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Adubação orgânica ou não, eis a questão

POR ANDRÉ GUARÇONI M.

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 23/10/2006

3 MIN DE LEITURA

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Muitos séculos antes de Cristo o homem já sabia da importância de nutrir as plantas, visando aumentar a produção das lavouras. Textos Egípcios, Gregos, Romanos e Árabes recomendavam a aplicação de diversos materiais fertilizantes para aumentar as colheitas. Incluíam-se nesses materiais toda a gama de estercos existentes, restos culturais e de vegetação espontânea, cinzas, sangue e até cadáveres.

Na América Pré-Colombiana, a capacidade fertilizante de diversos materiais era também utilizada e a agricultura, dos povos mais avançados, muito desenvolvida. Exemplo disso são os terraços Incas e as ilhas artificiais flutuantes dos Astecas, que utilizavam o lodo do fundo dos lagos como adubo. Dessa forma, é correto afirmar que o homem sempre utilizou adubos orgânicos em suas lavouras, desde os primórdios da agricultura.

Mas por que, nos dias atuais, utilizam-se mais adubos minerais (uréia, superfosfato simples, cloreto de potássio, etc.) do que adubos orgânicos (estercos, palhas, compostos, etc.)?

Simples, porque a população mundial aumentou muito mais do que o volume de adubos orgânicos disponíveis para elevar a produção das lavouras na mesma magnitude.

O Índio Americano sabia que, enterrando um peixe sob a planta de milho, a produção aumentava. Porém, o número de plantas era bem maior que o número de peixes, revelando o maior problema da adubação orgânica até os dias de hoje: baixa concentração de nutrientes nestes materiais, acarretando a necessidade de grande volume de adubos orgânicos para a nutrição adequada das lavouras.

No quadro abaixo são mostradas as concentrações de nutrientes em alguns adubos minerais e orgânicos, bem como o número de kg dos adubos orgânicos equivalentes a uma saca (50 kg) de determinado adubo mineral.


Os resultados desse quadro muitas vezes chegam a impressionar. De quanto seria o gasto com o transporte desses adubos orgânicos até a lavoura e quanto esforço seria necessário para aplicar essas quantidades de adubo orgânico em lavouras de café plantadas em regiões com elevada declividade? Cada produtor deve responder conforme suas condições locais e decidir por si próprio.

É importante ressaltar que as concentrações de N, P e K são diferentes em um mesmo adubo orgânico. Uma aplicação de 700 kg de composto orgânico pode ser equivalente a uma saca de 50 kg de superfosfato triplo, mas esse mesmo adubo apresenta baixa concentração de N. Assim, mesmo com aplicações maciças, alguns macronutrientes podem ficar abaixo do nível de exigência do cafeeiro.

É também necessário distinguir entre adubo orgânico produzido no local, onde a única adição para o reservatório solo é o nitrogênio fixado por leguminosas, caso do feijão-de-porco, e adubo orgânico produzido em outro lugar, que traz um ganho líquido de nutrientes.

Os adubos orgânicos aplicados em menores quantidades, por outro lado, apresentam níveis adequados da maioria dos micronutrientes (Zn, Cu, B, Mn, etc.), uma vez que o cafeeiro necessita desses elementos em pequenas quantidades. Portanto, quem aplica adubos orgânicos em sua lavoura, raramente terá problemas relacionados à deficiência desses nutrientes.

Os adubos orgânicos são, ainda, extremamente necessários para melhorar a estrutura do solo, tornando-o mais poroso, com maior capacidade de reter nutrientes e água, reduzindo os problemas causados por manejos inadequados. A melhoria nessas características do solo certamente irá se refletir em aumento de produção.

Existem correntes ideológicas que pregam a utilização quase exclusiva de apenas um dos dois tipos de adubo (mineral ou orgânico). No entanto, como o produtor bem sabe, qualquer extremismo tende a mostrar seus erros com o passar do tempo.

Um dado Europeu mostra que a lixiviação de nitrogênio, e a adição deste nos corpos d'água, é significativamente maior com o uso de estercos e chorume em elevadas quantidades do que com a aplicação correta de fertilizantes minerais.

Conclusão

Considerando o exposto, pode-se afirmar, apenas, que adubo mineral não é veneno e que adubo orgânico não deve ser utilizado somente por ecologistas.

A utilização conjunta, mas não na mesma formulação, dos dois tipos de adubo, visando-se aproveitar ao máximo os benefícios que cada um deles pode fornecer, parece ser a forma mais racional de adubação, deixando os extremismos para aqueles que não sentem no próprio bolso o peso de decisões equivocadas.

ANDRÉ GUARÇONI M.

D.Sc. em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Federal de Viçosa-MG. Pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper)

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RAONI DA SILVA CORREIA

VITÓRIA DA CONQUISTA - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 22/08/2008

Caro André,
Parabenizo-o pelo artigo escrito. Nunca li uma resposta tão perfeita como a que você deu ao Raphael Henrique de Oliveira. Grande abraço a todos.
EDUARDO MARTINS ROCHA

MATO GROSSO DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 28/04/2008

Caro colega André,
Gostaria de parabenizá-lo pelo artigo escrito com muita atenção e conhecimento de sua parte.
Gostei também da sua resposta ao colega Raphael Henrique de Oliveira, que gostaria de desmoralizar seus conhecimentos.
um forte abraço a toda equipe do CaféPoint, que sempre nos traz boas informações.
EDSON BARTOLAZZI

BOM JESUS DO ITABAPOANA - RIO DE JANEIRO - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 23/04/2008

Caro André, estou há mais de uma hora lendo seus artigos. Gostei demais da resposta que você deu ao Raphael, mostrou BOM SENSO.
Aproveito a oportunidade para fazer os seguintes questionamentos:
1. Dia de 18 deste, terminei de plantar 4 mil covas de café CATUCAI. Em relação a adubação foi a maior novela - queria colocar FOSMAG F44 mas não encontrei para comprar. Bom, aí veio a questão calcário x super simples. Comecei a fazer a mistura separada, juntava e misturava na cova, isso manualmente, para que ficasse bem misturado (pois já tinha informação de que um não gosta do outro). Bom, aí me disseram que não precisava de tanto trabalho, era só jogar os dois na cova misturar bem, foi o que fiz. Cumprindo observar que além da terra estar úmida, às vezes chovia em seguida. Como li seu artigo, onde você cita a água como potencializadora da formação do P - Ca, ficou a dúvida: será que fiz correto? Como saber se a planta está ou não aborvendo de forma total os nutrientes?
2. Usei o espaçamento de 2.5 x 1.5, pois pretendo plantar PALMEIRA REAL no meio, o que acha?
3. Pretendo ainda, plantar MUCUNA PRETA, visando além da fixação do nitrogênio, fazer cobertura orgância (aproveito, para ter perguntar se o grão da mucuna - cozido - pode ser usado para alimentação animal, como galinhas, peixes e porcos, apesar de não ser sua área), o que acha?
MARCOS DE OLIVEIRA BETTINI

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/08/2007

Caro André,

Gostei do artigo e concordo com suas colocações sobre o tema. Achei e esperava um pouco mais de aprofundamento no tema. As novas tecnologias como extratos húmicos, aminoácidos, bioestimulantes e outros produtos de origem orgânica têm sido muito utilizados no mercado cafeeiro, justificando maior discussão.

Segundo se sabe NPK são elementos químicos presentes em fertilizantes minerais, orgânicos e na maioria dos seres vivos vegetais e animais. Todos precisamos e contemos NPK. Lamentável a visão mal fundamentada que o colega Raphael tenta patrulhar, apesar de seu correto apelo em nome da natureza e da melhor distribuição de alimentos.

<b>Prezado Marcos,</b>

Esses produtos (extratos húmicos, aminoácidos, bioestimulantes, etc.) têm sido muito utilizados na cultura do café, como você bem mencionou. Escrever sobre esse tema é complicado, especialmente porque não há pesquisas científicas suficientes e consistentes sobre a aplicação desses produtos em café. Existem, sim, relatos de caso e fotografias.

Na pesquisa científica, devemos separar os efeitos, bem como as interações, dos elementos ou moléculas constituintes desses produtos, que são verdadeiros coquetéis. Por exemplo: aplicamos um produto constituído por diversos elementos e moléculas. O produto tem efeito positivo, mas qual, ou quais, elementos e moléculas foram responsáveis por esse efeito. Isso é de extrema relevância, pois podemos aplicar produtos extremamente elaborados, em que apenas um ou dois elementos estão surtindo efeito. Mas e o resto? O resto transforma o produto em sucesso de mercado, mas sem efeito consistente na produção ou qualidade.

Entretanto, os relatos de caso e fotografias mostram um efeito surpreendente, não é? Sim, isso é possível. É possível que os produtos sejam eficientes. Mas sem comprovação científica, não podemos tomar posição, pois envolve gasto de recursos. Um equívoco freqüente é comparar a aplicação de determinado produto com uma testemunha que nada recebeu. Se eu aplicar água pura em um talhão, a produção será maior e as plantas ficarão mais vistosas do que no talhão que nada recebeu. Isso não é pesquisa científica.

Existe, também, o efeito do acaso, que na pesquisa científica é controlado. Mas isso é outra longa história. Além disso, pesquisas esporádicas não querem dizer muita coisa, mostram, apenas, a possibilidade. Só quando um número adequado de pesquisas mostra consistência em diversas regiões, podemos afirmar que a tecnologia desenvolvida é, realmente, eficiente e incontestável.

A partir dos fatores relatados, acredito ser prematura uma tomada de decisão em relação à aplicação desses produtos. Eles podem ser eficientes, mas falta, ainda, prova inconteste disso.

Agradeço suas palavras.

Qualquer dúvida volte a escrever para o CaféPoint.

André Guarçoni M.

JAERDIL OLIVEIRA DUTRA

MANTENA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 06/08/2007

Claro, preciso e realista. Suas considerações e seus estudos servirão de base para que eu possa melhorar o manejo de minha lavoura. Parabéns e obrigado!
EDER JUFO

GUAÇUÍ - ESPÍRITO SANTO - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 16/01/2007

André, parabéns pelo artigo e, principalmente, pela sua resposta ao Raphael.

JOSÉ ANTONIO PADIAL POSSO

MONTE CARMELO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 04/01/2007

Valeu André!

Muito bom seu artigo. Sempre me interesso por textos que me ajudem a equilibrar a nutrição do meu cafezal.

Abraços.
RAPHAEL HENRIQUES DE OLIVEIRA

VITÓRIA DA CONQUISTA - BAHIA - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 03/12/2006

Olá,

Não entendi a intenção deste artigo, pois a agricultura orgânica é apenas um processo de transferência para agricultura natural, ou seja, onde o sistema da propriedade está em equilíbrio, não precisando assim de NPK.

Outra coisa, não visamos nutrir a planta e, sim, equilibrar o solo. Para você o solo pode ser um vaso morto que se coloca todo adubo que a planta precisa, para nós o solo é vivo e não suporta adubos químicos, que destroem a vida microscópica deste. É claro que alguns produtores orgânicos não visam isto, porém não podemos generalizar.

Ficam as perguntas:

O que fazer com os resíduos químicos deixados pelos adubos fosfatados? O que fazer com a desertificação de áreas imensas a troco de "nada"?

O problema da fome no mundo não é a falta de alimento e, sim, a má distribuição. Nossa soja transgênicas não vai para África matar a fome, vai para Europa alimentar os confinamentos com altos subsídios.

Enfim, acredito que a pessoa que escreveu este artigo deveria se informar melhor e aproveito o momento para pedir uma publicação que trate da agricultura ecológica de maneira mais técnica e correta.

Agradeço a oportunidade de me expressar.


<i>Prezado Raphael</i>,

Agradeço, sinceramente, suas considerações. Críticas construtivas são sempre bem vindas, uma vez que, nos permitem conhecer o pensamento de outras pessoas. Podemos discordar, mas com respeito e humildade suficiente para compreendermos que não somos donos da verdade. Suas afirmativas são relevantes, tanto que tentarei expressar a minha visão sobre cada uma delas.

Antes de tudo, deve ficar claro que não me propus a escrever sobre agricultura orgânica, agricultura natural ou agricultura ecológica, pois esses temas não são de minha competência. Entretanto, em meu artigo, reforço a importância da adubação orgânica para elevar a produção das lavouras. Isso é fato.

Não sei se você sabe, mas com a retirada de um produto do sistema (colheita), é impossível que qualquer equilíbrio seja mantido, especialmente em relação à fertilidade do solo. Serão necessários, sempre, "inputs" externos, que podem ser orgânicos. O problema é esclarece como transportar esse enorme volume de material orgânico até a área. Infelizmente, você não disse em quanto tempo será atingido esse "equilíbrio" e qual o nível de produtividade da lavoura antes do "equilíbrio". Espero que você tenha outras áreas já em "equilíbrio", pois não imagino como você irá se sustentar nesse período.

Para mim, terminantemente, o solo não é um vaso morto. Dado o meu nível de conhecimento do solo, é um grande equívoco de sua parte acreditar que penso dessa forma. Inclusive, as interações entre os nutrientes e a biota do solo são exaustivamente estudadas. Por outro lado, pode não ser de seu conhecimento, mas, conceitualmente, o solo nunca poderá ser considerado como um organismo vivo, uma vez que, apresenta, em média, 45 % de material mineral e, apenas, 5 % de material orgânico, sendo que, organismos vivos não devem chegar a 0,5 %. O restante é ar e água.

Não sei se você sabe, também, mas os adubos minerais não destroem a vida microscópica presente no solo, inclusive, em muitos casos, podem aumentar a taxa de proliferação e a atividade dos microrganismos. Sinceramente, não sei de onde você tirou essa idéia. Espero que seja de algum artigo científico, científico mesmo, publicado em revista de renome internacional. Tudo bem, pode ser nacional mesmo.

Os "resíduos" deixados pelos adubos fosfatados são aproveitados nas safras futuras. Essa característica é chamada de efeito residual e é uma importante forma de se economizar recursos. Talvez não seja de seu conhecimento que o fosfato é imóvel no solo. O fósforo ligado a compostos orgânicos é que apresenta grande mobilidade, podendo causar eutrofização de corpos d'água. A desertificação de "áreas imensas" não é causada pelos adubos minerais. Esse fato advém de outras práticas agrícolas mal planejadas, especialmente o controle inefetivo da erosão.

Qualquer pessoa, que tenha um nível de cultura mediano, sabe que são políticas as causas da fome no mundo. Quanto a isso, concordo plenamente. Sou sensível a essa causa. Mas, se não fossem os adubos minerais, o número de pessoas a passar e fome seria muito maior. Isso é fato.

Gostaria, sinceramente, de poder enviar a produção de minha lavoura, de graça, aos necessitados da África. Mas tenho família e não sou rico, logo, preciso vender o fruto do meu trabalho pelo maior valor possível. Após todos os seus argumentos, acredito que você doe boa parte de sua produção aos necessitados. Sinto muito se não posso fazer o mesmo.

Há tempos não tenho tanto incentivo para estudar e me aprofundar cada vez mais, nos meandros da fertilidade do solo, quanto ao ler suas considerações.

Mais uma vez agradeço suas críticas construtivas.

Qualquer dúvida volte a escrever para o CaféPoint.

Atenciosamente,

André Guarçoni Martins.

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