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Não existe remédio sem efeitos colaterais |
SYLVIA SAES
Professora do Departamento de Administração da USP e coordenadora do Center for Organization Studies (CORS)
BRUNO VARELLA MIRANDA
Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri
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CARLOS AUGUSTO ALVES FERREIRARIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ EM 29/08/2009
No meu ponto de vista o Governo tem grande culpa na situação da cafeicultura, pois não tem política definida em relação a esta cultura, é uma atividade que gera 2 milhões de emprego direto e mais 6 milhões de empregos indiretos, gerando uma receita muito maior que muitas atividades existentes que não tem tanta importância social.
Esta atividade mexe com a vida de mais de 1800 municipios de Minas Gerais e de tantas outras regiões. Vcs veem as montadoras receberam enxuradas de dinheiro do Governo Federal, sem empregar tantos trabalhadores como nós, da cafeicultura, em que todo dinheiro ganho na atividade fica nos municipios, movimentando o comércio e atividades coligadas. No caso das montadoras, o dinheiro vai quase todo para fora do país. Não tenho nada contra as montadoras, mas a importância sócio-econômica da cafeicultura é muito maior. O governo tinha que olhar para cafeicultura e dar a ela toda atenção que merece, pois se o Brasil é o que é hoje é graças aos seus bravos cafeicultores, que vem dando seu suor anos e anos sem um pingo de apoio da parte dos governantes. Carregamos nas costas diversos governos em tempos e épocas diferentes, desde a época dos nossos avós, temos muita história pra contar e espero que não deixem a cafeicultura acabar, pois junto com ela, uma grande parte da historia do Brasil se acabará também. |
JERÔNIMO GIACCHETTACABO VERDE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ EM 28/08/2009
Sylvia e Bruno,
Adam Smith imaginava um mundo econômico totalmente aberto para fundamentar sua análise de tendência liberal, o que não é realidade hoje. Sabemos que grupos de interesse, medidas de proteção e salvaguardas comerciais são a tônica do mundo comercial contemporâneo, principalmente no agronegócio. Portanto, qualquer análise do mercado cafeeiro que possa defender a aplicação do modelo liberal, sonho de muitos e inclusive o meu, só teria efeito se abrangesse todos os países interessados na matéria, sejam consumidores ou produtores e também os intermediários dos negócios. Dentro da cadeia produtiva do café estão o governo municipal, estadual e federal fazendo parte de todas as alegrias e tristezas deste negócio. O governo não é uma entidade externa aos problemas do agronegócio café. Os problemas de hoje dos cafeicultores não surgiram do dia para a noite nem de um agente só. Toda a cadeia é responsável pelo aumento da produção e produtividade que criaram excedentes exportáveis e trouxeram divisas ao país, seja isto positivo ou negativo, dependendo da ótica de cada um. A ação de governo juntamente com o setor produtivo, deve, é claro, abranger a linha de se construir vantagens competitivas permanentes pensando a cadeia a longo prazo e incluindo o governo que representa a população brasileira dentro da análise, e não fora dela. Quem ganha ou perde com as ações é o povo brasileiro. Agora, se olhar na ótica econômica de se alocar com eficiência recursos escassos, o governo perdeu credibilidade, porque como disseram no artigo, em questões de governo nem tudo deveria ser permitido, como alavancar recursos públicos para custear atos secretos e obscenos na vida pública brasileira. Nesta ótica, realocar recursos para o agronegócio tem um custo benefício muito maior, principalmente no café. A novidade é o chamado indice de produtividade, nada melhor para se abandonar de vez a atividade e se desestruturar a mais antiga cadeia produtiva do agro brasileiro. A ação do governo deve ser não só de apagar o incêndio que se previa a tempos, mas também de fazer a manutenção da estrutura cafeeira, através de mecanismos inteligentes de gestão de risco e também na sua atuação firme na defesa do nosso café no mercado internacional, equalizando nossa legislação com as dos países concorrentes - o que não é lá muito fácil, mas deve ser feito, até para fazer valer a teoria Smithiana do livre mercado, mas em igualdades de condições de competir. Isto inclui os temas nevrálgicos, meio ambiente, trabalhista e questões tributárias. Parabéns pelo artigo e pela oportundade de discuti-lo. |
RENATO REZENDE PAIVAVARGINHA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ EM 28/08/2009
Algumas qestões precisam ser melhor conhecidas quando se trata de café. Primeiro, que é uma commodity importante sócio-economicamente para o país, que precisa traçar estratégias, ordenar oferta, negociar barreiras...
Segundo, lembrar que aconteceram transformações profundas no mercado mundial, na produtividade, qualidade, alteração nos blends, diferenças e aumento nos custos, e que cada produtor e cada região buscou se adaptar sem que o Estado fizesse sua parte; buscou-se a renovação de lavouras e variedades, sistemas de colheita, produtividade e qualidade através de investimentos em descascadores em regiões onde a bebida era impecílio, e os preços ficaram deprimidos. Então, nada mais justo que dar-se um prazo para estes produtores, que em sua maioria se encontram nestas regiões mais tradicionais, e que, naturalmente demandaram tais mudanças, pagarem estas contas. Diga-se de passagem, os recursos do Funcafe foram formados justamente por estes produtores (destas regiões) e deveriam servir para tanto. |
EDUARDO LANA DA CRUZSERRA DO SALITRE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ EM 27/08/2009
Parabéns Sylvia e Bruno,
O que você e Bruno comentam nestes últimos dois artigos de grande repercussão, vem ao encontro de tudo o que sempre pensei sobre cafeicultura, e qualquer outra atividade. Não é função do Estado favorecer esta ou aquela classe que se encontra em momentos de dificuldades. É claro que qualquer atividade conta com suas linhas de crédito e financiamento, para incentivar o desenvolvimento econômico de qualquer país. E é nesse ponto que quero chegar: as linhas para se trabalhar na cafeicultura estão aí: os RO´s, o Funcafé, as linhas de investimentos, Moderinfra, Finames, e ao meu ver é o que basta, pois querendo ou não, a atividade agropecuária é como qualquer outra atividade comercial, há concorrência sim e pesada. Ou um cafeicultor da Bahia não é um concorrente direto de um cafeicultor da Zona da Mata Mineira? Claro que é. Então, onde há concorrência, tem que existir o mérito. Se há pessoas que mesmo em meio a mais esta crise da cafeicultotura conseguem sobreviver devido as suas capacidades administrativas, porque puni-las, ajudando cafeicultores ineficientes, e que vivem escorados nas costas do governo? Sabemos nós, cafeicultores sérios, e que somos a maioria, que estes cafeicultores endividados são sempre os mesmos. Com tudo isso, a cafeicultura brasileira continuará capengando para todo o sempre. |
RENATO H. FERNANDESTEIXEIRA DE FREITAS - BAHIA - COMÉRCIO DE CAFÉ (B2B) EM 27/08/2009
Caros Sylvia e Bruno,
Há cerca de dois meses, numa viagem de ônibus entre o Extremo Sul da Bahia e Vitória/ES, me deparei com um casal utilizando máscaras cirúrgicas. Imagino eu, que visassem se proteger da gripe A, apesar da não ocorrência, até então, de casos da doença em nenhum dos dois estados. A "crise da cafeicultura nacional" me lembra a questão da nova gripe. Certamente há problemas graves, mas pouco se fala sobre seu real dimensionamento e localização. É como se proteger de uma epidemia que não chegou, e com equipamentos de pouca utilidade. Todo remédio tem efeitos colaterais, como vocês bem disseram. Sem um diagnóstico (anamnese) bem feito, há que se contar com a sorte pra que os sintomas não retornem mais fortes no futuro. Além de que, muitos remédios são amargos e, numa discussão tão politicamente contaminada como a atual, quem se atreverá a receitá-los? Os problemas estruturais da cadeia produtiva do café do Brasil são mais do que conhecidos, mas "nos preocupamos com a gripe da vez e continuamos a morrer num sistema estatal de saúde caro e precarizado". Assim como o H1N1 é o vilão da hora, tem havido uma vilanização exacerbada entre os elos da já pouco estruturada cadeia do café e, com os nervos à flor da pele, não se busca ações de médio-longo prazo. Tenho uma percepção um tanto assustadora quanto à cafeicultura brasileira. Os produtores mais competitivos produzem a custos mais baixos e possibilitam a queda dos preços, que obviamente é o que qualquer comprador deseja e tenta forçar, com a forte ajuda de nossa expressiva, mas não dominante participação no mercado mundial. Tal queda mina ainda mais a competitividade dos produtores que têm restrições técnico-gerenciais e de escala, que acabam vendendo "por necessidade (Luiz Hafers)" e a retro-alimentando. Será que o governo poderia assumir a tarefa de fomentar (sem recursos a fundo perdido, vale ressaltar!) a re-conversão dos hoje pouco competitivos e apoiar a saída do negócio daqueles cuja aptidão é restrita? Como a cadeia produtiva, de forma conjunta, pode desatar esse nó? Interessa realmente à sociedade? Apesar de todas as questões, mais do que conhecidas e debatidas, de transferência de renda e concentração do mercado internacional de café, é inegável que o produto passa por um processo de valorização poucas vezes observado (valor intrínseco, não financeiro). Estaremos tratando da nova crise da dívida da cafeicultura brasileira daqui a dez anos? Parabenizá-los é uma agradável rotina. Abraços, |
JOÃO CARLOS REMEDIOSÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ EM 27/08/2009
Parabéns pelo tema abordado. Em se tratando de um produto que o Brasil ainda é o maior produtor mundial e caminhando para ser o maior consumidor, o café tem que estar nos planos de qualquer governo.
O Brasil é um país de extensão continental. Por isso a grande diferença em nossas regiões produtoras de café e, consequentemente, as diferenças na produção e no tipo de café produzido. Dá para o Estado saber o custo mínimo para se produzir uma saca de café, independentemente da região. Claro que produzir café em regiões mais produtivas será mais lucrativo, mas produzir café em regiões de produção menor não poderá dar prejuízos. Hoje, independente da região que esteja produzindo café o prejuízo é certo em maior ou menor quantidade, mas, é certo. Não tem como o Estado brasileiro seguir omisso. O café tem sua grande importância sócio-econômica que precisa ser levada em conta. Um desempregado no campo não deixará de ser um desempregado. E isso está acontecendo com bastante frequência na cafeicultura. Não estamos mais em condições de evitar as demissões. Essa ajuda que o Estado tem nos oferecido é sempre bem-vinda, mas, não tem surtido efeito quanto à formação e a manutenção do preço do produto. Hoje o produtor brasileiro de café está pagando um preço bastante alto às custas da falta de uma política mais contundente. Não tem como o Brasil deixar a cafeicultura de lado. Nunca seremos um problema para nenhum governo, seremos sempre solução junto a ele. Ainda há tempo para a cafeicultura. |
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