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Agenda Econômica do Agro: questões para 2012

POR ANDRE MELONI NASSAR

ESPAÇO ABERTO

EM 17/01/2012

4 MIN DE LEITURA

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Antevemos que a agenda econômica do Agro em 2012 deverá estar concentrada em temas de grande implicação política e repercussão na mídia, além de questões de mercado associadas às incertezas trazidas pela crise nos países desenvolvidos.

Questões de ordem política

Na esfera das questões com implicações políticas, o grande desafio do Agro no ano de 2012 será mudar o rumo que o debate sobre commodities e agregação de valor tomou no Brasil. Devido às crescentes importações de bens de capital e bens de consumo (duráveis e não duráveis), produtos tipicamente industriais, e o inverso no caso dos produtos primários (que incluem os produtos do Agro), se cristalizou no Brasil uma visão de que nossa economia está regredindo.

A visão que predomina é que estaríamos abrindo mão de um setor de manufatura, que agrega valor, gera empregos e incorpora tecnologia, em benefício de setores com cadeias mais curtas - e, por consequência, com baixo conteúdo tecnológico-, que exportam produtos primários ou bens intermediários - e que, portanto, serão processados e gerarão empregos no país importador e não aqui-, e que não acumulam capital, pois têm nos recursos naturais, e não no investimento, sua principal vantagem comparativa.

Esta é a visão do senso comum que aparece com grande frequência na mídia (sobretudo nos leads de matérias) e nos argumentos de pessoas, sejam acadêmicos, representantes do setor privado, políticos, ou gente de governo, que compartilham a ideia de que o setor industrial brasileiro está estagnado. Em outras palavras, se consolidou no Brasil a ideia de que está havendo uma desindustrialização no país evidenciada nas crescentes importações de bens de capital e bens de consumo e no menor crescimento do PIB de setores industriais considerados chave (por critérios que são caixas-pretas para a maioria das pessoas), enquanto o inverso ocorre com os setores primários (e as indústrias que fornecem insumos para estes) e de serviços.

Constatar que alguns setores industriais não crescem e que o inverso ocorre com aqueles setores ligados direta e indiretamente às commodities ou produtos primários (aceitando a velha e, a meu ver, defasada classificação que os produtos do Agro são primários), não gabarita a construção do argumento de que a estagnação do primeiro decorre do êxito do segundo. Nem tampouco permite ignorar o fato de que os setores de commodities não perdem em nada para os setores industriais, não somente porque as commodities, sobretudo os produtos do Agro, estão integrados em cadeias industriais, mas também porque são grandes incorporadores de tecnologia, geram empregos de qualidade e são cada dia mais, mesmo dentro da porteira, intensivos em capital.

O grande desafio do Agro em 2012 será chamar para si a responsabilidade da condução desse debate, viabilizando posições conjuntas entre os produtores de commodities, do Agro e fora dele. Caberá ao Agro romper, de vez por todas, essa linha de raciocínio que atribui à estagnação de alguns setores industriais ao sucesso das commodities e que insiste em ignorar que os setores de commodities carregam, na sua estrutura, a mesma capacidade de alavancar o desenvolvimento tecnológico e gerar empregos de qualidade atribuídos, dogmaticamente, somente à indústria.

Questões de mercado

Um ano que começa, no plano do comércio internacional, sempre requer reflexões sobre o que deve acontecer com as exportações do Agro, uma vez que elas são fundamentais para o saldo de comércio do Brasil. No plano doméstico, a preocupação recai mais sobre a renda do produtor. Ambos estão umbilicalmente ligados porque os patamares dos preços mundiais influenciam muito os preços no mercado doméstico de cereais, oleaginosas, algodão, cana-de-açúcar, carnes, café, entre outros, os quais são os principais produtos que determinam a renda do produtor.

No plano internacional as preocupações principais recaem sobre a crise dos países desenvolvidos. Os desenvolvidos ainda são mercados muito importantes para as exportações do Agro e crises sempre geram impactos negativos no consumo. Além disso, uma profunda crise nos desenvolvidos tem potencial de atingir grandes importadores de commodities do Agro do grupo dos países em desenvolvimento, como China, o que pode também afetar a demanda nestes países. A maior preocupação desse efeito em cadeia seria o mercado de carnes. Diferentemente de grãos, cereais e oleaginosas, o consumo de carnes é mais sensível a quedas de renda e as exportações para países da Europa e até mesmo Japão deverão sentir os reflexos da crise.

Outra variável que exige acompanhamento são os preços mundiais das commodities cotadas em bolsas. A julgar pelo início do ano, cereais, oleaginosas, açúcar, algodão, deverão ter preços em patamares um pouco mais baixos do que os preços de 2011. Na realidade, os preços já foram reduzidos no final do passado quando eclodiu a crise na Europa e, por conta da crise, é difícil que estes recuperem os patamares do primeiro semestre do ano passado. No entanto, o câmbio está na direção contrária, compensando em Real a perda de preços em Dólar. O cenário de preço, portanto, continua interessante para estes produtos, até porque os estoques internacionais se mantêm baixos.

Existe, no entanto, um fator que pode levar os preços internacionais de cereais e oleaginosas subirem: perdas de safra (ou safras menores do que o esperado, como deve ser o caso do Brasil) por questões de seca na América do Sul. O mercado internacional ainda não está precificando qualquer perda de safra, mas dependendo de sua intensidade, ela pode afetar as cotações. No entanto, o que deve influenciar com mais peso as cotações internacionais é a ação dos fundos e especuladores, cuja presença no mercado de commodities será influenciada pela intensidade da crise nos países desenvolvidos.

Nas questões de mercado, 2012 deverá ser um ano de relativa estabilidade, tanto nas exportações do Agro, quanto na renda do produtor agropecuário.

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