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A lei que alegra é a lei de Deus

POR RICARDO GONÇALVES STRENGER

ESPAÇO ABERTO

EM 30/09/2009

11 MIN DE LEITURA

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(Artigo em resposta ao executivo da ABIC, Sr. Nathan Herszkowicz )

Agradeço ao executivo da Abic pelo artigo sobre rotulação do café, embora ligeiramente destemperado, fico contente, pois em 28 de agosto de 2001 recebi uma carta do mesmo através do CNC, que era fortemente destemperada, a qual guardo com cuidado.

O executivo apresenta, ao invés do que diz o titulo do seu artigo, uma série de inveracidades, com o intuito de embaralhar o leitor. Talvez seja o hábito adquirido através dos anos de embaralhar os clientes, produtores e consumidores finais.

O artigo é ofensivo ao nosso Vice-Governador, que é autor da lei da rotulação, ao produtor de café (que é explorado), aos consumidores (que o executivo menospreza), e especialmente aos juízes do Supremo Tribunal Federal - STF, que julgaram a lei da rotulação constitucional.

A primeira e mais absoluta inveracidade se dá quando o executivo diz: "esta idéia irresponsável não tem como ser fiscalizada. Isto porque, não existe, em todo o mundo, tecnologia ou metodologia para quantificar as espécies usadas"; isto é a mais absoluta mentira, bem como despreparo do executivo, pois há metodologia, simples, eficiente e barata à disposição de quem possa se interessar. Mas, vamos imaginar: como o executivo imagina, que não haja tecnologia para isto; então me pergunto, por que temer a rotulação do café se ela seria inexeqüível em não havendo comprovação laboratorial? Como poderia alguém ser punido sem comprovação?

O discurso da Apac é totalmente coeso, coerente em defesa da cafeicultura - produtor primário, cafeicultor - e além da rotulação, apresentamos várias propostas que serão em breve levadas ao Ministério da Agricultura, como a normatização do grão cru e impurezas do café. Por falar em impurezas, por que será que o executivo omite em seu texto que o artigo 4º da lei da rotulação, que diz dos teores das impurezas admitidas no café serão fiscalizadas pela lei? A Apac será co-responsável pela fiscalização. Ainda, sempre me pergunto: será que as estatísticas da Abic quanto ao consumo de café são corretas? Se o forem, de duas uma: ou as safras brasileiras são maiores que o indicado, ou tem algo na embalagem de café que não é café.

Recentemente o Dep. Silas Brasileiro afirmou que há pelo menos 2,0 milhões de sacas de palha. O Deputado esqueceu o triguilho, o milho, a palha peletizada e outros. Portanto, conclui-se da fala do deputado, que a Abic como entidade auto-fiscalizadora é um fracasso. Todos sabem que a raposa não pode tomar conta do galinheiro. A lei da rotulação do Paraná é histórica, pelo fato da classe produtora emitir um selo para comprovar a qualidade do produto e, atentem, também pela não presença de impurezas.

Quanto aos consumidores, a Abic elaborou diversos planos e diversos programas de qualidade, com o intuito de continuar enganando o consumidor, pois todas estas proposições são subjetivas. Diz o executivo: "É isto o que o consumidor quer, um café saboroso e que dê prazer e satisfação, sem se importar com qual quantidade de conilon ou arábica fora utilizada. Aliás, a enorme maioria dos consumidores não sabe o que isto representa" - o executivo ofende profundamente a inteligência do consumidor e o menospreza. O executivo sabe por que o consumidor não conhece o que isto representa? É simplesmente porque nunca foi informado desta ignomínia. Talvez devido ao reflexo de autoritarismo, vindo de nosso tenebroso passado.

O executivo afronta o consumidor, e como dizem, é melhor mantê-lo na ignorância do que ensiná-lo, pois assim não haverá reivindicações. A indústria quer que tudo seja café, produto final. Como isto é possível, se na maioria das vezes o café é composto por dois cafés diferentes?

Quando o executivo defende a técnica do blending, isto seria o mesmo absurdo de dizer que uva é uva, portanto, vinho é vinho, ou que azeitona é azeitona, portanto, azeite é azeite. Ora, convenhamos, o que quer dizer com isto o executivo, que chega ao absurdo de confessar que usa café conilon por "razões econômicas, para manter o preço acessível". O executivo perguntou se este é o desejo do consumidor? Ou será que enganando-o com um preço baixo a indústria aufere mais lucro?

Quando diz que uma pesquisa evidencia "que aos consumidores o conceito de qualidade do café não é associado ao tipo de grãos e às suas espécies". Básico que não é associado ao tipo de grãos e às suas espécies simplesmente porque o consumidor não tem conhecimento disto. A indústria omite o que são espécies de café há anos. Viva o capitalismo selvagem, viva o lucro.

Temos profundo respeito pelo trabalho da indústria nos últimos 20 anos, mas chegou a hora dela se modernizar e passar a tratar o seu fornecedor de matéria prima, o cafeicultor, e o consumidor com mais respeito, não se apropriando do trabalho suado de quem produz. Será que o aumento de consumo de café não de deu pelo crescimento vegetativo e baixos preços?

Por que será que nos últimos 20 anos a indústria cresceu tanto e enriqueceu tanto, e o cafeicultor empobreceu tanto? É claro que sou defensor do consumidor, pois sem ele qual seria a razão de produzirmos? Nós queremos que o nosso produto chegue à mesa do consumidor da maneira como o produzimos. Senão, qual seria a finalidade de produzirmos com mais qualidade? Excetuando os nichos de mercado é claro que a qualidade permite a adição de mais café conilon.

Uma certeza eu tenho: a indústria não é defensora do consumidor. Em certo trecho de seu destemperado e embaralhado artigo, o executivo diz que o blend de café tem custo elevado de desenvolvimento, sendo, portanto, um segredo industrial. Que absurdo, mas não sou eu quem vai rebater, mas sim a súmula do Supremo Tribunal Federal - STF - quando a Sra. Ministra Carmem Lúcia em diálogo como Sr. Ministro Menezes Direito diz: " Foi também enfatizado na tribuna (pelo advogado das indústrias), que as empresas deveriam ter o direito ao sigilo quanto à aquilo que se contém no café. Pergunto-me, diz a (Sra. Ministra) que direito é este? Eu cidadã que tomo muito café, tenho o direito também de saber o que estou consumindo e em que condições, até porque, às vezes quem faz café, lembrou o Ministro Menezes Direito, sabe muito bem que ao coá-lo sente um cheiro nítido de milho e outros aromas na casa, que denota nem sempre estar tudo descrito".

Faça-me o favor: esta coisa de segredo industrial é ridícula e peço ao executivo, se quiser que destempere os senhores ministros. Segue a Sra. Ministra:" E acredito que a tendência seja a informação. O direito à informação no art.º 5º deve ser respeitado efetivamente nos termos da Federação Brasileira. Entendo que se trata efetivamente do direito de informação do consumidor".

O Sr. Ministro Carlos Britto diz: "Entendo que a lei, no seu conjunto, em cada um de seus dispositivos, tem por foco a precisa informação do consumidor: orientar o consumidor, cientificar o consumidor daquilo que está sendo objeto de virtual consumo, com uma virtude, com uma vantagem adicional. Essa lei também protege a saúde, tem mérito suficiente para incorporar a defesa da saúde, que é também matéria de competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal".

Veja então o que diz o senhor Ministro Marco Aurélio, dirigindo-se à presidência do STF: "Senhor Presidente, a esta altura, nutro inveja, considerada a segurança dos paranaenses na aquisição e também na tomada de café". Estamos orgulhosos desta lei, pois ela aproxima o produtor do consumidor. Não adianta reclamar, a lei foi julgada constitucional e é irrecorrível. Se o executivo assim desejar que destempere o STF, como aliás já o faz nas entrelinhas do seu texto.

É fato que o avanço do café conilon é uma realidade, pois se assim não o fosse faltaria café no mundo. O mundo não pode beber só café arábica, pois não haveria quantidade para todos. Então, qual o receio de se rotular o café? Suas alegações a respeito da performance do Robusta/Conilon, os quais fazem baratear o custo do produto final no processo industrial, possuem defesa em seus argumentos, em prol da eficiência do segmento o qual defende, porém, existem outros fatores, que não apenas o custo devem ser considerados, tais como a qualidade intrínseca dos grãos. Para este efeito, no sentido de esclarecimentos, devo pontuar: o alto teor de cafeína contido nos cafés Robustas/Conilon, podendo chegar a 3 vezes superior aos cafés arábicas, tendo como agravante ser esta não indicada a quem possua problemas cardíacos; outro fator seria o efeito inibidor de consumo que a cafeína produz...

Em minha visão, a rotulação seria o início ostensivo do processo irreversível de reconhecimento de que os cafés Arábicas e Robustas/Conilon são concorrentes entre si, sendo isto um fato. Sendo fato, retratado e confirmado, por suas próprias palavras, além do percentual de adição entre um e outro na composição dos blends, então que suas atividades e representatividades sejam conduzidas por planos de ação e marketing distintos e o executivo não possui credenciamento algum para se manifestar em opiniões a respeito de planos estratégicos, incluindo nestes a reativação da Associação Brasileira de Café Arábica, pois o tema cafeicultura não lhe é afeito, devendo ser desprezada qualquer manifestação sua.

O tema cafeicultura, não lhe sendo afeito, mas apenas o grão cru, com o qual se utiliza como matéria prima nos procedimentos industriais de torrefação, então como e com que capacidade e credenciamento se atreve a manifestações de natureza diversa da que lhe compete? Não sendo absolutamente de sua competência, então como se atreve a compor grupo de estudos em elaborar Agenda Estratégica do Café, onde entre inúmeras participações apoia o sistema de Draw Back?

Em sua visão, bem como do segmento que defende, poderia esclarecer quais os benefícios financeiros diretos que os cafeicultores- aqui representando a Cafeicultura - obteriam com tal procedimento? E, da mesma forma poderia apresentar quais os benefícios financeiros e econômicos que a indústria de café T, T&M e Solúvel teriam? Após estas respostas, como um simples e direto comparativo, quem ganharia e quem perderia? Caso acredite que os dois segmentos ganhem por igual, indique-os, justificando.

Sobre responsabilidade e irresponsabilidade, afirmo e questiono: a Agenda Estratégica do Café, sendo o executivo um dos integrantes deste grupo de trabalho, aloca orçamentos expressivos em sua composição. Desta forma, considera-se que V.Sa. participou e concordou ativamente em todas as fases, bem como sua conclusão final. Esta aponta em inúmeras citações o Centro de Inteligência do Café - CIC. Este, a partir de dezembro/2008 passou da iniciativa pública à privada, o que já era de conhecimento da Abic. A partir de então, a presidência do CIC ficou a cargo da Abic. Esta afirmativa é verdadeira? O sendo, então o CIC poderia ser considerado como uma empresa com interesses em fornecer e centralizar informações, projetos e planejamentos, também e principalmente à atividade produtiva cafeeira?

Se afirmativo, como a Abic por presidir esta atual entidade, além de outros segmentos do agronegócio café, que não a cafeicultura, se capacita e se credencia a ser a solucionadora e propositora para a cafeicultura, aqui denominada, atividade produtiva primária? Acredita o executivo, que por possuir através da Abic um assento no CDPC, então teria direitos e obrigações em conduzir a política e ações relativas e inerentes apenas ao segmento primário?

Acreditando, então poderia o CDPC ser traduzido ou interpretado como um órgão para ingerir na cafeicultura? Não o sendo, então como se justificam suas arremetidas? Não havendo justificativas, então tudo que o executivo diz ou afirma a respeito da cafeicultura seriam apenas palpites e nada mais, devendo ser desconsiderados e desprezados.

Sonha o executivo em continuar a perpetuar esta condição descabida de ingerir a atividade produtiva cafeeira? Não acha que passou da hora e necessita cuidar com mais propriedade em produzir as necessárias eficiências ao segmento que defende, cujas unidades de torrefação estão sendo ameaçadas diariamente por grandes grupos internacionais, que os estão engolindo a passos largos e tirando-lhes a parca competitividade que possuíam?

Procure se concentrar em não reduzir seus custos, pois isto poderia comprometer a própria saúde dos consumidores, mas a ser competitivo num mundo globalizado, onde a indústria é o alvo preferido do mercado capitalista, necessitando se adaptar a modelos dinâmicos e atuais de gerenciamento.

Os cafeicultores de Arábica foram ofendidos pela destemperança do executivo, quando este manda os produtores "buscarem melhores resultados na lavoura, com aperfeiçoamento da gestão, redução de custos, aumento de produtividade, melhoria de qualidade, certificação e inserção de mercados de maior valor, além de outras iniciativas típicas da atividade produtiva que podem recuperar a renda da atividade". Pergunto, com que atrevimento e com qual capacidade técnica ou prática o executivo se ingere nos assuntos da cafeicultura?

Quando finalmente o executivo diz "esta é a contribuição de uma entidade responsável e comprometida com os negócios do café", acredito ter sido um lapso, mas concordo com o executivo, quando diz dos "negócios do café", pois é o que lhe interessa: os negócios. Se pensasse no todo falaria agronegócio, que compreendesse: agro (atividade primária) e negócios (indústria e comércio). O executivo só pensa no negócio, no lucro. Como diz Pierre Bourdieu: "vivemos uma época de desigualdades crescentes: mesmo durante o capitalismo selvagem havia limites, contra o capitalismo. Agora caminha para o capitalismo ilimitado, introduzem formas de gerenciamento inimagináveis. É a lógica do lucro sem limites. Isto é muito perigoso. Pode nos levar à barbárie".

Nós sabemos que nossas lutas esbarram no poderio econômico e político das grandes empresas e multinacionais que o executivo representa. Mas, sua manifestação descabida nos mostra que o caminho está correto. "Temos que ser mais sóbrios perante a alternância entre luz e trevas radicada em nossa existência, menos enebriados com a própria fantasia de onipotência, e talvez então nos tornássemos mais tolerantes para com o outro e o diferente. É possível, que unicamente no comedimento possamos recuperar algum equilíbrio realista".

O executivo, assim como eu, representamos nossos segmentos, e assim temos o direito de defendê-los, mas com dignidade e compostura. Bravatas e ofensas não levam a lugar algum. A diferença entre nossas lideranças, é que o executivo é assalariado e eu exerço minha função por amor à cafeicultura e ao Brasil.

Gostaria de lembrar que a única lei que alegra é a lei de Deus.

RICARDO GONÇALVES STRENGER

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ANTONIO AUGUSTO REIS

VARGINHA - MINAS GERAIS

EM 02/10/2009

Meu caro amigo e competente Agrônomo e Consultor Aníbal, da JACM Consultoria -Araguari MG.

Você tocou num ponto importante ( este é o dever de casa para nós produtores ):

" ... E aproveitando, dar um toque aos produtores que estão labutando no dia a dia como nós, e desejando uma cotação mais condizente com o desejável. Lugar de palha de café é retornar para a lavoura. Agronomicamente é ótimo, do ponto de vista econômico, melhor por dois lados: economiza no adubo e diminui o "excedente" de café no mercado".

Pegando carona com outro colega, o Wagner Pimentel de Manhuaçu MG, em seu levantamento divulgado ontem (01/10/2009) em outros sites, entitulado "Opinião: O direito de conferir".

O mesmo informa que de 2004 para cá, estamos com uma diferença de mais de 12 milhões de sacas em relação: do produzido; dos estoques do governo; dos exportados e dos consumidos. Pelos dados apresentados, queremos crer que trata-se das propaladas misturas (12 milhões em 5 anos).

Precisamos refletir melhor sobre os pontos apresentados pela APAC- Associação Paranaense de Cafeicultores, através do seu Presidente Dr. Ricardo Strenger: devemos caminhar para a eliminação dos PVA´s (grãos pretos,verdes e ardidos) e atuar no controle das impurezas através da Rotulação. Somente com estas duas medidas, uma vez implementadas, dará um impacto positivo na cotação do café pelos motivos: redução da oferta de café no mercado e aumento de demanda pela indústria por café, em substituição as impurezas.

Qualquer valor com a venda do café bom que suplante o que o produtor deixar de ganhar com a venda dos seus cafés baixos (eliminados), os objetivos já estarão alcançados. Com certeza ganhará os consumidores e o consumo tenderá a aumentar pela qualidade ofertada, ganhando os produtores e industriais.

Com relação aos subprodutos do café, está na hora das nossas Cooperativas de Produção através dos seus Departamentos Técnicos e Comercial, começarem a pensar sobre o assunto. Já temos iniciativas isoladas como: biocombustível / produtos de beleza, etc.

Encerrando gostaria de pegar carona mais uma vez.

Segundo o mesmo Wagner Pimentel de Manhuaçu MG: quando nos tiram o direito de conferir nos dão o direito de desconfiar e esse número ( 12 milhões) de sacas mostra que algo de muito errado esta ocorrendo em nosso mercado cafeeiro e os prejuízos estão no bolso de quem fica nos cantinhos do mundo a produzir.
JOSE EDUARDO REIS LEÃO TEIXEIRA

VARGINHA - MINAS GERAIS

EM 01/10/2009

A experiência e vivência nos ensinam que em diversas oportunidades necessitamos agir com maior rigor e destreza quando na defesa de interesses. Porém, sempre com firmeza de princípios, moral e ética.

A ética empresarial, principalmente ao considerarmos grupos econômicos plenamente estabelecidos e ativos em seus conceitos, raramente contempla ou perdoa atitudes impróprias a estes, as quais, existindo, ferem a essência existencial da empresa.

A manifestação, possivelmente movida pelo ímpeto, do executivo da Abic, fere profundamente este principio básico e o coloca em situação não apenas desconfortável, mas imperdoável aos olhos dos clientes - fornecedores e consumidores - do segmento industrial que representa.

Este segmento, principalmente por participação de capital estrangeiro em inúmeras unidades industriais, e possuindo espaço nesta Associação Brasileira da Indústria de Café - Abic-, possivelmente possuirá também o essencial capital intelectual, moral e ético, inerentes aos empresários oriundos de seus países de origem, os quais, geralmente, são severos e rigorosos em negociações.

Atitudes de manifestação agressiva e ofensiva, como a tomada pelo executivo da Abic, não devem ficar impunes, sob risco de colocar todo o sistema que deveria defender em potencial risco perante a sociedade.
MARDEN CICARELLI

MONTE CARMELO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 01/10/2009

Comentei, indignado, o artigo do executivo da ABIC, e retorno a esse espaço para fazer coro com todos que aqui postaram seus comentários.

A atitude da indústria é muito clara: ela quer apenas espalhar a cizânia. Quanto mais desunidos os produtores estiverem, melhor. Maiores os ganhos, menores os custos.

Quanto menos esclarecidos forem os consumidores, mais facilmente eles (nós) serão (seremos) tangidos. Qualquer semelhança com nossos políticos...

Enfim, temos que tratar esse assunto com firmeza. É da natureza do brasileiro deixar tudo como está, comportamento às vezes irritantemente passivo. Não podemos deixar as coisas mais uma vez serem mantidas como estão.
LUIS ANTONIO CANDIDO

ITU - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 01/10/2009

A verdade é uma só: vai década, vem década, e mercado é para os mais ESPERTOS, os Torrefadores brasileiros pouco podem exportar de café EMBALADO pelos antecedecendes já conhecidos dos ESPERTALHÕES que enviaram CAFÉ 100% puro e logo nos embarques seguintes a qualidade já era sofrível.

Por isso, Alemanha e Itália, sem ter 1 único pé de café, são os maiores exportadores de Café EMBALADO, e, convenhamos, com essas Torrefações que utilizam "MOINHOS MARTELOS" ótimo para moer tudo, menos CAFÉ, vamos ficando à DERIVA. Enquanto outros países já abocamham consideravel fatia do mercado mundial, nós vemos a Indústria de máquinas e equipamentos sendo dizimada, seja por má administração/gestão e política governamental.

Agora, eu nunca vi, ouvi ou presenciei o DESCARTE de Café vencido. O que nós fazemos é nova BLENDAGEM com o Café récem moído e o velho, prática comum no mercado, portanto vamos continuar sem muito Controle e Standarização. Enquanto isso, outros países colocam os seus BLENDS nas gondolas das grandes redes de Supermercados do mundo e nós...

Esperamos que um dia seja sério o MERCADO DE CAFÉ, e desde o pequeno Produtor até as Transnacionais possam ganhar justa e honestamente.
JOÃO CÉSAR OTONI DE MATOS

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 01/10/2009

Sr. Ricardo Strenger,

Receba meus efusivos parabéns pelo brilhante artigo, que coloca em seu devido lugar a infeliz manifestação do Sr. Nathan.

Ressalto que, nessa luta, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal está ao lado do produtor e do consumidor - na verdade, de todos aqueles que não visam apenas o próprio enriquecimento -, de modo que, apesar do desespero de alguns, a transparente rotulação do café é questão de tempo.

Atenciosamente,
JOSE EDUARDO REIS LEÃO TEIXEIRA

VARGINHA - MINAS GERAIS

EM 01/10/2009

Deveríamos cuidar de nossa "árvore frutífera" - aquela que nos dá o sustento diário - de forma que esteja bem enraízada, com troncos fortes e robustos, para assim suportar os galhos - mais frágeis -, bem como, seus ramos estarem sempre em condições de frutificar.
Pensar apenas nos frutos, se esquecendo do tronco e raízes não irá gerar frutificação alguma, pois flores nem sempre significam frutos.

Assim, parabenizo a você Ricardo Strenger, por sua postura e posição firme em cuidar desta "árvore", podando com sabedoria e precisão os galhos e ramos necrosados e infrutíferos, fazendo brotar novos e saudáveis, para aqueles que necessitam de seus frutos se alimentarem, satisfazendo suas necessidades.

Meus respeitos e congratulações por suas, sempre, precisas colocações neste terreno pouco fértil ao desenvolvimento da "árvore". Ela irá se recompor e frutificará, sob sua liderança.
JOÃO CARLOS REMEDIO

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 01/10/2009

Brilhante artigo-resposta. É uma pena que a fase da cafeicultura não é boa e poucos cafeicultores lerão esse artigo. Num país onde se falsificou remédio para câncer, infecções graves, entre outros, e ninguém foi para a cadeia, vender um coquetel qualquer taxado de café parece-me muito mais fácil. A certeza da impunidade prevalece, o que faz muitas contravenções se perpetuarem no nosso país.

Somos o maior produtor e por enquanto o segundo maior consumidor de café do mundo, mas, nem de longe somos o país que toma um bom café. Existem produtos nas gôndulas de muitos estabelecimentos brasileiros que são vendidos como café, mas que nem de longe lembra o produto. O que me impressiona é que muitos apresentam selo de qualidade.

O consumidor brasileiro precisa ser ensinado a degustar um bom café. E aqui no Brasil nós o temos e em grande quantidade. A simbiose Produtor-Indústria sempre deverá existir, uma precisa da outra. Mas, quando esse vínculo passa a ficar tendencioso para qualquer um dos lados, deixa de existir a parceria e prevalecer o parasitismo.

A cafeicultura brasileira vem sendo parasitada por muitos seguimentos. Como atividade e com sua grande importância sócio-econômica para o nosso Brasil ela precisa ser mais respeitada.
ANIBAL VIANA REGO

ARAGUARI - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/09/2009

A rotulação apenas dá mais transparência ao processo, o que é uma simples, porém grande evolução, uma vez que no café tomado pelo consumidor existe uma gama de blends, que não só arabica ou robusta, impurezas das mais diversas que não cabe aqui ficar especificando. Quem não já presenciou comércio de palha de café nas propriedades para torrefações inescrupulosas?

As estatisticas de café há um bom tempo não batem. Demanda e oferta, segundo levantamentos quase no limite, e ainda se fala que está sobrando café no mercado, o que pelas cotações há bons anos do produto fazem realmente acreditar que esteja sobrando sim, mas "algo" que com certeza não deve ser café.

A rotulação defendida pelo colega paranaense vem ao encontro disto. Não vejo a menor dose de preconceito quanto a ter no blend, robusta. O que se visa é informar ao consumidor corretamente e de maneira transparente, cabendo ao mesmo tomar um puro arábica ou um blend, mas sabendo o que realmente está tomando.

E aproveitando, dar um toque aos produtores que estão labutando no dia a dia como nós, e desejando uma cotação mais condizente com o desejável. Lugar de palha de café é retornar para a lavoura.

Agronomicamente é ótimo, do ponto de vista econômico, melhor por dois lados: economiza no adubo e diminui o "excedente" de café no mercado.
HÉLIO JOSÉ ALVES DE FIGUEIREDO

SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 30/09/2009

Parabéns e obrigado Sr. Ricardo Strenger. O consumidor deve ter todas as informações possíveis sobre qual café ele está tomando, principalmente quando existem dois cafés tão diferentes quanto o arábica e o conilon.

A partir da rotulação, cada torrefação monta suas estatégias de venda. 100% arábica ou 100% conilon. O consumidor decide qual o melhor café.
OSMAN CHIRGO MARTINS

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 30/09/2009

Parabéns ao Sr Ricardo Gonçalves Strenger pela sua coerente e categórica resposta. Concordo com suas colocações.

O café arábica tem que ser diferenciado em relação ao conilon. Isto não significa concorrência entre produtores, mas sim coerência entre produtos que têm seus mercados assegurados.

Cabe ao consumidor buscar o produto que melhor lhe convier, seja em custo ou sabor.
ANTONIO AUGUSTO REIS

VARGINHA - MINAS GERAIS

EM 30/09/2009

Dr. Ricardo, parabéns pelo conteúdo e pelo nível racional da resposta. Gostaria apenas de comentar uma consideração sua também questionada por mim:

"... Ainda, sempre me pergunto: será que as estatísticas da Abic quanto ao consumo de café são corretas? Se o forem, de duas uma: ou as safras brasileiras são maiores que o indicado, ou tem algo na embalagem de café que não é café."

Caso esta última hipótese seja verdadeira e esteja extrapolando os limites permitidos e aceitáveis, estaremos deparando com duas situações graves:

1º ) Pelas pesquisas comprovadas, o café puro, bebido comedidamente faz bem à saude. Com as misturas (impurezas), como ficam essas propriedades contaminadas?

2º ) O café que deveria estar sendo comercializado para a indústria a preços remuneradores (em vez das impurezas), fica financiado às custas do produtor, estocados nos armazéns construidos com o dinheiro dos produtores e quando comercializados, com preços abaixo do custo de produção. (Sendo comprovado esse excesso de misturas é no mínimo imprudente também em falar-se em Draw Back, aqui no Brasil).

O sucesso de um não deve ser o fracasso do outro. A APAC já apresentou suas propostas, e pela sinalização começou a incomodar. QUEM NÃO DEVE NÃO TEME.
FRANCISCO SÉRGIO LANGE

DIVINOLÂNDIA - SÃO PAULO

EM 30/09/2009

Caro Sr. Ricardo Strenger,

Sua resposta ao lamentável comentário do Sr. Nathan foi pronta e brilhante. Nós produtores, em especial os de arábica, nos sentimos ofendidos. Não é de hoje que estamos sendo desrespeitados como se nada representássemos, e agora o pior, desrespeitando também os consumidores.

Ricardo, o momento é este. A CAFEICULTURA Brasileira está precisando desta sacudida. Mantenha a dignidade e a compostura e conte com nosso apoio.

Francisco Sérgio Lange,
Pequeno produtor de café arábica de montanha com qualidade especial.
Presidente do Sindicato Rural de Divinolândia-SP
Vice Presidente da APROD-Associação dos cafeicultores de Montanha de Divinolândia-SP
Membro da Camara Setorial do Café de São Paulo
Membro da Mesa diretora do café da FAESP

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