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A falácia do guarda chuva

POR MARCO ANTONIO JACOB

ESPAÇO ABERTO

EM 08/04/2013

4 MIN DE LEITURA

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Dialogando com pessoas do setor cafeeiro, sobre o recente artigo “Dois papas e o preço vil do café”, fui questionado se a aplicação de Preço Referência de Exportação do café brasileiro poderia causar o efeito guarda chuva. 

Para aqueles que não sabem o que é efeito guarda chuva, aqui vai uma breve explicação: efeito guarda chuva é quando tomamos uma medida restritiva, porém os outros se beneficiam desta medida, pois não têm esta restrição.

Resumindo, existe a possibilidade de perdemos “market share” (mercado) se criarmos o Preço Referência de Exportação baseado no custo de produção do café brasileiro?

A resposta é não, não e não, explico abaixo :

Pelo bom senso, sendo o Brasil, um dos produtores de café com custo mais baixo, como poderão os outros concorrentes vender abaixo deste custo, simplesmente se o fizerem, eles vão quebrar subsidiando os consumidores ricos.

Mas se os governos deles bancarem subsídios de exportação, hipótese surrealista, pois são países pobres; basta o Brasil denunciá-los a OMC – Organização Mundial do Comércio.

Dado as afirmações acima, fui pesquisar e verificar se realmente o Brasil é o país com um dos custos mais competitivos na produção de café mundial, abaixo o gráfico de custo de produção, disponibilizados pelo OIC em 4 de março de 20131 .


 
Apesar dos dados apresentados serem de 2004 a 2011, este gráfico sugere que o Brasil teve a MENOR variação de custo de produção dos países listados (Colômbia, Equador, Guatemala, Cuba, Costa Rica).

Mas é necessário sabermos o custo de produção de nossos concorrentes, nossas embaixadas nos países produtores poderiam levantar estes custos de produção, quem sabe a OIC tenha estes dados.

Mas de acordo com alguns experientes agentes de mercado internacional de café , estes me afirmam que somos competitivos na produção de arábicos mundial.

Mas supondo que o Brasil seja competitivo, vamos às causas e efeitos, caso o Brasil instituía esta política de Preço Referência de Exportação

Conforme último relatório da Archer Consulting2, os 'hedging funds', têm uma posição bruta de 19.4 milhões de sacas de 60 quilos 'short'.

Vou tentar traduzir o que significa isto:

Os negócios mundiais de cafés arábicos têm como referência o contrato “C” do ICE “Intercontinental Exchange”, a famosa bolsa de Nova York, então quase todos os negócios de cafés arábicos têm como referencia este contrato, que é um contrato de cafés lavados (washed), no qual o café cereja descascado ou despolpado brasileiro pode ser entregue, com mísero desconto de 9 centavos. Vejam que só esta clausula demonstra que este contrato não reflete a realidade dos negócios de café.

Como os fundos estão vendidos (short), 19,4 milhões de sacas, ficam pressionando o preço para baixo. A função destes fundos é fazer dinheiro, ganhar dinheiro, a proximidade deles com o café talvez seja a máquina de expresso perto de seus operadores.

No terminal de bolsa, temos a expressão máxima do capitalismo, lei da oferta e procura, mas não do café, e sim do contrato. É medido a força de compradores e vendedores daquele singular contrato, lógico que todas os fundamentos do café estão intrinsecamente embutidos nas decisões.

Se o Brasil como líder do fornecimento de café mundial instituiu este Preço Referência de Exportação, que é proveniente do custo de produção, isto é, não é um preço artificial e sim baseado em custos, que hoje acredito ser menor que as cotações de Nova York (sou produtor de café e sei quanto custa produzir café), estes fundos que estão vendidos em Nova York irão rapidamente recomprar suas posições. Mais uma vez quero deixar bem claro que os fundos não têm orgulho ou vaidades, o negócio deles é fazer dinheiro, pois não são ‘idiotas’ de ficarem vendidos num mercado em que o suprimento de café será interrompido quando sua cotação for inferior aos custos.

Se os fundos recomprarem parte de suas posições, logicamente o mercado sobe; veja bem, eles estão vendidos quase três (3) vezes a quantidade que o segundo maior produtor mundial de cafés arábicos, a Colômbia , exportou nos últimos 12 meses (7.525.367 sacas)3

Tenho novamente que lembrá-los que os estoques hoje nos países importadores são regulares, nada de expressivo, qualquer falha no suprimento de café torna estes estoques insuficientes. Atualmente o consumo apenas nos países importadores é de aproximadamente 9 milhões de sacas/mês. Se o suprimento de café da origens for interrompido , os fundos ‘hedges’ não poderão blefar por muito tempo com posições vendidas.

Para corroborar mais com estas minhas afirmações, a maioria do estoque de café certificados na Bolsa de Nova York são de cafés velhos, cafés lavados velhos, que perdem suas características mais acentuadamente que os cafés naturais, então podemos dizer que o poder de estoques nos países importadores é mais frágil que a realidade dos números de estoques.

Finalizando, nesta semana recebi uma ligação do Vaticano, e me disseram que exportar café abaixo do custo não é apenas extrema burrice e pecado, também é crime, pois prejudica milhões de pessoas produtoras de café de países pobres, tornando-os mais miseráveis ainda, que governos que permitem esta sandice, são mal-intencionados, que aqueles que o fazem arderão no fogo do inferno4.

Agora só falta alguém argumentar que uma nação instituir Preço Referência de Exportação baseado em custo de produção é interveniência no mercado. O Vaticano também me alertou que se alguém disser isto, deve ir direto para o paredão, assim eles encaminham mais rapidamente para as profundezas do além4.

Se alguém quiser debater esta medida de Preço Referência de Exportação nos impactos na cadeia do café, estou à disposição. Aproveitando, tenho outras sugestões para tirar o café do marasmo que se encontra há décadas.

1 Página 4. https://www.ico.org/presents/1213/march-ico-outlook.pdf

2 https://www.archerconsulting.com.br/comentarios/comment_cf67355a3333e6e143439161adc2d82e.html

3 https://www.ico.org/prices/m1.htm

4 O autor reforça a utilização da retórica como ferramenta linguística a fim de ilustrar o contexto, deixando claro que não se trata de sentido literal. de acontecimentos.


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LUIS CLAUDIO SQUILACE

ESPÍRITO SANTO DO PINHAL - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 27/04/2013

Meus Parabens voce esta certissimo, mas precisamos mais ,como produtor de café da montanha que sou sofro muito e o governo quer matar a pau o produtor .Só o Brasil mesmo sendo um exportador de café possa deixar seu produto à deriva como nossos governantes estão deixando.
MARCO ANTONIO JACOB

ESPÍRITO SANTO DO PINHAL - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 09/04/2013

Hélcio e José Adauto ,



em nenhum momento politica de guarda chuva , o preço minimo de exportação é baseado em preço de custo , se somos os mais competitivos , não tem politica de preço e não têm artificialismo , seremos sempre competitivos , é para dar um aviso aos fundos , que não doaremos café abaixo do custo.



infelizmente esta medida depende do governo , pois é ele que edita as leis , normas etc.



mas o governo não esta mexendo no bolso , não ta gastando nada , simplesmente criando uma regra , que abaixo do custo o mundo não bebe café brasileiro , aposto que outros países produtores imitarão o Brasil.



o governo não precisa comprar café , a própria iniciativa privada (incluindo produtores , cooperativas , comércio e industria) fazem  o estoque , retendo café no custo de produção. Vende abaixo do custo quem quer , pois financiamento haverá para todos. Só não se exporta abaixo do custo. temos uma demanda de café minima de 3,5 milhões de sacas por mês (industria nacional e o minimo que as industrias importadoras necessitam do Brasil ) , então o mercado não vai travar , vai simplesmente criar um chão , que é o custo. Se não tivermos defesa com regras , vamos transferir nosso estoque para os países importadores abaixo do custo.
JOSÉ ADAUTO DE ALMEIDA

MARUMBI - PARANÁ - PROVA/ESPECIALISTA EM QUALIDADE DE CAFÉ

EM 09/04/2013

Parabéns  pela matéria!

Sempre que tem um "acordo internacional " na área do café alguém fura...nós já fomos "guarda chuva" antes : muitos anos atrás quando foi feito o acordo internacional de retenção do café , nós seguramos e os pequenos países exportadores inundaram o mercado ...  resultado: levamos ferro.

Preço de referência...não

Preço de GARANTIA  melhor ...sim.
HÉLCIO

BOM JESUS DA PENHA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 08/04/2013

ok, concordo com o artigo, mas ficou uma dúvida,

como colocar em pratica este preço referencia exportação?

isso vai depender de quem?

por que se for do governo nos estamos ferradoss....



pois parecem que eles estão gostando da idéia de acabar com a cafeicultura
RONEY

CARMO DE MINAS - MINAS GERAIS - COMÉRCIO DE CAFÉ (B2B)

EM 08/04/2013

Também acredito que, dessa vez, o problema tá mais na venda dos fundos do que no real (des)equilíbrio entre oferta de demanda.  Como diz o autor, quem não tem nada a ver com café tá matando quem tem trazendo uma série de consequencias graves.  E, no futuro,  quando faltar produto por falta de tratos culturais, quem vai pagar por isso são os consumidores.  Defendo uma maior regularização mundial da venda a descoberto !!

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