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Os custos de produção brasileiros podem criar um piso de preços para o arábica?

POR CARLOS HENRIQUE JORGE BRANDO

ESPAÇO ABERTO

EM 12/11/2013

3 MIN DE LEITURA

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Considerando que o Brasil é um dos mais eficientes e competitivos produtores de Arábica do mundo, que o país é o principal produtor deste tipo de café e que o Arábica brasileiro é vendido com desconto em relação ao mercado futuro da ICE em Nova Iorque, os fundamentos indicam que o custo médio de produção de Arábica no Brasil deve estabelecer um piso de preços para que a oferta futura seja assegurada. Vamos avaliar os números para ver se isto é verdade.

Uma análise da P&A dos custos publicados de produção de Arábica no Brasil, indica que a média simples, não ponderada, para todas as regiões está por volta de R$350 por saco, bem próximo do custo publicado pelo Ministério da Agricultura, de R$343. Este custo inclui depreciação, investimentos em terra, plantação e infraestrutura e a remuneração do produtor. A média dos custos diretos – desembolso –, que excluem os itens já mencionados, está por volta de R$280. Como os preços internos no Brasil estão agora abaixo de R$240, portanto, menores, que os custos diretos, mesmo se levarmos em conta os diferenciais brasileiros contra a ICE, podemos concluir que os custos de produção brasileiros não estabeleceram um piso de preços para o Arábica.

Porém, ainda pode ser cedo para chegar a tal conclusão. Primeiro, o nível de preços em que os produtores estão definitivamente perdendo dinheiro já foi alcançado e a reação natural a preços baixos – diminuição do uso de insumos, tratos culturais insuficientes, diversificação e abandono – será intensificada. Segundo, os resultados dessas ações não serão sentidos imediatamente mas sim na próxima safra e, especialmente, na seguinte à ela. Terceiro, para o maior e mais eficiente produtor de Arábica continuar produzindo e até mesmo aumentar a produção em reposta à demanda crescente, os preços terão que se recuperar e mover pelo menos acima dos custos diretos de produção. Quarto, uma vez que a demanda futura privilegiará o Robusta, o aumento nos preços não precisará ser alto para recuperar perdas que parecem iminentes e para incentivar a expansão da produção, necessária para atender o crescimento do consumo.

Analisando a situação atual sob uma perspectiva diferente, entre 2001 e 2004 os preços na bolsa de Nova Iorque, em dólares americanos, foram os mais baixos da história recente. Mas naquela época custos mais baixos de produção e a taxa de câmbio favorável garantiram a lucratividade, como foi demonstrado pela expansão da produção brasileira. Claramente, este não é o caso hoje, com uma moeda que permanece supervalorizada e, mais importante, custos de produção impactados pela inflação do período, especialmente no que diz respeito à mão-de-obra, que se beneficiou da enorme escalada de salários em termos reais. Novamente, se for para a produção brasileira de Arábica expandir para atender à crescente demanda, ao invés de encolher, os preços do café, em dólares americanos, não podem cair mais a médio prazo.

A análise acima indica que os preços do Arábica, em dólares americanos, podem cair ainda mais no curto prazo. No entanto, é pouco provável que cheguem perto dos níveis de 2002 e, ainda, eles terão que se recuperar a níveis atuais e mesmo acima em um ou no máximo dois anos, a fim de superar os custos de produção no país mais competitivo do mundo. A intensidade da recuperação pode ser mais rápida e/ou mais forte se a mudança do Robusta em direção ao Arábica nos “blends”, que começou recentemente, mantiver ou intensificar seu ímpeto. É também provável que a recuperação dos preços seja mais forte quanto mais demorar para começar porque os impactos negativos na produção serão maiores.

As previsões racionais e de bom senso acima, baseadas em fundamentos do mercado, podem não ocorrer como resultado de fatores exógenos, tais como flutuações dos mercados financeiro e de outras commodities e da taxa de câmbio dólar-real.

ARTIGO EXCLUSIVO | Este artigo é de uso exclusivo do CaféPoint, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem prévia autorização do portal e do(s) autor(es) do artigo.

CARLOS HENRIQUE JORGE BRANDO

Engenheiro civil pela Escola Politécnica da USP; pós-graduação à nível de doutorado em economia e negócios no Massachusetts Institute of Technology (MIT), EUA; sócio da P&A Marketing Internacional, empresa de consultoria e marketing na área de café

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CARLOS MACHADO JUNIOR

RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 25/11/2013

srs.

boa tarde.



o preco minimo do cafe é o seguinte: preco do adubo / 5 .



nao dura mais que um ano nessa condicao.



tambem nao dura mais que um ano com: preco do adubo / 2,5



entao gente esquece em querer acertar o preco de fundo do poco ... vao bora trabalhar que isso a gente sabe fazer o resto é so especulacao e falatorio.
RENATO H. FERNANDES

TEIXEIRA DE FREITAS - BAHIA - COMÉRCIO DE CAFÉ (B2B)

EM 18/11/2013

Caro Carlos,



Concordo que o custo de produção do arábica brasileiro já esteja servindo de piso para a cotação internacional do café.



No diagnóstico da cadeia produtiva do café da Bahia que realizei, em 2010, ficou muito clara a concentração da produção num número pequeno de produtores que detém acesso aos fatores determinantes da competitividade, quais sejam escala de produção, uso intensivo de mecanização, uso de irrigação, gestão eficiente da pós-colheita gerando produto de boa qualidade, acesso e utilização de ferramentas de trava de preços (o que é propiciado pelos demais fatores).



Segundo dados do Censo Agropecuário 2006, menos de 1% dos produtores baianos, que possuem área maior ou igual a 100 ha, produzem cerca de 50% do café do estado. Não creio que tal nível de concentração seja regra para o país, mas não me resta a menor dúvida de que a produção de café no Brasil se concentra cada vez mais nos produtores mais competitivos (que detêm acesso aos fatores supra-citados) e que a média de custo de tais produtores, e mesmo a média ponderada de custo de produção do café do Brasil, ficam muito abaixo dos valores citados em seu artigo.



Os principais concorrentes dos inúmeros produtores que estão enfrentando dificuldades financeiras nos atuais níveis de preço são os produtores brasileiros mais competitivos. São eles que fazem com que o sarrafo suba continuamente! Para eles, a atual conjuntura de mercado continua atraente, mesmo porque, graças às travas de preço (em setembro passado produtores baianos buscavam travar café da safra 2014/15 a R$ 400,00/sc) vendem pequena parcela de sua produção nos níveis mínimos de preço.



Reafirmo que o grande desafio que se apresenta à cadeia produtiva do café do Brasil é disseminar o acesso aos fatores determinantes da competitividade. Gritar a crise a altos brados (e mesmo cometer absurdos como fechar estradas) só terá alguma efetividade se isso levar ao estabelecimento de uma nova governança da cadeia, capaz de enfrentar esse enorme desafio.



Boa sorte a nós todos! E que tenhamos firmeza de propósito e serenidade para tal!
JOSEPH CRESCENZI

ITAIPÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 18/11/2013

O custo de produção é sempre uma força para controlar excessos na produção de qualquer commodity.

E é a força mais danosa. Alcançado níveis de preço que inibem a sustentabilidade, esta força econômica age como uma ceifa no joelho do produtor.

As ações governamentais tem sempre focado em prover mais recursos, e ainda subsidiados, aos produtores - estimulando a superoferta. Não é a primeira vez que o governo financiou, portanto criou, a crise da cafeicultura. O resultado está em foco hoje.

O governo pode sim ajudar. As políticas de apoio ao produtor devem ser preestabelecidos no longo prazo.

Uma política desenvolvido para restringir a oferta de recursos quando os preços de mercado estão acima do custo de produção, é o primeiro passo. Preço alto, profissional tem recurso próprio.

Uma política de manutenção de estoques reguladoras com preços de PUT no nível de custo de produção, ou até um pouco abaixo, não um preço que garante lucro ao produtor.

O mercado internacional deve entender que os estoques reguladoras serão sempre da safra em curso(temos a capacidade para "Rolar Estoques"), e que o preço de venda será sempre com preço mínimo baseado na média das exportações das últimas 3 safras.
MARCOS CARVALHO

CABO VERDE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 15/11/2013

Um texto muito bom para refletir e analisar !!!!!!!
JOSÉ ARMANDO NOGUEIRA

BONITO - BAHIA - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 13/11/2013

Talvez o peso emocional, do qual não podemos nos livrar, crie uma resistência difícil de ser vencida para criticar ou elogiar o artigo. Ele até parece cheio de lógica de mercado. Mas a realidade de se vender um produto sabidamente de qualidade, despolpado, bebida mole por 250 reais é de deixar qualquer cristão enraivecido. O que precisamos é reinventar  a política de café. E ela passa longe de governos. Se produzimos, criamos um fundo como o Funcafé, quem deve administrar isso senão os produtores? No entanto, tudo isso fica na mão dos chupins, que nada fazem a não ser criar dificuldades para vender facilidades, como costumam se apresentar, sobretudo, nas eleições, como salvadores da pátria. Mudando de pato pra ganso sem sair do assunto. Por que a indústria do cinema prosperou nos últimos 100 anos nos EUA. Por que sempre esteve na mão da iniciativa privada. Por que produzimos em quantidade e qualidade o melhor café do mundo e temos de cair de quatro para as bolsas do mercado e os tubarões de governos? Porque tudo está nas mãos de quem pensa em política 24 horas por dia, e não põem o pé na roça, na lama, na chuva, nos custos dos fretes, estradas, mão de  obra exigente e despreparada, insumos com preços galácticos. Ora temos que passar a comandar esse circo sob pena de termos que baixar o pano antes da próxima sessão!
AUGUSTO COMUNIEN

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 13/11/2013

Vamos ajeitar o eixo da Lua. Bonito e complexo artigo.Vamos plantar mais café com custo próximo a zero para suprir as necessidades do estrangeiro.. Coitadinhos, afinal lá não dá café,e se desse, nos custaria no minimo 500 dolares a saca de 50 kg. Abraços a todos.
JOSÉ RONALDO DE C. MENDES FO (RONY)

ESPÍRITO SANTO DO PINHAL - SÃO PAULO

EM 13/11/2013

Meus Parabéns, ótimo artigo!

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