Segundo Leandro Martignon, corretor da Marex, os mercados de café, açúcar e cacau vêm seguindo as flutuações do mercado de energia, com o fluxo de capital direcionado para commodities em geral. "O que se tem notado é que quando o preço do petróleo sobe, o café também sobe", disse.

Ontem, dia 08, a Conab divulgou que a estimativa da produção de café para esse ano é de 45,5 milhões de sacas, valores menores do que esperado por outras agências nacionais.

Em entrevista exclusiva ao CaféPoint, Leandro afirmou que a divulgação da estimativa de produção de café do Brasil, maior produtor mundial do produto, sempre será recebida com importância no exterior, sendo também do conhecimento do mercado internacional que o ano que vem será de safra menor em relação a 2008. "Este fato pressiona os preços futuros do café e gera expectativas de que para o ano que vem as sacas sejam cotadas acima do valor atual", explica.

De acordo com suas análises, a valorização do dólar frente ao euro e libra esterlina nos últimos dias, (depois de ter perdido valor por um longo período em relação a elas) caminhava em direção oposta ao que estava ocorrendo no Brasil com a valorização do Real devido ao grau de investimento dado pela agência Standard & Poors. "Agora vamos torcer para que se atinja rapidamente um equilíbrio na balança comercial, que a cotação do dólar se estabilize e não permita que o Real supervalorizado "coma" todo o lucro do produtor", declara.

De acordo com a Mellão Martini, "compras de indústrias no início do dia deram sustentação aos preços e coberturas de posições vendidas por parte de especuladores e locais impulsionaram as cotações. A divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril, prevista para amanhã (hoje), pode ter gerado cautela entre os investidores".

Em Nova York, os índices do mercado cafeeiro apresentaram alta de 2,88% para a posição maio/08, que fechou a US$ 133,90cents/lb, ou R$ 299,84/sc, com valorização de 375 pontos em relação ao dia anterior. Julho/08 valorizou 2,63%, e alcançou US$ 134,55 cents/lb, ou R$ 301,30/sc.

Gráfico 1. Contrato café, ICE Futures U.S.


Tabela 1. Comparativos das principais Bolsas de café


Dólar

Segundo o Infomoney, o dólar comercial emendou o quarto avanço consecutivo no fechamento desta quinta-feira (8). Diante do bom humor que predominou sobre os mercados, as negociações foram marcadas pela cautela sobre as perspectivas de curto prazo para a moeda norte-americana.

"O grau de investimento segue em pauta no Brasil, enquanto a temporada de resultados mais uma vez norteia as bolsas norte-americanas. O consumo parece não ter sofrido grandes impactos com a crise nos EUA, tendo em vista o volume de vendas acima do esperado de varejistas como Wal Mart e a Costco", publicou o site.

Conforme seus analistas, o dólar reagiu às especulações sobre medidas que o governo possa vir a tomar em relação às dificuldades que o real forte impõe para o setor de exportações. Ao mesmo tempo, o mercado tenta antecipar qual será a força de entrada de divisas que o "investment grade" pode proporcionar ao País. Além disso, a criação de um fundo soberano que pode ser de US$ 20 bilhões, de acordo com projeção do ministro da Fazenda, também influenciou a valorização da moeda norte-americana, que fechou com alta de 1,17%, a R$ 1,6928, de acordo com o Banco Central.

Gráfico 2. Cotação do dólar (R$)


Mercado do robusta

Em Londres, a quinta-feira terminou em alta 44 pontos para maio, a US$ 2141/t ou R$ 217,46 por saca. Julho fechou a R$ 219,79/sc e Setembro, R$ 219,59, com alta de 43 pontos, ou seja, 2,03% a mais que no dia anterior.

"Ninguém está comprando café agora", disse um corretor de Londres. "A indústria já fez seus estoques", completa. "O Vietnã está retendo aproximadamente 100 mil toneladas de café do mercado, o que está sustentando os preços", afirmou outro. O dólar mais forte também está enfraquecendo o mercado, informou a Dow Jones Newswires.

Gráfico 3. Contrato café, LIFFE


BM&F

A Bolsa de Mercadorias & Futuros de São Paulo fechou em alta de US$ 3,95 para a posição setembro/08, a US$ 163,75/sc. Maio fechou a US$ 156,90/sc; julho, US$ 159,15/sc e dezembro, US$ 167,55/sc, com +US$ 4,05.

Gráfico 4. Contrato café, BM&F


Tabela 2. Principais Indicadores, Bolsas e cotação do Dólar


Mercado físico

A saca do Arábica tipo 6 bebida dura para melhor foi negociada a R$256,00 em Guaxupé com valorização de R$ 5,00. A safra nova em Araguari (Triângulo Mineiro) e Patrocínio (Alto Paranaíba) permaneceu a R$ 250,00. Todas as principais praças também mantiveram o preço da saca inalterados. Franca manteve seus R$ 260,00/sc. Em Caratinga, na Zona da Mata, a safra nova foi negociada a R$ 245,00 novamente. A saca de café despolpado em Vitória da Conquista/BA ficou em R$ 245,00, como no dia anterior. O indicador Cepea/Esalq registrou alta de 1,34%, e encerrou o dia a R$ 254,02/sc.

As sacas do Arábica, tipo 6, bebida dura; Arábica, tipo 6, bebida riada; e Arábica, tipo 6, bebida rio também valorizaram R$ 5,00 em Guaxupé, negociadas a R$251, R$241 e R$ 237/sc, respectivamente.

O Conilon tipo 6/7 com mais de 90% de peneira 13, negociado em São Gabriel da Palha/ES, continuou a R$ 203,00. O índice Cepea/Esalq cedeu R$ 0,30, fechando a R$ 210,49/sc.

Gráfico 5. Indicador Esalq-arábica x contrato BM&F


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Julio Frare, equipe CaféPoint