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Novas fronteiras para o consumo de café

POR SYLVIA SAES

E BRUNO VARELLA MIRANDA

BRUNO VARELLA MIRANDA

EM 27/09/2007

6 MIN DE LEITURA

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Em geral, a preocupação de formuladores de políticas públicas voltadas ao setor cafeeiro se concentra na criação de condições para a manutenção dos preços do produto em níveis que permitam aos produtores a continuidade na atividade. Para isso, os mesmos contam com o trabalho de pesquisadores preocupados em descrever e entender a lógica por trás deste complexo problema. Evidentemente, há uma série de limitações nesta busca, originadas do fato de que as sociedades em que estes cafeicultores se inserem são via de regra bastante complexas, e compostas por diversos grupos de interesse. No Brasil, por exemplo, a análise isolada deste setor já garante controvérsia suficiente, sendo o exemplo do drawback um dos mais polêmicos.

Desta preocupação central, emergem diversas oportunidades de pesquisa, com perguntas específicas e respostas interessantes. Entre os diversos campos de estudo, aqueles relacionados ao novo perfil da demanda mundial de café é um dos mais importantes. Novas tendências, expansão do consumo em novos países, estratégias de comercialização, todos estes são temas integrantes desta área. Iniciado com pesquisas dedicadas a entender os mercados do Primeiro Mundo, são agora os países em desenvolvimento os principais alvos dos pesquisadores.

Durante algum tempo, a queda do muro de Berlim fez com que os olhares de analistas ao redor do mundo se voltassem para os efeitos do capitalismo nas economias do Leste Europeu. De fato, os dados de consumo de café nestes países sofreram mudanças significativas, e o gosto do habitante desta região pelo café solúvel motivou pesados investimentos na construção de fábricas em países como a Rússia, para nosso azar inclusive. Hoje, já é notório o mercado existente nesta porção do globo.

Na atualidade, a Ásia é a menina dos olhos dos analistas ocidentais. O impressionante ritmo de crescimento da economia chinesa é um importante chamariz, fazendo com que seja obrigatório na atualidade estar por dentro do que se passa por lá. No que se refere ao café, as notícias, apesar de boas, soam mais como promessas. Aumentando a uma taxa de cerca de 30% ao ano, o consumo de café na China é ainda relativamente pequeno, dada a irrisória importância deste produto nas cestas dos consumidores até bem pouco tempo. Mais importante é o potencial que este país oferece para os próximos anos, e que reflete os pesados investimentos realizados por redes internacionais no país.

Mais ao sul, um país com economia em forte crescimento e uma rica história possui relevância bem maior para aqueles que se interessam pelo café. Entre todos os países produtores de café, o Vietnã é talvez o que possui trajetória mais impressionante. Há apenas 30 anos, os vietnamitas não figuravam em qualquer estatística de liderança mundial na cafeicultura, caracterizando-se como um país com produção limitada e consumo praticamente inexistente. Principalmente desde o final da regulamentação internacional do mercado, é cada vez mais importante o papel do Vietnã no mapa da cafeicultura mundial, sendo um problema climático neste país, por exemplo, um indicador de aumento nas cotações.

Vietnã em destaque

Se por um lado hoje ninguém questiona o protagonismo vietnamita na produção e exportação de café, no que se refere ao consumo ainda é limitada a importância do país, particularmente considerando a influência que a colonização da França teve para o Vietnã. Por exemplo, ainda hoje os vietnamitas mantém o hábito de consumir baguetes, vendidas nas ruas em grandes cestas de vime. Dados de 2002 mostram que o consumo doméstico de café no Vietnã é pequeno. Cerca de 19,2% dos domicílios tinham hábitos diários em relação à bebida, sendo este número aumentado para 23% em feriados e datas festivas. Tendo em vista este quadro, o governo vietnamita e centros de pesquisa baseados no país começam a realizar esforços para compreender mais a fundo de que maneira se dá o consumo de café no país e como o mesmo pode ser incrementado. As informações existentes aqui são parte de um destes estudos.

Primeiramente, é marcante o maior consumo de café nas áreas urbanas do país, com destaque para os dados de venda de café solúvel, preferido no consumo doméstico em toda a Ásia. Mais importante, os gastos per capita com café são bem maiores na área urbana que na área rural. Apesar da ausência de estudos específicos em relação a esta constatação, os autores do estudo lançam a hipótese de que, além do maior consumo nas grandes cidades, contribui para este quadro o fato de que o café vendido em áreas urbanas é de qualidade superior àquele adquirido nas zonas rurais.

Do ponto de vista das empresas, o apelo do mercado exportador é ainda grande, principalmente em comparação com as limitadas receitas originadas nacionalmente. Entre os empresários do país, a impressão geral é a de que muito ainda deve ser feito em termos de propaganda e investimentos na qualidade, havendo por outro lado uma ferrenha competição que freia tais iniciativas. Justamente o temor de estar gastando para o benefício dos concorrentes o principal freio para a expansão mais rápida das atividades dessas empresas. De qualquer maneira, principalmente as líderes de mercado do país já começam a se mobilizar para garantir a diversificação e a qualidade demandadas por consumidores cada vez mais exigentes.

No que se refere às opiniões dos consumidores, os principais motivos apontados para o aumento no consumo de café são: maior oferta do produto, esclarecimento acerca dos benefícios deste hábito para a saúde e a melhora na qualidade do café comercializado, estando todas estas afirmações ligadas a um aumento nos gastos com publicidade. É justamente o aumento da confiança do consumidor naquilo que está comprando um elemento impulsionador nas vendas.

Finalmente, as recomendações realizadas pelo estudo apontam para tendências mundiais da cafeicultura, e que provavelmente deverão se consolidar também nos países asiáticos à medida que o crescimento econômico traga seus frutos para a população. Defende-se a realização de pesquisas regulares com o objetivo de captar as preferências do consumidor, acompanhadas de estratégias de comercialização amparadas na experiência de países com amplo mercado consumidor (Brasil, por exemplo). Além disso, recomenda-se uma maior atenção com o setor de cafés sustentáveis, em franco crescimento em outros países.

De resto, a progressiva integração da economia vietnamita com o resto do mundo deverá trazer as influências ocidentais necessárias para a expansão de determinadas formas de consumo de café. O crescimento do setor de cafeterias, por exemplo, deverá ser impulsionado com uma mudança progressiva nos hábitos da população, algo que já vem sendo observado de forma lenta. Da mesma forma que o café solúvel é hoje parte da cesta de consumo de milhões de vietnamitas, é de se esperar que aos poucos ganhe espaço também o setor de cafés com melhor qualidade.

Considerações gerais

O caso vietnamita é de grande interesse pois expõe tendências do crescimento do consumo de café no Terceiro Mundo. Impulsionados pelo aumento na renda e a chegada de hábitos ocidentais, os habitantes deste país têm experimentado cada vez mais o café, adicionando o mesmo ao cotidiano de suas vidas. Com isso, abre-se espaço para a diversificação no mercado, com o oferecimento de novos blends e serviços adicionados ao café, como aqueles oferecidos pela nova geração de cafeterias. Entre o apetite por lucros por parte dos empresários e a demanda crescente, é fundamental a realização de pesquisas adequadas que captem as preferências dos consumidores e consigam traduzi-las em vendas.

Do ponto de vista da organização interna da produção do Vietnã, a existência de um corpo crescente de consumidores no país contribuirá para a dinamização do setor no país, bem como para uma menor dependência do mercado internacional. E o Brasil, o que tem a ver com tudo isso? Para a cafeicultura brasileira, oportunidades geradas em outras regiões do mundo devem ser acompanhadas com grande atenção, uma vez que o componente "qualidade" será cada vez mais demandado. Em tempos de desregulamentação do mercado e crescimento econômico acentuado em outros continentes, nada melhor que se adequar às demandas destas, para aproveitar as chances apresentadas.

SYLVIA SAES

Professora do Departamento de Administração da USP e coordenadora do Center for Organization Studies (CORS)

BRUNO VARELLA MIRANDA

Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri

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IBRAHIM ABURA

TRADER

EM 02/10/2007

Estimados Maria & Bruno

Gostaria de saber como posso conseguir informacao do preco FOB em U.S.$ ( preco de marcado futuro e anterior )para os seguintes produtos:

Cafe Arabica Rio/Minas nas diversas classificacoes: 17/18, 15/16, etc.
Leite em po
Frango Halal
Carne congelada

Essa informacao e´ de grande validade para nossa empresa aqui em Toronto para assim podermos filtrar muitos pedidos e solicitacoes de possiveis clientes que desejam importar produtos brasileiros.

Desde ja muito obrigado

I.Abura

JULIANO TARABAL

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS

EM 28/09/2007

Muito informativo o artigo exposto nesta seção. Principalmente para nós que trabalhamos no setor estratégico da cafeicultura é de suma importância termos conhecimento de como se comportam nossos concorrentes e também claro conhecer seus hábitos de consumo para porque não explorarmos.

É bem latente a busca hoje em dia até mesmo da classe produtora que muitas vezes fica avessa a isto, a busca pelo conhecimento do mercado consumidor para que, após isso, se possa buscar ferramentas que diferenciem seu produto.

A conexão produção-mercado consumidor ganha cada vez mais status e importância, pois finalmente os produtores começam a entender que estes dois elos da cadeia devem andar sempre plugados e que não basta produzir, têm-se que primariamente saber pra quem vender, quando vender e claro por quanto vender, valorizar seu produto, não entregar sua produção nas mãos de oportunistas de plantão.

E para isso, é claro, os produtores necessitam de várias formas de inciativa tanto público quanto privada que os auxiliem a navegar neste novo mar de oportunidades, pois o mar é bem grande, as oportunidades existem, mas para aproveitá-las é preciso apoiar-se num tripé: qualificação, capacitação e empreendedorismo. Aí sim a cafeicultura brasileira vai deslanchar cada vez mais.

Juliano Tarabal
Gestão organizacional
GEPECCAFE-UNICERP

<b>Caro Juliano,</b>

Agradecemos o seu email. Também nos unimos as suas considerações.

Abraços,
Sylvia e Bruno

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