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O que a OIC está nos dizendo? Análise parte 2 - Cesar de Castro Alves

POR CESAR DE CASTRO ALVES

ESPAÇO ABERTO

EM 13/02/2012

5 MIN DE LEITURA

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Por Cesar de Castro Alves - Engº Agrônomo. Analista da MB Agro - cesar@mbagro.com.br.

A Organização Internacional do Café apresentou na segunda semana de fevereiro seu primeiro relatório do ano de 2012, referente ao mês de janeiro. Apenas para lembrar, no relatório anterior (dez/11) a instituição fez uma notável correção para cima, em 3,8 milhões de sacas na oferta global do ciclo 2011/12, levando a estimativa para 132,4 milhões de sacas. 90% deste ajuste decorreu da revisão da produção da Etiópia. Todavia, já no relatório de jan/12, voltou-se a alterar a estimativa da Etiópia, agora retirando 1,5 milhões de sacas da estimativa de dez/11, o que significa dizer que a produção etíope agora está projetada em 8,3 milhões de sacas.



A instituição também apresentou ajustes nos estoques de café dos países exportadores em 2010, em relação ao que havia apontado em abr/11. Estimava-se em abr/11 que o estoque em 2010 havia sido de 13 milhões de sacas, enquanto agora consideram 18,5 milhões de sacas em 2010. Já para 2011 apontou-se 17,4 milhões de sacas, uma queda de 6,0% sobre 2010. Interessante perceber a evolução de 19,8% nos estoques de robusta, o que compensou parte da queda de 14,2% dos naturais brasileiros. Estes dois grupos significam 95,4% do estoque total de 2011.



Outra novidade foi a sinalização de desaceleração do consumo em 2011, devendo ter sido de 136,5 milhões de sacas, ou 1,1% maior que o de 2010 (135 mm sacas), quando o mesmo cresceu 2,4% sobre 2009. Realmente o consumo tem mostrado incrível resiliência, já que continuou crescendo mesmo com a forte alta da matéria prima (e também ao consumidor final) além do complicado ambiente macroeconômico especialmente nas economias desenvolvidas. A OIC destacou o sólido crescimento do consumo nos mercados emergentes, especialmente no Brasil e na Índia. Esta situação não deverá mudar em 2012.

Posto isso, cabe analisar o efeito dessas revisões no balanço mundial de oferta e demanda 2012/13, ano safra que ainda nem sequer começou no Brasil, mas que o mercado já presta atenção. No artigo que escrevi no mês passado, tentei mostrar que os últimos números da OIC sugerem que a relação estoque/consumo em 12/13 poderá voltar ao nível anterior ao da alta dos preços (10/11), bastando um leve aumento nas ofertas dos demais países produtores, já que o Brasil poderá colher até 53 milhões de sacas neste ano, segundo a Conab. O quadro abaixo ilustra esse cenário, considerando a eventual desaceleração do consumo em 2011, apontado pela OIC. Supõe-se ainda nesta simulação que o consumo em 2012 voltará a crescer 2,0%.



De maneira análoga, esta simulação também nos mostra que, caso o Brasil colha dentro da média dos limites inferior e superior da primeira estimativa da Conab, ou seja, 50,6 milhões de sacas e supondo que o consumo mundial volte a crescer 2,4% como há dois anos, será necessário um aumento de 5% nos demais produtores para que a relação volte aos 24%.



Isto quer dizer que há condições de uma leve recomposição de estoques mesmo que o consumo siga evoluindo. Assim como qualquer estimativa, inúmeros fatores imponderáveis levam a revisões das projeções, como a OIC faz rotineiramente. E é bom que o faça, pois indica que as alterações das expectativas estão sendo captadas.

Mas e o quadro interno de oferta e demanda? O que podemos esperar até a entrada da safra? Aqui a situação é mais complicada já que o estoque de passagem na entrada do ano safra (Jun/12) será nulo. A Conab nos informou no último levantamento de estoques privados que em 31/3/11 havia no país 11,3 milhões de sacas, sendo 81% dessa quantidade privado e o restante estoques do governo.

Apesar das críticas, não dispomos de números oficiais de estoques internos mais seguros que este. Como este estoque se referiu a dois meses antes da entrada da safra 11/12 (43,48 milhões sacas) este mesmo estoque em 1º/jun/11 já havia caído para apenas 2,675 milhões de sacas, ou seja, descontando as exportações e o consumo interno de abril e maio de 2011, que somaram 8,7 milhões de sacas. Esta conta simples sofre da imperfeição da medida do consumo interno que é anual e referente ao período nov/out. Ou seja, diferentemente das exportações que conhecemos os números mensais, a estimativa mensal do consumo é basicamente o que a Abic nos informou (19,7 mm sacas) dividido pelos doze meses.

O quadro abaixo nos mostra que, as 2,7 milhões sacas do estoque inicial (jun/11) somadas a safra 11/12 (43,48) mais o crescimento das importações, (21% de jun/11 a jan/12) significam uma oferta total de 46,2 milhões de sacas. Do lado da demanda, se continuarmos consumindo 1,6 milhões de sacas/mês, até a entrada da safra 12/13 (jun/12), teremos estoques zerados em jun/12 e somente 26,5 milhões de sacas para exportação (jun/11-mai/12). E já se foram 21,9 milhões de sacas segundo o Cecafé (jun/11-jan/12), restando "em tese" apenas 4,5 milhões de sacas para mais quatro meses de exportação até o final de maio, ou 1,13 milhões de sacas/mês. Caso as exportações excedam 26,5 mm sacas, o consumo está superestimado ou os estoques estão mal levantados, obviamente supondo que o tamanho da safra foi mesmo de 43,48 milhões de sacas em 11/12. É difícil trabalhar com estatísticas que não fecham e números anuais de estoque e consumo, porém infelizmente é o que temos.



O quadro ainda mostra que se a safra 12/13 for de 50,6 (média dos limites da Conab e recorde histórico) e o consumo interno não desacelerar, ainda assim não conseguiremos exportar as 31,2 milhões de sacas que escoamos em 2010/11, apenas recuperaremos o volume que cairá neste ano.

Tudo isto leva a crer que: 1) Até a entrada da safra 12/13 em meados do ano a disponibilidade interna será crítica; 2) Mesmo com safra recorde, será difícil sustentar o ritmo de crescimento das exportações, salvo se tivermos queda do consumo interno, o que parece improvável, dadas as condições previstas de emprego e renda para este ano; 3) No balanço mundial, para que tenhamos alguma recomposição de estoques ao longo do ano 12/13 precisaremos de condições climáticas que permitam o aumento das ofertas dos concorrentes, como sugere ser necessário nas simulações. Todavia esta situação pode acontecer e isto tem sido considerado por poucos analistas. Eu não subestimaria a capacidade de resposta ao estímulo de preços em outros países. Acredito também que é ilusão achar que os preços continuarão subindo até que o estoque mundial se recomponha substancialmente.

Além disso, não podemos esquecer que uma eventual piora do encaminhamento da crise de dívidas européia poderá manter os fundos fora do mercado simplesmente pela aversão ao risco, o que em curto prazo poderia manter o preço internacional sem força de alta. E a direção do câmbio será um componente central no preço interno. O que vimos nos últimos meses foi um esfriamento do preço externo e uma razoável valorização do dólar frente ao real, o que manteve o preço interno relativamente firme, porém, desde o início do ano, o real voltou a se fortalecer sem a contrapartida do preço em NY, o que se traduziu em queda do preço em reais.

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SAMUEL HENRIQUE FORNARI

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO - SÃO PAULO - DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS (CARNES, LÁCTEOS, CAFÉ)

EM 13/02/2012

Concordo plenamente senhores, impossível trabalhar com esses números. Basta retroagir um pouco e perceber que os números de estoques privados e produção divulgados pela Conab são absurdos. Pelos números da Conab nossa exportação já teria se esgotado a muito tempo. O problema é que tais números, e outros mais absurdos ainda, muitas vezes vindos de entidades que deveriam ajudar o produtor como a Sincal, ano passado falavam em safra de 32-35 milhões, quando todos sabemos que foi de pelo menos 43 milhões. Esses números induzem a cadeia a tomar decisões erradas, como talvez, possível aumento de plantio. A Conab parece estar tentando aos poucos corrigir tal distorção e esse ano mostra bem isso. Parece nítido que nossa safra 2012 será menor que a de 2010, mas para a Conab ela será recorde...pois em 2010 a conab falou em 48 e o mercado sabe que foi algo entre 53. De qualquer forma, não existe grandes excessos de café e o consumo se mantém firme. Fico com a frase do amigo Celso: " Lamentavelmente ainda não se criou nesse país a cultura de estatísticas de safra como bem público e imprescindível para o bom andamento dos negócios privados".
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 13/02/2012

Prezado Cesar Castro Alves,

Sua análise é precisa e demonstra toda a dificuldade que os analistas de mercado enfrentam rotineiramente para elaborar seus cenários. Lamentavelmente ainda não se criou nesse país a cultura de estatísticas de safra como bem público e imprescindível para o bom andamento dos negócios privados.

Outras dificuldades se somam ao cenário pautado por fundamentos. O que será da fragil economia européia? A crise grega vai contaminar a Espanha? É possível imaginar uma retomada no Japão? Que problemas estruturais enfrenta a Colômbia para que não consiga mais repetir as safras de 10-11 milhões de sacas?

Ao agregar mais esse conjunto de elementos na produção de cenários a complexidade ganha tal dimensão que o acerto passa ser uma questão de casualidade.

Grande abraço

Celso Vegro

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