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Próxima safra de café do Brasil será grande ou pequena? Depende...

POR CARLOS EDUARDO DE ANDRADE

ESPAÇO ABERTO

EM 31/07/2007

2 MIN DE LEITURA

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Está sendo muito comentado a diferenciação floral desordenada nas lavouras de café. Este fato sempre ocorreu em menor ou maior escala, mas o clima era mais estável do que na atualidade. Desde que iniciei a trabalhar e estudar a cultura do café, em 1985, tenho observado este distúrbio fisiológico, que não é nada mais que uma resposta da planta às variações climáticas.

O que realmente está afetando as lavouras e poderá vir a trazer prejuízos incalculáveis e com efeito prolongado, podendo atingir até as safras futuras, muito maior do que o distúrbio fisiológico das floradas desuniformes, é o elevado déficit hídrico combinado com temperaturas acima das médias para este período do ano.

Tanto na Zona da Mata quanto no Vale do Rio Doce em Minas Gerais a última chuva significativa ocorreu em meados de abril. Também no sul de Minas, o déficit hídrico e as temperaturas estão acima das médias para este período do ano. Nos últimos dias choveu em torno de 40mm no sul de Minas e, na minha opinião, esta chuva não resolveu o problema de déficit hídrico e sim irá complicar ainda mais a situação, pois irá estimular as plantas a quebrarem a dormência e a abrirem florada em plena colheita, o que é altamente prejudicial às lavouras, pois se colhe muitas flores e botões, prejudicando assim a próxima produção.

Se esta situação de déficit hídrico, altas temperaturas e floradas precoces continuarem por mais uns 15 a 20 dias acredito que, tanto o abortamento quanto a colheita de flores, botões em estágios avançados e chumbinho, serão altos e, por consequência, a safra de 2008/2009 será afetada em uma percentagem bem elevada. A produção não alcançará nem 40 milhões de sacas e aí o "bicho irá pegar", pois qualquer produção no Brasil abaixo de 45 milhões de sacas para o próximo ano será um complicador para a manutenção da oferta de café ao mercado.

Por incrível que pareça até a presente data não vi em nenhum meio de comunicação um comentário sólido e embasado sobre as possíveis conseqüências para a próxima safra de café à respeito do elevado déficit hídrico e altas temperaturas para esta época do ano que as lavouras já estão sentindo. É bom os produtores estarem atentos a este fator, pois se isso acontecer, a escassez será eminente e o céu será o limite para os preços do café, principalmente se os produtores tiverem aprendido a lição de não trocarem café por papel, como fizeram nos meses de dezembro de 2006 e janeiro de 2007. Uma seca grande aconteceu em 1986 e os preços explodiram em 2005/2006. Só que naquela época havia estoque alto e mesmo assim a saca foi comercializada até R$ 350,00.

A maioria dos comentários são a respeito das floradas que, a meu ver, é um problema muito pequeno em comparação com o que poderá vir caso se confirme um déficit maior do que já está ocorrendo e caso não haja uma pluviosidade suficiente dentro do intervalo de tempo acima previsto a quebra de safra para o próximo ano já será irreversível.

CARLOS EDUARDO DE ANDRADE

Engenheiro Agrônomo, Mestrado em Economia Aplicada, Extensionista da Universidade Federal de Viçosa e produtor de café.

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ANTONIO ARNALDO DIAS

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 19/10/2007

<b>De: João Derlei Macedo</b>

Gostaria de parabenizar o ilustre e competente amigo, Carlos Eduardo de Andrade, pela belíssima matéria escrita sobre a queda da produção safra 2008/2009. Realmente a falta de chuvas e altas temperaturas trarão um perda incalculável na referida safra.

Tenho presenciado lavouras morrerem e outras com muitos botões, porém sem folha, isto significa caos na produção. Sou técnico agrícola e tenho visitado muitas lavouras na minha região, Araponga/MG, região onde grande parte das nossas lavouras estão acima de 1000 metros. Teoricamente, aqui a temperatura é mais amena, mesmo assim o que tenho presenciado é a grande perda de folhas pelos cafeeiros.

Também, boa parte abriram os botões florais, porém ocorreu o abortamento por falta de água na hora certa. Observei que mesmo com uso de irrigação tivemos um desequilíbrio de florada, pois a temperatura, muito agressiva, não favoreceu.

A verdade é: dependemos de um sistema de equilíbrio, tanto de chuvas, na hora e quantidade certa, quanto de temperatura ideal. Como não estamos tendo nenhuma das coisas, o resultado é perda e mais perda. Evidentemente, os preços futuros poderão ser excelentes, porém preço sem produto nada resolve para o produtor.

JOÃO CARLOS REMEDIO

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 03/08/2007

Parabéns pelo excelente artigo. Só fazendo uma pequena correção: na safra 1985/1986, a saca de café chegou a bater na casa dos 350 dólares americanos. Pena que poucos produtores aproveitaram! Naquela ocasião, o poder de compra do dólar era muito maior que hoje. Que fiquemos atentos! João Carlos Remédio.
LUIZ MARCOS SUPLICY HAFERS

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 01/08/2007

A discussão da safra do ano que vem já vem de longe. Os de sempre falam e muita gente acredita, em 60 milhões.

A minha opinião é de que a safra deve ser 90% da grande em 2002 que foi ,dizem, de 50 milhões, ou seja 45 milhões. Isso em condições normais.

À partir disso, o que tem correndo, mal ou bem, pode variar 10%. De qualquer maneira é pouco café. Se somada à esta, 30 milhões + 45 milhões = 75 milhões. Com a exportação e consumo interno já é evidente o aperto. Quero ver como vão usar/torrar conversa de safra grande.

Luiz Hafers
LENNART VEIGA DIAS

CARMO DA CACHOEIRA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 01/08/2007

Safra grande ou pequena.

Concordo com o comentário do Sr. Carlos Eduardo. Estou a mais de 25 anos na cafeicultura e nunca vi uma quebra de safra tão acentuada como esta.

Tivemos aqui no sul de Minas ano passado um déficit hídrico do tamanho deste que está acontecendo agora. Essa chuvinha que deu por aqui só caiu 15mm (médias medidas nos pluviômetros de 13 produtores na região).

Igual ao ano passado. Nossa chuva veio de uma vez só, quando caiu em fins de outubro e início de novembro, caiu quase 300mm (o dobro para o mês).

Já era tarde e foi aquela correria. Muitos estavam colhendo ainda, com aplicações de micros e macronutrientes por fazer o que nos deixou loucos, cafeicultores e cafeeiros, sem tempo para entendermos o que estava acontecendo e dar os tratos culturais devidos.

Frutos abriam "orelhas de onça" no meio das ruas por abanar, os cafeeiros sem chuva na hora certa, não sabiam se enfolhavam, se floriam, se arcordavam ou dormiam, seca e água em tempo e proporções erradas.

Hoje (1º de agosto, estamos aqui com uma média de 3 a 4 graus já há 3 dias nas madrugadas com geadas embaixos), e nem um pingo d´água e sem previsão de chuvas para os próximos meses, segundo Climatempo, Procafé, Somar e outros. Pelo contrário, preveem mais seca.

Quando vimos num ciclo de safra baixa tamanha queda? Estamos acabando a colheita e estive conversando com nosso gerente da Minasul aqui, e segundo ele, neste período ano passado, nossos armazéns estavam com aproximadamente 100.000 sacas e até agora estamos com 20.000.

Na Cocatrel, em proporção, ocorre o mesmo. Na Mogiana e região de Garça já terminaram a safra e a queda foi de 70%. Isto não é e nunca foi normal.

O Sr. Carlos Eduardo fala como Doutor no assunto como estudioso que é, eu falo embasado na minha cabeça que está branqueando, na minha experiência de tantos anos de cafeicultor, eu vejo a natureza, os sinais, os ventos, os Ipês florirem na hora certa (o que já não acontece mais).

A combinação de falta de chuva, do calor intenso e agora desse frio intenso aqui no sul de Minas Gerais (a sensação térmica chegou a 5 graus negativos, ainda que por poucos dias) será sim um fator que deixará o mercado em apuros.

Quanto aos meios de comunicação, publiquei ano passado no Peabirus um artigo sobre a colheita atrasada e a "panha" de flores e a loucura dos cafeeiros por aqui. Não houve repercussão nenhuma, a não ser da TV Alterosa que fez uma reportagem em minhas lavouras, que pelo jeito só foi vista por aqui e por um pesquizador que disse que era um "problema localizado" e só.

Eles estão preocupados demais com os estoques, com o mercado de NY, com marketing com a agricultura sustentável, com a nova ordem da cafeicultura mundial, assuntos mais importantes do que com um cafeeiro doido sem saber se é tempo de florir, enfolhar ou frutificar.

Deveriam divulgar mais o olhar sem "bagagem" do cafeicultor sem acesso à TV mas preocupado com seu ganha pão. Teriam previsto esta quebra, e poderiam divulgar o caos que virá (para o mercado que trabalham). Graças a Deus.
CESAR GALLI

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 31/07/2007

Alguns analistas trabalham com previsão de 55 milhões para a próxima safra. Qualquer número abaixo disso significa alta nos preçoos.

Os fatores mencionados no artigo permitem uma avaliação inferior a isso. Pergunto, entretanto, se as chuvas e o frio dos últimos dez dias não afastam a previsão tenebrosa de 40 milhões de sacas?

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