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Desafios do campo

POR XICO GRAZIANO

ESPAÇO ABERTO

EM 15/04/2014

3 MIN DE LEITURA

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Convidaram-me os agricultores do Norte do Paraná para falar sobre os desafios da agricultura nacional. No recinto da famosa ExpoLondrina arrolei, entre tantos, seis deles. Para cada um apontei alguns caminhos de solução. Ao final do encontro, após intenso debate, saí com uma certeza: na desventura da política mora a angústia do produtor rural.

Aqui os seis grandes desafios no campo:

1) Manutenção da renda agregada.

Crescentemente, na economia agrária, grandes conglomerados se formam, dominando preços e comprimindo a renda do agricultor. Seja na indústria processadora, que compra produtos agropecuários, seja nas empresas que fornecem insumos e máquinas, verifica-se uma concentração de poder que estrangula a rentabilidade agrícola. O produtor rural compra caro e vende barato.
Como poderiam os agricultores escapar dessa perversidade econômica? O cooperativismo e o associativismo configuram, com certeza, uma boa saída. Pequenos, juntos, ficam fortes, negociam em condições mais paritárias. Numa visão social-democrata, o Estado também deveria intervir, zelando pela livre concorrência. Caberia um Cade para regular os agronegócios.

2) Instabilidade da renda.


Típica da produção rural, que sofre perdas devidas às catástrofes naturais - seca, chuvarada, granizo -, a insegurança da renda agrícola, no Brasil, ademais é afetada pelas erráticas políticas de governo, que mudam ao sabor do vento. Anunciam-se planos de safra anuais, refletindo sempre uma visão de curto prazo. Vive-se o presente sem perspectivas futuras.

Que fazer contra essa inconstância? Seguro rural, sem dúvida, auxilia, cabendo ao governo subsidiar o oneroso prêmio. Ter atitude previdente, coisa rara no agricultor brasileiro, também parece bom conselho. Importante mesmo, porém, será a construção de uma verdadeira política agrícola que ofereça as regras, no mínimo, quinquenais, quiçá decenais, para a economia rural. Aí, sim, com planejamento estratégico, se vislumbrará o longo prazo.

3) Sustentabilidade no campo.

A agenda socioambiental chegou para ficar na roça. Produzir sem depredar agora se impõe. O novo Código Florestal consolida a produção tradicional e, por outro lado, exige absoluto respeito às matas ciliares e aos remanescentes de florestas. Certificação de boas práticas agrícolas, bem-estar animal, conservação do solo, manejo integrado de pragas e doenças, qualidade da produção: época da qualidade total.

Goste-se ou não, pouco adianta brigar contra a agenda ambiental, senão adotá-la como sua. Assim procedendo, tendo atitude proativa, se vencerá facilmente tal desafio. O desenvolvimento tecnológico será fundamental, necessário para casar a elevada produtividade com o preceito ecológico. Basta ver o plantio direto, técnica revolucionária que salvou o Cerrado nacional da erosão.


4) Segurança jurídica.

O País parece precisar de uma nova Lei de Terras, a exemplo da que, em 1850, estabeleceu a propriedade privada no campo. Até hoje enormes regiões padecem das incertezas sobre a titularidade de seus imóveis rurais, glebas duvidosas, devolutas, que não conseguem registro em cartório. Além dessa fraqueza fundiária, surgiram conflitos pela posse da terra, protagonizados por indígenas, quilombolas, fora as invasões de terras que, num piscar de olhos, roubam a fazenda herdada dos avós.

Para enfrentar tais vicissitudes resta aos agricultores exigir firmeza do poder público, o único capaz de apaziguar o campo. O Incra, tão desprestigiado, deveria reinventar-se num poderoso "Instituto de Terras" e promover, de uma vez por todas, numa espécie de "rito sumário", a regularização fundiária do País. Todos fumariam o cachimbo da paz.

5) Logística e infraestrutura.


Ferrovias inexistentes, hidrovias no papel, portos entupidos, estradas esburacadas, fretes caríssimos, burocracia exagerada, telecomunicações lerdas, tudo conspira contra a produção rural, especialmente a que se aventura nas distantes fronteiras do Centro-Oeste. Deficiências banais no armazenamento e no transporte de cargas roubam a competitividade do agronegócio.

Nesse caso, existe apenas uma saída: o governo investir, aceleradamente, nos corredores de desenvolvimento. Apostar na interiorização da Nação.

6) Imagem na sociedade.

Entre tantos desafios, este rouba o brilho do campo e rebaixa a autoestima do agricultor. Influenciada pela imagem trazida do passado escravocrata e latifundiário, a sociedade brasileira pouco valoriza seus agricultores. Na Europa, ao contrário, eles representam o esteio antepassado; nos EUA, orgulhosamente, são tratados como pioneiros. Aqui, viraram ruralistas. Quase um palavrão.

Como vencer esse terrível desafio? A bola, nesse caso, quica nos pés do agricultor. Acertar a linguagem, fugir dos discursos antigos, renovar as lideranças, melhorar sua representação política, isso é essencial. Ter novas atitudes, promover os jovens, conectar-se com a sociedade, tudo fundamental.

Desafios existem para ser sobrepujados. Uns dependem de nós e outros, nem tanto. No caso da agricultura brasileira, algumas lições precisam ser vencidas pelos próprios produtores. Mas a maior parte das tarefas recai no âmbito do governo. E depende de decisões políticas. Aí a porca torce o rabo.

Pela primeira vez em 54 anos, nenhuma autoridade do governo federal participou da inauguração da ExpoLondrina. Solenidade que já contou, inúmeras vezes, com a presença de presidentes da República, desta vez nem o ministro do ramo nem representante compareceram. A ausência reflete o descaso pela agropecuária do Paraná.

Os produtores chatearam-se. Mas prometeram reagir. Ventos da mudança sopravam por lá.
 

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JOÀO ALVARENGA

CANDEIAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 22/04/2014

Pois é meus amigos então vamos deixar a retorica e tomar uma atitude, Vocês não gostaram da ideia de desencadear uma campanha? Basta que nos demos chute inicial. Que tal começar pelo facebook? Sugiro que o nosso colega Nelson Pereira redija um texto conclamando o AGRO a não reeleger ninguém nas próximas eleições. Se aluguem for contra esta campanha manifeste, por favor, mas traga outra sugestão o importante e não ficarmos inertes.

Um grande abraço a todos

Joaoapcandeias@hotmail.com
MÁRCIA SILVA PINTO E SOUSA

POMPÉU - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/04/2014

Excelente artigo!!



Fico triste em saber que somos tão desvalorizados.... e somos nós produtores rurais que salvamos, diga-se de passagem, mais uma vez, o PIB brasileiro de fechar no vermelho. Nós sustentamos o país: produzimos para alimentar a crescente população mundial! E somos marginalizados, somos as piores pessoas do mundo... Somos os que mais poluímos, mais desmatamos... As leis são duras para nós produtores, e mesmo assim tentamos cumpri-las, demora-se, dependendo da região, até 2 anos para se conseguir uma outorga... e a gente espera.... pacientemente...

Vendemos nosso leite sem sabermos quanto iremos receber, e quando recebemos, este mal dá para pagar as contas... Na agricultura, somos "fera", produzimos bem e com qualidade, e quando vamos transportar nossos produtos temos frete caro e estradas ruins....

Desculpem o desabafo, mas a cada dia que passa fico mais desacreditada no nosso governo. Sobrevivemos a todas as intempéries, porque somos bravos, fortes, teimosos e principalmente: temos a esperança que um dia seremos respeitados.



Abraços a todos!
NELSOMAR PEREIRA FONSECA

MUTUM - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/04/2014

Prezado Xico e demais debatedores. O Xico mostrou em poucas palavras o descaso de nossos governos, pois vejo que o grande problema do descaso esta em todas as esferas, Federal, Estadual e Municipal. Quantos são os novos candidatos? Quais são os novos que realmente apos serem eleitos estão dispostos a defender a nossa bandeira? dizem que depois que ganham também viram os mesmos políticos que la estão, porque são pressionados. Precisamos de fazer movimentos regionais, distritais, para podermos elegermos gente, gente que irá realmente nos representar em todas as esferas. Hoje só vemos os mesmos candidatos, prefeitos, vereadores, deputados, senadores, governadores, presidentes, que depois que entram querem continuar, gastando tubos de dinheiro para se reelegerem, ou fazerem os seus sucessores, para continuarem no poder, e nós somos os mais culpados pelo retorno deles, pois continuamos votando neles, mesmo sabendo de seus passados, mesmos os mais vergonhosos, como desvios de verbas, acordos, roubos e etc...começando pelas bases. Temos políticos sérios, pessoas que realmente querem o desenvolvimento, mas que não conseguem aparecerem, o trabalho é muito bom mas não da ibope, é pouco divulgado, poucas pessoas ficam sabendo e dificilmente se reelegem ou tenham apoio para as próximas eleições, produtor rural precisa é de estradas boas para transportar a produção e insumos, educação dos filhos e segurança, pois hoje temos que estar vigiando 24 horas a produção, animais e máquinas, e os ricos de sequestros.

Realmente temos que aplaudir de pé os nossos heróis, como disse o Leonardo e outros debatedores, pois as nossas propriedades estão ficando abandonadas, não temos mais aquela mão de obra farta que tinham, na época de nossos avós, nossos pais,  e  são raras às família que tenham um sucessor no campo, as casas existentes estão abandonadas, e o êxodo rural só aumentando, pois na cidade parece que o dinheiro é mais fácil, e os "bolças"estão mais fáceis, um aposentado na família, ou emprego em uma prefeitura torna-se um grande atrativo, pois os políticos que chegam ao poder, cumprem as promessas do voto, e empregam sem concursos, mesmo sabendo que correm "riscos", mas o processo é lento e as nossas câmaras de vereadores também estão na mesma visão de acordos e reeleição.

Exposições agropecuárias no interior é motivo de festa, são realizadas somente com uma visão artística, onde paga-se milhares de reais por apresentação de  uma hora e meia a duas horas, e em um concurso leiteiro ou premiação de uma raça apresentada chega a ser insignificante, apenas troféu barato ou poucos reais que não cobrem nem as despesas de transporte dos animais, alimentação etc.

Nelsomar Pereira Fonseca.
LEONARDO LUCAS DA SILVA

DIONÍSIO CERQUEIRA - SANTA CATARINA - ESTUDANTE

EM 17/04/2014

Realmente temos que aplaudir de pé nossos agricultores, são uns verdadeiros heróis, pois são os únicos no mercado que compra e vendem sem botar preço. E mesmo assim estão no campo batalhando por um futuro melhor de suas famílias, alimentando a população e ainda pouco valorizado pela sociedade. A palavra "colono" é infelizmente quase uma ofensa. Esse cenário precisa mudar em todos os âmbitos. Ótimo artigo que relata a infeliz realidade.
JOSÉ HESS

CURITIBA - PARANÁ

EM 16/04/2014

Nas próximas eleições temos de refletir muito bem nos candidatos presidenciais, pois serão mais 4 anos de prestigio ou não a classe produtora,  e temos de exigir compromissos claros com a nossa produção rural e as políticas favoráveis ao produtor rural.  
ADALBERTO ANTONIO DE OLIVEIRA

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/04/2014

Parabéns pela matéria, expõe com clareza a situação da produção no campo, a fragilidade de nossa organização, a vergonhosa representação politica que temos. Lança desafios que unidos haveremos de vencer  essas barreiras e estabelecer uma verdadeira política agrícola para nosso País !!!
JOSÉ RICARDO OZÓLIO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 16/04/2014

Brilhante provocação alicerçada por um texto bem redigido. Carecemos de conhecimentos sócio-políticos e isso se aplica a grande maioria da população brasileira. Num país onde quem produz é levado a se sentir culpado e nem por isso deixa de pagar os impostos é deprimente. Temos que criar um novo paradigma para o Campo, e antes de tudo sabermos que Campo é este real, desejado e sonhado. Acredito que por meio de reflexões como as feitas neste texto contribuirá e muito para um novo olhar.
ANDRÉ GONÇALVES ANDRADE

ROLIM DE MOURA - RONDÔNIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/04/2014

É Misael e Darlani, e isso e ano de pleito eleitoral. Imaginem depois!?



Parabéns pela reflexão Xico. Muito oportuno.

Como diria Renato: "que país é esse?"
MARIA DOROTEIA MOREIRA COSTA

SANTA RITA DO SAPUCAÍ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/04/2014

Excelente matéria! Mostra realmente a nossa realidade!

E a necessidade de mudança... Sozinhos somos fracos, juntos... Juntos somos fortes! Precisamos pensar com seriedade para vencermos mais  este desafio.
JOÀO ALVARENGA

CANDEIAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 16/04/2014

Aos meus caros Xico, Darlani e Misael eu sugiro que tomemos uma atitude, a qual será o desencadeamento de uma campanha em todas as redes sociais, todas mesmo, onde conclamaremos a população brasileira a simplesmente não reeleger ninguém nas próximas eleições, presidente, deputado, senadores e assim por diante, esta e a ferramenta legitima e a unica eficaz. O Xico expôs maravilhosamente os problemas que a meu ver tudo se afunilam no descaso dos políticos ao tratar da coisa publica. Só dependemos da nossa vontade de mudar e acreditar que podemos, eu sozinho não posso nada,mas nos três podemos ser o start da mudança. Por favor vamos tentar. joaoapcandeias@hotmail.com   
LUCIANO MACHADO DE SOUZA LIMA

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/04/2014

- A "UNIÂO" , não faz só açúcar.

Temos que nos unir melhor, não só para comprar e vender melhor, mais sim para termos uma melhor e eficiente representação politica.

Não adianta, acordar ainda mais cedo, visando produzir mais, para nosso governo desprezar nosso trabalho, colocando-nos como grandes vilões da economia nacional.
MATHEUS

ITANHANDU - MINAS GERAIS

EM 15/04/2014

Muito bom artigo que cita  alguns dos muitos pontos que nossos agricultores enfrentam dia a dia no campo  lutando para se manter em suas propriedades rurais principalmente os pequenos  que hoje são tão desvalorizados em nosso pais.
MISAEL DELIO DA SILVA

UNAÍ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/04/2014

- Oportuno o artigo, reflexões  e lições podem ser tiradas. O des-governo é assim mesmo,

se fosse uma manifestação ou uma reunião de sem-terra, teria, com certeza,  assessores e ministros do governo federal. É Xico o trem tá feio para o nosso lado, se numa exposição

como essa não compareceu nenhum representante do governo federal é sinal de que a eles nós não somos importantes.
DARLANI PORCARO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/04/2014

E nós somos o esteio do país, é uma matéria importantíssima e vergonhosa  para um país como o o Brasil.  Na maioria dos países de primeiro mundo, o setor rural  recebe incentivos e até subsídios, ao contrário , aquí,  temos os maiores impostos , riscos , inclusive, roubos , que não são poucos , dificultando por isso uma melhor renda ao  produtor. rural, ainda mais no setor leiteiro.

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