem no processo industrial entregar um blend final que atenda aos anseios do consumidor, inclusive os mais exigentes.

Quem tem oportunidade de participar como mero assistente em testes cegos de bebida ultimamente está vendo que este discurso "ARABIQUEIRO" só existe no meio daqueles que preferem fugir da realidade e não enxergar o impressionante salto, quantitativo, produtivo, qualitativo e sensorial que experimentou o conilon no Brasil nos últimos anos.

Quanto à quantidade de um e outro nos blends ele é medido pela quantidade de conilon produzido no mundo, e desculpem pelas palavras duras a seguir, não há como frear o aumento de produção de conilon nos próximos anos e a consequente sobra de arábica se as condições climáticas se mantiverem dentro da normalidade.

Esta informação não tem caráter de abrir um debate e muito menos de expressar uma opinião, é sim uma constatação mercadológica que esta implicando profundas mudanças no agronegócio do café que já está em andamento há alguns anos, e que vai trazer o desaparecimento de uma parcela de cafeicultores, não ineficientes como disse o ministro, e sim não competitivos por razões que todos conhecem, e ás vezes também se negam a enxergar.

A única chance do arábica virar este jogo é ficar mais barato que o conilon, mas isso nos parece um pouco difícil, devido às características que trazem diferenças de custo bem visíveis, mas com pesquisa e muito trabalho, quem sabe... não podemos duvidar da capacidade humana em criar soluções e achar caminhos novos para velhos problemas.
JULIANO TARABAL

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS

EM 29/09/2009

Sem dúvida alguma não podemos desmerecer a participação do café conilon no mercado nacional e internacional, independentemente dele ser de pior qualidade de bebida que o arábica, por não possuir nuances organolépticas que somente o café arábica possui - e que não vem ao caso aqui colocar - e também por possuir maior percentual de cafeína.

Devemos levar em conta que o café conilon será diante das atuais condições climáticas e de novas ocupações de área em nosso país uma espécie muito interessante para cultivo e incremento da renda de diversos produtores do pais, haja vista Espirito Santo, Norte de Minas, Bahia, etc.

O café arábica, indubitavelmente, possui características de bebida que o colocam como uma bebida mais saborosa em relação à bebida proveniente do café conillon. Quem já consumiu café com graõs apenas da espécie conilon sabe que se os grãos desta espécie não forem adicionados junto aos da espécie arábica não se tem uma bebida de sabor assimilável e aceitável pelo consumidor...

Pois bem, neste contra-ponto entram os blends: já que não tem como usar só conilon, procede-se com os blends, onde cada indústria usa como bem entende percentuais de grãos das duas espécies.

A vantagem na utilização do conilon, bem sabemos, é seu menor custo para a indústria e seu maior rendimento de sólidos solúveis, o que vem potencializando sua demanda e sua produção.

No ambiente internacional temos o Vietnã, que possui posicionamento geográfico estratégico por estar "perto" de grandes países importadores, que compram café vietnamita a baixo custo e com boa logística.

Certamente que para a indústria, diversas variáveis envolvem sua tomada de decisão para definir composição de preço, e sabemos que a qualidade é algo imprescindivel, que a agregação de valor, o investimento em marketing, inteligencia competitiva, pesquisas de opinião e vários outros fatores fazem parte da análise de indicativos que compõem o universo dos consumidores de café. Óbvio que o custo é um dos indicativos preponderantes, mas a indústria é muito competente para pensar somente neste.

Finalmente temos construções de novos cenários no consumo de café. Cenários que são constituídos do efeito proporcionado pelo verdadeiro "camaleão" no qual se tornou o consumidor, não só de café, que a cada momento exige novas necessidades.

Uma coisa é fato. Independemente se o consumidor deve ou não conhecer o produto, hoje o fato é que ele vem procurando conhecer mais, principalmente sobre cafés especiais... que tem exemplo nos vinhos, onde se tem nichos de consumidores que detêm conhecimentos espeficos sobre a produção desta bebida.

Portanto, passar conhecimento ao consumidor pode ser sim uma estratégia, que varia de acordo com o obejtivo de cada um.
VIAVERDE CONSULTORIA AGROPECUÁRIA

SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/09/2009

Prezado Nathan Herszkowicz,

O velho dito "quem não deve não teme" infelizmente não transparece em suas linhas.

Diante de sua violenta recusa em informar o consumidor quanto ao que compra - um direito essencial previsto em lei - fica ainda mais clara a importância que a inserção do conilon no blend exerce no resultado econômico da indústria torrefadora.

A despeito das inúmeras campanhas para valorizar o produto gourmet é mesmo paradoxal que quem tanto poderia ganhar com uma maior distinção dos cafés, através da valorização de cafés finos, defenda com tanta veemência, ainda que indiretamente, o nivelamento por baixo. Como o Sr. mesmo comenta, seguindo exemplo da indústria de bebidas, tanto maior é a disposição do consumidor em pagar por um produto quanto maior o nível de informação que detém dele. Ou alguém se arriscaria a comprar um vinho caríssimo sem referências seguras em seu rótulo?

Não duvido mesmo que o consumidor não associe qualidade "ao tipo de grão e às espécies", como mencionado a respeito da pesquisa da InterScience. Obviamente ele não faz a menor idéia da diferença, pois nunca os provou separadamente.

A bem da verdade, há bem pouco tempo o brasileiro bebia cafés riados com a maior naturalidade. Não porque não gostasse de cafés superiores, mas porque não os conhecesse. A grande virada se dá quando o consumidor sorve uma xícara mais elaborada, o que - diga-se - ainda não é privilégio de muitos. Nunca mais voltará a tomar deliberadamente outra xícara inferior.

Minha defesa intransigente é a da informação plena ao consumidor, para que exerça seu direito de escolha.

Por fim, faço duas sugestões: 1. Que deixe de lado a virulência com que ataca o presidente da APAC. Se suas idéias são esdrúxulas, contra-argumente. Este site tem se destacado por discussões no mais alto nível. Seria bom se continuasse assim. 2. Que reflita sobre o título do texto, pois, como indica um dos postulados primeiros da filosofia, cada qual com a sua verdade.

Cordiais saudações
HÉLIO JOSÉ ALVES DE FIGUEIREDO

SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 29/09/2009

Sr. Nathan,

Vai chegar a hora, e eu acho que mais cedo que pensamos, que o café estará na mão de grandes empresários, que não tem o café como seu principal sustento. Aí eu quero ver como será a queda de braço por preço de café entre a indústria e os cafeicultores. A parte ruim é que milhares de pequenos e médios produtores de café já estarão fora, inclusive este que vos fala.
ANTONIO AUGUSTO REIS

VARGINHA - MINAS GERAIS

EM 29/09/2009

Dr. Nathan Herszkowicz, Diretor-Executivo da ABIC:

Considero-me um leigo no assunto, mas como produtor conhecedor daquilo que é vendido/comprado no nosso meio, atrevo-me a manifestar-me nesse assunto do interesse da produção.

Há algum tempo atrás comprávamos e pagávamos por fertilizantes formulados NPK e rotulados tipo: 20.05.20 (20 de Nitrogênio; 5 de Fósforo; 20 de Potássio) sendo que uma significativa parcela amostrada não correspondia à formulação. Nossas cooperativas passaram a fiscalizar/conferir e deixamos de comprar gato por lebre.

Como o sr. disse: "a técnica de blending adotada pelas indústrias de café de todo o mundo, assim como ocorre na fabricação de whisky, vinhos e outras bebidas, e que consiste em combinar grãos de espécies e de variedades distintas, em diferentes porcentuais, é usada exatamente para corrigir as variações de cada lote de grãos, preservando, isto sim, as características do produto final, que não devem mudar e que conferem a personalidade e o sabor de cada marca".

No Brasil, nos últimos anos, o consumo interno passou de 12 milhões para 18 milhões de sacas graças à melhoria da qualidade e do bom trabalho de marketing da indústria. As exportações por sua vez, nos últimos 12 meses, também saltou de 28 para 31 milhões de sacas. Só aí totalizando 49 milhões de sacas/ano.

Nossa produção média está bem abaixo disso, embora se fale que está sobrando café no mercado, o que acredito, senão não estaríamos vendendo nosso produto muito abaixo do custo de produção. Será que os blend´s consumidos no país são só compostos de café arábica e café conilon ou os mesmos contemplam outros produtos desconhecidos pelos consumidores?

Também afirmado: "... as rotulações existentes já trazem informações suficientes para orientar o consumidor" será que já são suficientes? E "não há como fiscalizar a composição elaborada pela a indústria". Será?

Em nenhum momento entendi que a APAC - Associação Paranaense de Cafeicultores está defendendo que a indústria vá processar apenas o café arábica em detrimento do conilon. Quem decidirá isso é o consumidor, após conhecer com mais propriedade as características de cada café e quanto está disposto a pagar por ele.

Talvez fosse mais prudente, antes de rebater a rotulação com tanta veemência e de tentar depreciar as qualificações do Dr. Ricardo Strenger Presidente da APAC, oportunizar esclarecimentos de forma impessoal sobre este assunto, inclusive com a participação de outros debatedores, para o enriquecimento cultural de todos nós leitores do CaféPoint.
NELSON BARRIZZELLI

ANDRADAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 29/09/2009

Como cafeicultor e estudioso do assunto, gostaria de parabenizar o Nathan Herszkowicz, Diretor-Executivo da ABIC, pelo excelente artigo referente à demanda de mais burocracia oficial em um país que já nos asfixia com poucas exigências razoáveis e muitas absolutamente estapafúrdias, simplesmente para alimentar um desnecessário exército de burocratas estatais.

Não tem mesmo nenhum sentido exigir "mais governo" através da fiscalização dos blends para melhorar a qualidade do café.

A ABIC tem feito grandes esforços nesse sentido, primeiro através do Selo de Qualidade e mais recentemente através do Programa de Qualidade do Café. Não podemos desqualificar esses esforços porque existem desvios de conduta por parte de alguns industrializadores do produto. Temos mais de 3.000 marcas de café espalhadas pelo país e não existe sistema capaz de fiscalizar uma-a-uma.

Em um país onde se falsifica remédios contra o câncer, o que se pode esperar de inescrupulosos torrefadores de café? Portanto, a má qualidade de produtos existentes no mercado não se deve nem à adição de café conilon ao arábica, nem à falta dessa indicação nos rótulos.

Se deve pura e simplesmente à prática nacional do "vale tudo por dinheiro".

A exemplo do que foi feito anos atrás no setor de propaganda, os industrializadores de café verdadeiramente sérios e interessados em oferecer ao mercado produtos de alta qualidade, deveriam, sob o abrigo da ABIC, formar um grupo de auto-regulamentação, capaz de estabelecer regras pelas quais os produtos ofertados possuem a qualidade prometida.

Atualmente, em alguns produtos que ostentam em seus rótulos "100% arábica", misturam-se grãos de qualidade inferior, "pretinhos", riados, escolha, entre outros. Esses "arábicas" não precisam de nenhuma outra espécie para piorar sua qualidade. Eles são ruins de forma nativa, pela má fé de quem os oferece ao mercado.

Pior ainda quando nesses rótulos aparece a designação "café gourmet - 100% arábica", como está se tornando cada dia mais comum. Existem no mercado produtos que ostentam a denominação GOURMET vendidos ao consumo por R$ 0,38 cada sache ou R$ 11,00 o quilo do grão. Até as pedras do terreiro sabem que esse valor não cobre nem o custo "café", nem das embalagens, quanto mais impostos, logística, despesas administrativas, crédito e margem de lucro.

Fica claro, portanto, que há muito a ser feito no mercado de café e não se pode esperar que a ABIC resolva sozinha todos os problemas do setor. É preciso que os bem intencionados da classe se juntem a essa Associação para, gradativamente, mostrar ao mercado como identificar o "joio" do "trigo" (desde que a própria classe seja capaz, primeiro, de identificar o "joio" que sobrevive no seu meio).
LUCAS LOUZADA PEREIRA

VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ESPÍRITO SANTO

EM 29/09/2009

Concordo plenamente com o Sr. Wagner Pimentel... os tempos são outros, de fato os cafés conilons tem seu espaço cativo no mercado mundial.

Aqui no ES muito se fala no Conilon "a menina dos olhos da cafeicultura"! Agora não dá pra dizer que comparações de qualidade entre conilon e arábica são as mesmas... o papel da Abic é correto, o consumidor que deseja optar por um produto 100% arábica deve procurar no mercado; tenho certeza que o mesmo encontrará... quanto aos blends, não vejo mau algum na mistura, uma vez que eles contribuem na distribuição de renda qualitativa entre o produtor, comerciantes, indústria e mercado final (consumidor).

É possível sim andar lado com os dois produtos, o que precisa ser revisto são as políticas de produção do café arábica...
WAGNER PIMENTEL

MANHUAÇU - MINAS GERAIS - TRADER

EM 29/09/2009

A produção mundial de café arábica e robusta somadas, segundo a OIC, fica em torno de 127 milhões de sacas e o consumo também seria em torno dos 130 milhões. Qualquer criança poderia notar que um não vive sem o outro. Se for somente industrializar café arábica não teria o suficiente para abastecer a indústria.

O café conilon e/ou robusta tomou o seu espaço, rende mais para indústria e custa mais barato pra ser produzido. Portanto, traz uma remuneraçao melhor para os produtores e para a indústria.

Sou produtor de arábica, mas sei que o futuro da cafeicultura passa pelo conilon e ele nao deve ser deixado de lado. Temos que entender que os tempos realmente são outros. Quem realmente manda no mercado é sua majestade, o consumidor.

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