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Foto ilustrativa: Érico Hiller/ Café Editora
Uma boa forma de pensar no termo "eficiência" é associá-lo com um meio para a obtenção de determinado objetivo. Nesse sentido, eventuais benefícios derivados de um "aumento da eficiência" serão distribuídos segundo a natureza desse processo. Para complicar as coisas, porém, mesmo tal mensagem varia de acordo com o seu portador: ao defender maior "eficiência", é possível que distintos indivíduos estejam priorizando cenários particulares. É necessário reconhecer que, sob um ponto de vista teórico, todas as definições de "eficiência" convergem rumo a um desfecho comum. No mundo real, entretanto, são raríssimas as ocasiões em que observamos condições próximas às dos modelos abstratos. Logo, as nuances da definição importam.
Deixando a abstração de lado por um momento, é interessante resgatar os possíveis sentidos do termo "eficiência" para os economistas. Tal ideia está ligada, em primeiro lugar, aos aspectos técnicos da produção. Para ser mais específico, variáveis como a tecnologia usada ou os conhecimentos adquiridos influenciam aquilo que um indivíduo consegue como resultado do uso de um conjunto de insumos. O agricultor utiliza água, fertilizantes, mão-de-obra, sementes, terra, etc., para produzir determinada quantidade de algo. Aqui, o grande desafio é conseguir mais com menos, ou seja, aumentar a produtividade. Em geral, tais saltos são conseguidos graças à mudança tecnológica ou a uma melhoria nos níveis educacionais da população. Uma viagem pelo interior do Brasil oferece inúmeros exemplos dessa realidade em transformação.
Outro possível significado está relacionado à eficiência nos intercâmbios entre os indivíduos. Trata-se de uma ideia complexa, cujo sentido deriva da existência de vida em sociedade. Entre os economistas, é conhecida a contribuição teórica do italiano Vilfredo Pareto, cujos escritos influenciam a avaliação de políticas há mais de 100 anos. Para entender essa ideia, vale a pena partir de uma simulação simples, com apenas dois indivíduos trocando bens entre si. Segundo a visão que nasce com o trabalho de Pareto, melhorar a situação de uma dessas pessoas só é legítimo caso a outra não seja prejudicada. O limite da eficiência, assim, seria o ponto em que fosse impossível deixar alguém melhor sem que os outros membros do grupo ficassem pior.
Finalmente, número crescente de analistas têm chamado a atenção para a importância do desenho organizacional para a promoção de maior eficiência. Mais especificamente, diferentes formas de gerir um negócio acarretam custos específicos. Organizações mais bem adaptadas ao meio em que atuam, ao atingir seus objetivos usando menos recursos, terão melhores condições de sobreviver no curto prazo. Um aspecto interessante da eficiência organizacional é o fato de que, ao contrário das tecnologias associadas à eficiência de caráter técnico, estamos diante de trunfos de difícil imitação. Muitas empresas derivam sua resiliência de rotinas difíceis de traduzir em manuais e, por isso, únicas. Logo, vantagens baseadas em ganhos de eficiência organizacional tendem a resistir por um prazo maior do que aquelas obtidas por meio da adoção de novas tecnologias.
Conhecer as distintas interpretações para "eficiência" permite a abertura dessa verdadeira caixa-preta em muitas das nossas conversas sobre política, negócios, vida pessoal. Na próxima vez em que o termo for lido ou ouvido, vale a pena perguntar-se: (i) eficiência, no diálogo em questão, é um meio para qual objetivo? (ii) o que explica essa busca por maior eficiência? Pressões dos concorrentes ou o desejo de sermos os primeiros a fazer algo? (iii) seria alguém prejudicado por esse suposto aumento da minha eficiência? Esse potencial prejuízo seria absoluto ou relativo? Tratam-se de questões complexas, é bem verdade, mas que ajudam a dar um significado mais concreto para uma palavra muito usada e pouco explicada. Talvez assim, sejamos capazes de não apenas usar o termo "eficiência" com frequência mas também relacioná-lo com estratégias concretas para nosso cotidiano.
