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Carta sobre o cenário de abastecimento mundial atual de café

POR LUÍS NORBERTO PASCOAL

ESPAÇO ABERTO

EM 26/08/2010

3 MIN DE LEITURA

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É com dificuldade e certa apreensão que escrevemos esta carta em 2010. Temos acompanhado o mercado desde 2004, com estudos macroeconômicos e ferramentas de avaliação futura das disponibilidades, e desde 2008 ficava claro que o mercado entraria numa nova onda de risco elevado.

Até maio deste ano, poucas pessoas se mostravam preocupadas com a questão. Mas, com os preços atuais que deverão flutuar em patamares elevados, temos muito a refletir para poder construir um modelo novo de mercado e não quebrar essa importantíssima cadeia de produção, que também é a mais antiga e internacionalizada do planeta.

Indo diretamente aos fatos:

Qual é a verdadeira oferta e demanda de café no mundo?

A demanda vem crescendo um milhão de sacas a mais que a oferta por ano, desde os anos 90.

Motivos:
- Preços baixos por um longo período desanimaram os produtores.
- Muitos produtores tiveram que abandonar lavouras ou trocar as culturas por falta de mão de obra e custos elevados.
- Mudanças climáticas aumentaram a altitude mínima para plantio de arábica.
- Áreas potenciais para o café têm muita competição com os biocombustíveis.

O que precisamos fazer?

Conscientizar-nos de que há risco de desabastecimento turbulento (repentino) e aprimorar as estatísticas a fim de reduzir os absurdos movimentos dos altistas e baixistas, que tumultuam os mercados e não permitem planos de longo prazo aos produtores. Devemos olhar a questão do café numa escala bem maior (temporal e estrutural) e colocar a questão da sustentabilidade como estratégia para toda a cadeia.

A ICO e outros institutos ligados ao café devem se reunir para construir hipóteses (cenários) de curto, médio e longo prazo, para a cadeia do café, propondo medidas alternativas de estímulo à produção equilibrada pelos próximos 10 anos.

Precisamos compreender muito bem quais são os custos corretos para cada saca de café produzida, em cada espaço produtor, e suas dificuldades (montanha, mão de obra, produtividade por variedade, produtividade por qualidade) para chegarmos a um preço mínimo, que permita longevidade ao sistema.

Há necessidade de se começar a precificar os cafés pela qualidade, em 5 grupos (robusta, robusta fino, arábica natural, arábica fino, arábica extrafino).

Brasil Ciclo 2010/11:

- Safra de 52/53 milhões de sacas;
- Pouquíssimos cafés despolpados finos;
- Variação de maturação na mesma árvore em função de várias floradas;
- Dificuldade na secagem pela enorme diferença entre a umidade dos grãos;
- Risco de muitos grãos se tornarem "quakers";
- Grãos naturais que passaram do estágio verde direto para o pós-maduro;
- O tamanho das favas não está correspondendo ao esperado (menos café beneficiado por litro de café colhido);
- Preços elevados, como compensação pelos preços baixos dos últimos anos e pela procura acentuada de cafés finos, em função da crise de produção na Colômbia;
- Quantidade enorme de compradores internacionais, indústrias finais, comprando diretamente dos produtores com preços elevados e garantidos e
- Quebra de contratos de fornecimento (por qualidade e preços muito inferiores aos praticados no mercado físico).

O quadro para 2010/13

O equilíbrio entre a oferta e a demanda gera risco de desabastecimento turbulento, devido aos estoques reguladores muito baixos. Além disso, em decorrência dos vários pontos citados nesse texto, teremos menos arábica e enfrentaremos a falta física dos arábica finos.

Conclusão

Os produtores e os consumidores, através da ICO, precisam desenhar uma estratégia sustentável e viável, para não permitir o colapso da cadeia. Se os preços subirem demasiadamente, pode ser ruim, pois provocará rupturas nas cadeias financiadoras e gerará um forte desejo nos produtores de plantios irracionais, que fatalmente levará em três anos a uma super safra e nova onda de quebras na produção, criando uma nova crise em mais quatro anos.

Se assim tem sido nos últimos 50 anos, hoje, com os estoques muito baixos e terras com pouca disponibilidade ou muita concorrência, o risco fica muito grande e perigoso. Uma próxima onda altista exagerada e depois uma onda baixista também exagerada, podem comprometer a cadeia para sempre.

Estaremos trabalhando com estoques de segurança nos menores patamares da história do café, chegando a mínimos rasantes de dois meses de estoque em todo o mundo (produtores e consumidores), para sustentar uma cadeia de produção que é sofisticada, de logística crítica e cada vez mais seletiva.

Os próximos anos serão diferentes. Com certeza haverá sempre algum café em algum mês que chegará ao ciclo de oferta zero. Como em um congestionamento onde há mais carros do que rua, o trânsito para. Será uma festa para as mesas de arbitragem e um desastre para os planejadores da produção estruturada, assim como para a indústria de cafés finos. É momento de reflexão séria e profunda.

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ROBSON FRANÇA RODRIGUES

MUQUI - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 24/09/2010

So fazendo uma complementação com as fala do senhor Frederico de Almeida Daher pelo qual tenho grande admiração,que na minha região aonde 90% dos produtores de café têm como base á agricultura familiar,teria que estudar um meios para que este café de qualidade que os produtores produzem, recebem um preço diferenciado.Vou citar o meu exemplo.Apesar de ser um pequeno produtor de café robusta aqui no sul do Estado do Espírito Santo na Cidade de Muqui fiz um investimento no meu sitio de um terreiro de cimento com uma estufa com isto conseguir fazer um café de altissima qualidade segundo os tecnico da cooperativa da qual sou filiado só que logo em seguida veio a decepção á cooperativa me pagou o preço do café comum sob alegação de que á quantidade era pequena.
JOSE MIGUEL AZEVEDO PIROVANI

GUAÇUÍ - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/09/2010

Sr. Luís Norberto
Eu vejo que estamos sim passando por uma crise pois aonde eu trabalho com café na região da zona da mata mineira e suldeste do Espirito Santo os produtos estão produzindo mais aquele café chamado rio um café de pessima qualidade pois os seus custo estão muito altos.
Mas vejo também que poderia mudar um pouco com instalação de despolpadores para poder melhorar aqualidade do café ,mas também a mão de obra esta muito cara assim os produtores vão ter que tecnificar muito sua mão de obra .
Obrigado
FREDERICO DE ALMEIDA DAHER

VITÓRIA - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 26/08/2010

Prezado Luis Norberto Pascoal;
Faz muito tempo, para não dizer que todos os outros comentários acêrca da oferta e consumo mundial de café jamais abordaram com realismo o atual quadro do negócio café no planeta. Fica evidente a escasses de cafés para atender a crescente demanda. Suas consideraçoes são bastante pertinentes e necessitam de uma maior reflexão por parte de todos.A comercialização de café em Bolsas, tendo como base a volatilidade dos preços nela fixados, têm mascarado a real situação do setor, deixando o mercado a mercê de uma feroz especulação com graves prejuizos para a maioria. È preciso uma mudança de paradigmas no processo já tradicional de compra e venda de café para que não venhamos a enfrentar enorme turbulência no setor.Uma saída no curto prazo seria um sobre-preço significativo nos cafés de qualidade, acima das cotaçoes nas bolsas, tanto para o arábica quanto para o conilon. O setor produtivo necessita ter a certeza de que produzindo qualidade e se esmerando mais no trabalho com suas lavouras ele será seguramente melhor remunerado que aquele que não leva as boas práticas agrícolas como dever inquestionável.Por outro lado sabemos que o setor industrial está totalmente refém na mão de grandes redes supermercadistas, que determinam as condiçoes do negócio,fragilizando principalmente a comercialização do torrado e moido.È evidente que o desafio é gigantesco, mas necessário se faz a busca de saída para esse impasse à vista.

<b>Resposta de Luís Norberto</b>:

Prezado Frederico de Almeida Daher,

Obrigado pelas palavras. Faz muito tempo que tento alertar o sistema café, mas sem eco.

Realmente é preciso uma mudança de paradigmas no processo de compra e venda de café para que não venhamos a enfrentar enorme turbulência no setor.

O mercado já está colocando um sobre-preço significativo nos cafés de qualidade, acima das cotaçoes nas bolsas. Realmente o setor produtivo necessita ter a certeza de que produzindo qualidade e se esmerando mais no trabalho com suas lavouras, vai ser recompensado.

Concordo que o desafio é gigantesco e se faz necessário uma saída para esse impasse.

Luis

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