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Há espaço para a confiança nos negócios?

POR BRUNO VARELLA MIRANDA

E SYLVIA SAES

BRUNO VARELLA MIRANDA

EM 16/06/2011

2 MIN DE LEITURA

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Vez ou outra, os acadêmicos são acusados de isolamento na chamada "torre de marfim". Teorias inúteis, bradam os mais revoltados, são produzidas enquanto, no mundo real, a lógica de funcionamento das coisas segue rumo diverso. Os economistas não escapam dessas queixas; questiona-se, entre outros fatores, a falta de realismo dos modelos e a adoção de hipóteses "absurdas".

Isso não impediu o avanço das pesquisas e, quem sabe, a legitimização de determinadas posições fantasiosas. Para muitos economistas, inclusive, não há nada a temer. Milton Friedman é o melhor exemplo de defesa dos modelos amparados em pressupostos "absurdos"; para o economista norte-americano, é suficiente que essas ferramentas nos ajudem a entender o futuro.

Ainda assim, é interessante notar que alternativas a essa descrição fantasiosa da realidade surgem na própria academia. Na coluna dessa quinzena, queremos falar sobre um artigo, publicado há cerca de 15 anos, que questiona um pressuposto básico da economia. O texto de Brian Uzzi, intitulado "As fontes e consequências do enraizamento para a performance econômica das organizações", busca demonstrar que a visão predominante de um sistema econômico composto por agentes atomizados, buscando o seu auto-interesse sob a lógica do "cada um por si", difere das observações do mundo real.

Obviamente, a constatação de Uzzi seria insuficiente para convencer um Friedman, por exemplo. Afinal, se a caracterização do mundo como um conjunto de indivíduos sem relações sociais buscando o auto-interesse fosse suficiente para prever resultados, não haveria motivo para abandoná-la. Uzzi, porém, vai além, demonstrando que a estrutura e a qualidade dos laços sociais entre as firmas ajudam a explicar a criação e o acesso a oportunidades de negócios. Ou seja, as relações sociais de um agente econômico podem determinar o seu êxito nos negócios.

Uzzi, contrariando a visão predominante na economia, demonstra em seu estudo que a confiança constitui um mecanismo de governança capaz de promover o intercâmbio voluntário de informações entre os indivíduos. Da mesma maneira, facilita a adaptação do relacionamento caso surjam imprevistos. Afinal, a proximidade permite o aprendizado com os parceiros no negócio, aumentando a possibilidade de encontrarem uma solução para os problemas.

A conclusão de Uzzi pode parecer banal a muitos. Ora, dirão esses leitores, sempre percebi em meus negócios que a confiança nos parceiros constitui uma importante garantia contra imprevistos. Outros certamente se lembrarão de casos em que, aconselhados por um conhecido, foram capazes de aproveitar uma oportunidade de negócio.

Podemos, então, concluir que a identificação das oportunidades de negócio deriva unicamente do contato com os integrantes da rede? Errado. Uzzi nos lembra que uma empresa, ao se limitar ao contato com os "conhecidos", perde a chance de observar potenciais oportunidades nos chamados mercados impessoais. Uma das principais vantagens dos mercados é a sua capacidade de disponibilizar informações aos agentes. Embora nem todo tipo de dado possa ser ali conseguido, há muito o que se obter. Nesse sentido, abrir mão dessa potencialidade é algo tão nocivo quanto ignorar a importância da confiança na condução dos negócios.

Portanto, acreditar que a competição pura e simples levará à eficiência soaria inocente. Indo além, é necessário levar em consideração o conjunto de relações das firmas e a maneira como esta aproveita as vantagens da proximidade com os seus parceiros. Tudo indica que a combinanção entre exposição à concorrência e agentes em quem confiar representa a melhor combinação para sobreviver à dura rotina econômica.

BRUNO VARELLA MIRANDA

Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri

SYLVIA SAES

Professora do Departamento de Administração da USP e coordenadora do Center for Organization Studies (CORS)

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