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Quanto teremos de café disponível para exportação na safra 2012/13?

POR CESAR DE CASTRO ALVES

ESPAÇO ABERTO

EM 11/04/2012

4 MIN DE LEITURA

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Por Cesar de Castro Alves - Engº Agr. Analista da MB Agro - cesar@mbagro.com.br

Uma coisa que todo analista que gosta e acompanha o mercado de café pode é escolher qual número nas estatísticas de café gosta mais (ou odeia menos). O que não se pode é querer que estes números conversem entre si. É fato antigo que os dados oficiais de oferta e demanda de café do Brasil não batem no sentido de fechar as contas. Todavia ano após ano voltamos ao mesmo questionamento sobre qual número está mais errado. O limite dessa discussão é o surgimento de todo e qualquer número de produção, estoques e consumo, o que confunde os agentes do mercado, aumenta muito a especulação e penaliza os mais despreparados. Há instituições (inclusive com grande credibilidade) que acreditam seriamente que o Brasil deva colher próximo de 60 milhões de sacas neste ano. É número pra todo gosto e a falta de uma postura oficial por parte do governo sobre o status atual oferta e da demanda também dá espaço para mais assimetria de informação.

A pretensão aqui é explicitar essa diferença e jogar luz sobre este desvio, afinal alguém está errado. Além disso, seria formidável se pudéssemos no mínimo traçar possibilidades de cenários para o final do próximo ano safra. Quanto termos de café disponível para exportação até maio de 2013? O ano safra cafeeiro 2011/12 está terminando no Brasil, com os últimos lotes desta safra baixa sendo exportados. Embora rigorosamente o ano safra comece em 1º de julho, sabemos que é possível encontrar cafés disponíveis da safra nova antes deste início oficial do ano-safra.

Ainda que com bastante atraso, a Conab/Ministério da Agricultura nos informou que havia no país há pouco mais de um ano (precisamente no dia 31 de março de 2011), 11,345 milhões de sacas de café em estoque, ou seja, pouco antes da entrada da safra 11/12, que foi de 43,48 milhões de sacas segundo a própria Conab.

Para que o balanço interno de oferta e demanda seja o menos imperfeito possível, é preciso iniciar a conta a partir da entrada efetivamente da safra, de modo que não haja dupla contagem. Ao descontar do estoque (em 1º/mar/11) as exportações efetivas de abril e maio de 2011 (5,387 milhões de sacas) mais o consumo interno equivalente a dois meses baseado na Abic (3,283 milhões de sacas = 19,7 milhões de scs * 2/12 avos) chega-se a um estoque inicial 2011/12 de 2,674 milhões de sacas em 1º de junho de 2011. Uma vez "conhecido" o estoque na entrada da safra 11/12 poderíamos somá-lo à produção de 43,48 milhões de sacas e descontar o consumo interno (que a ABIC nos informou ter sido de 19,7 milhões de sacas entre out/10 e nov/11) e as exportações, que são registradas, não sendo portanto estimativas como é o caso da produção, dos estoques e do consumo. Se estes números estivessem corretos, não seria possível exportar entre 1/6/11 e 31/5/12 mais que 26,45 milhões de sacas, o que significaria uma queda de 23% sobre o mesmo período do ano anterior. Esta situação está exposta na hipótese 1 da tabela a seguir.



Ocorre que alguma estimativa oficial está errada, pois já exportamos este volume até o fechamento de março/12 restando ainda dois meses até a entrada da próxima safra. E é provável assistirmos mais dois meses de exportações ao redor de 2 milhões de sacas, o que somará quase 31 milhões de sacas exportadas, o que daria uma queda de 11% (não 23%) ante 2010/11.

Um segundo exercício supõe consumo exógeno, ou seja, não o conhecemos, sendo, portanto calculado, mas sabemos que as exportações (aproximadamente) serão de 30,8 milhões de sacas. Seguindo o mesmo raciocínio, para zerar o estoque no final de maio de 2012, não teríamos como ter consumido mais que 16 milhões de sacas. Notar que, neste caso, do estoque inicial do final de março/11, devemos descontar dois meses do consumo calculado (2,7 milhões de sacas), partindo, portanto de um estoque inicial de 3,291 milhões de sacas, como apontado na hipótese 2.

E uma terceira possibilidade (hipótese 3) seria desconfiarmos do estoque inicial, o colocando como exógeno no cálculo. Neste caso, considerando o consumo da Abic, e as exportações em 30,8 milhões de sacas, o estoque inicial teria sido de 7 milhões de sacas no início de junho de 2011 ou de 15,6 milhões de sacas em 31/3/11, que é comparável aos 11,345 milhões de sacas apontado no relatório de estoques privados de 2011.

Portanto, se não há equivoco no levantamento da produção realizado pela Conab (eu acredito que o menos imperfeito dos números seja este) e considerando ser impossível a primeira situação, temos duas possibilidades: ou o estoque (real) de 31/3/11 foi 4,3 milhões de sacas maior do que o informado, ou o consumo interno foi 3,7 milhões de sacas menor do que o levantamento da Abic. Um pouco de erro em cada um também é factível. Tendo a acreditar mais na hipótese 2, porém o mais importante seria termos uma opinião consistente dos órgãos oficiais sobre seu posicionamento em relação à demanda também, afinal do jeito que está uma coisa é certa: a conta não fechará.

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CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 20/04/2012

Prezados Guilherme e Cesar

Desculpem-me pela intromissão, mas tenho revelações nessa problemática em tela.

Cesar, mesmo a medida dos associados está inflada tendo em conta o forte movimento de F&A no segmento da torrefação. Aumentar virtualmente a quantidade processada confere maior valor à empresa em eventuais negociações envolvendo outras firmas.

A parcela da produção consumida nos cinturões produtores também está inflada. Tenho conhecimento que a ABIC adiciona 1 milhão de sacas para esse consumto, quando nossas pesquisas apontam para no máximo algo próximo das 200 mil sacas.

Somando tudo isso o palpite é bastante inflado e prejudica muitíssimo a produção de estatísticas de produção de café, pois os balanços de oferta e demanda nunca fecham.

Abçs

Celso Vegro
CESAR DE CASTRO ALVES

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/04/2012

Caro Guilherme,

Só eles podem nos responder.
Suponho que tenham uma boa medida dos associados e um palpite para os não associados.
GUILHERME AMADO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 19/04/2012

Um ponto que tenho dúvida: qual a metodologia utilizada pela ABIC para calcular o consumo interno no Brasil?
CESAR DE CASTRO ALVES

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/04/2012

Valeu Carlos.
Vamos juntos abrir as caixas pretas!!
Abraço
CARLOS EDUARDO DE ANDRADE

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 13/04/2012

Parabéns pelo artigo.

Estou escrevendo um artigo sobre o consumo e o estoque mundial de café, desde o fim do Acordo Internacional do Café (AIC) e o fim do Instituto Brasileiro do Café (IBC), que penso, irá complementar o seu. Em breve  enviarei o meu artigo para o CaféPoint publicar.
CESAR DE CASTRO ALVES

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/04/2012

Olá Celso,

Obrigado pelo comentário e pela ótima notícia do seu empenho nesta causa.

Não podemos continuar observando mudos pra sempre essas distorções.

Acho que o Mapa deveria ter um posicionamento consolidado sobre a demanda também, não só a oferta, como faz o USDA, por exemplo, ao divulgar mensalmente suas revisões de produção, consumo, estoques etc.

Nem seria preciso medir efetivamente o consumo interno, este nós tiramos por diferença, mas pra isso precisamos ter mais segurança sobre o levantamento de estoques. Ou que meçam bem o consumo que tiramos o estoque por diferença.

Saudações.

Cesar
SAMUEL HENRIQUE FORNARI

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO - SÃO PAULO - DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS (CARNES, LÁCTEOS, CAFÉ)

EM 12/04/2012

Boa observação Celso..

Compartilho dessa visão, que os números da Conab tem progressivamente melhorado e talvez grande parte do mercado ainda não tenha se dado conta disso, pois alguns analistas continuam simplesmente jogando 10% em cima dos números da Conab, torço e penso que isso está mudando. Parabéns pelo trabalho!!!
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 11/04/2012

Prezado Cesar Castro Alves,

As tentativas de construir balanços S&D sempre finalizam negativando estoques o que é um absurdo quando se trata de produtos físicos (no financeiro é possível ficar negativado e contar com crédito pré-aprovado). Em  um de meus artigos questionei os números da ABIC a partir de levantamento estatístico efetuado em SP em que contabilizamos menos de 20 mil sacas de consumo dentro das propriedades, projetando um erro de mais de 800 mil sacas na estimativa da ABIC que computa 1 milhão de sacas como consumo dentro das propriedades.

Da mesma forma creio que a estimativa de processamento dos não associados está inflada. Contabilizando os dois erros penso que os números da ABIC estão com 1,5 a 2 milhões de sacas acima do real.

Fico satisfeito de você estar entre aqueles que acredita no número da CONAB que pode e será progressivamente melhorado com o enquadramento de todos os estados produtores dentro de metodologia de levantamente estatística-probabilística estabelecida a partir de cadastros atualizados. Ainda este ano teremos um ganho de tenacidade nos números. Nisso estamos seriamente trabalhando.

Abçs

Celso Vegro

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