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Pesquisa propõem mudanças na irrigação e aplicação de fósforo

PRODUÇÃO

EM 13/06/2014

9 MIN DE LEITURA

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Sustentabilidade, aumento de produtividade com melhoria da qualidade dos grãos e redução dos custos de produção são os pilares básicos para dar competitividade à cafeicultura irrigada brasileira. Mas, para que esse fim seja alcançado, há necessidade de repensar continuamente o sistema produtivo de café, buscando sempre novos conhecimentos que permitam manter esses pilares. Foi o que fez uma equipe de pesquisadores da Embrapa Cerrados com apoio do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, ao questionar conhecimentos arraigados, como é o caso da necessidade de irrigações com alta frequência e a baixa exigência de fósforo dos cafeeiros adultos.

Com base em resultados de pesquisa do Consórcio Pesquisa Café - formado por cerca de 50 instituições de ensino, pesquisa e extensão - e em trabalhos sob a responsabilidade da Embrapa Cerrados, foram propostas mudanças no sistema de produção de café irrigado: suspensão das irrigações dos cafeeiros por um período definido para submeter as plantas a estresse hídrico moderado e permitir que haja sincronização do desenvolvimento das gemas reprodutivas e, consequentemente, uniformidade de floração e maturação; e ajuste na oferta de nutrientes (especialmente fósforo) no momento certo e em quantidades adequadas para garantir o desenvolvimento dos frutos da carga pendente e o crescimento de novos ramos, nós e gemas reprodutivas.
Foto: Marcelo Andrê/ Café Editora.
Foto: Marcelo Andrê/ Café Editora.

“Com relação ao estresse hídrico, partimos da teoria de que as necessidades fisiológicas das plantas devem ser respeitadas, caso contrário, tem-se grande variação anual da produtividade - bienalidade acentuada e desuniformidade na maturação dos frutos - devido à ocorrência de múltiplas floradas. A respeito da adubação, hoje sabe-se que há resposta ao fósforo e, em geral, essa tecnologia é usada em conjunto com a irrigação, mostrando sinergia. Há também expressivo aumento de produtividade como resposta, mais energia, vigor e sanidade das plantas”, explica o pesquisador e gerente de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Café, Antonio Guerra, que coordenou os estudos.

O projeto, multidisciplinar e multi-institucional, utilizou cultivares de café desenvolvidas pelo Instituto Agronômico - IAC, Instituto Agronômico do Paraná - Iapar e Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Epamig, instituições integrantes do Consórcio Pesquisa Café. Entre as cultivares utilizadas estão: Rubi MG 1192, Topázio MG 1190, Catuaí Vermelho IAC 144, Catuaí Amarelo IAC 62 e Iapar 59.

Estresse hídrico controlado 
A tecnologia além de revolucionar a prática tradicional da irrigação frequente e continuada, garante maior produtividade (aumento de 12% a 15%), mais qualidade e menor custo, sendo alternativa para a sustentabilidade da cafeicultura no Cerrado. A técnica desenvolvida consiste em suspender a irrigação na estação seca do ano durante um período de 72 dias (sendo o período ideal entre 24 de junho e 4 de setembro), para sincronizar, uniformizar o desenvolvimento dos botões florais (florada) e, consequentemente dos frutos (maturação), o que garante um café de mais qualidade. Esse processo tecnológico permite a obtenção de 85% a 95% de frutos cerejas no momento da colheita, maximizando a produção de cafés especiais, de maior valor de mercado. Além disso, garante redução de 20% a 10% de grãos mal formados e de 40% na operação de máquinas. “Os cafeeiros submetidos ao estresse controlado não só cresceram mais como se apresentaram em melhores condições para a safra seguinte. É o chamado crescimento compensatório, um estímulo ao crescimento após o reinício das irrigações”, completa Guerra.

Para a prática do estresse hídrico controlado, não há necessidade de investimento. Além disso, a tecnologia permite redução dos custos de produção: água e energia, em média de 35%; e operação de colheita, inclusive com mão de obra, de 40% a 45%. “O manejo adequado das aplicações da água de irrigação associado ao estresse hídrico controlado representa a melhor opção para evitar perdas de nutrientes por lixiviação e fornecer condições propícias de umidade do solo, para que as raízes possam respirar adequadamente e atender à demanda nutricional da planta. Além disso, as várias operações de colheita, anteriormente necessárias para maximizar a obtenção de grãos cerejas, reduziram-se a uma ‘passada’ de colheitadeira, uma catação manual e uma varrição mecânica. Vale destacar o melhor aproveitamento dos grãos de varrição que, anteriormente, eram destinados ao mercado interno e, agora, por serem colhidos com a superfície do solo seca, apresentam melhor qualidade, podendo ser comercializados a preços mais compensadores”, explica o pesquisador responsável.

Fosfatagem em café 
As pesquisas sobre o comportamento do fósforo no cafeeiro puderam ser intensificadas a partir do desenvolvimento da tecnologia do estresse hídrico controlado. Existia uma demanda crescente por informações sobre a influência da adubação fosfatada no desenvolvimento, vigor, sanidade das plantas e pegamento da florada e ainda a ideia de que o nível de fósforo observado nas análises do solo de alguma forma não representava o que realmente estava disponível para os cafeeiros. “Os resultados demonstram que o ajuste nutricional é necessário também nas lavouras de sequeiro”, completa o pesquisador.

Da mesma forma que o estresse hídrico, essa tecnologia também não tinha amparo na literatura científica até então e representou mais uma mudança de paradigma. Segundo Guerra, o estudo questionou os critérios de recomendação de adubação fosfatada no cafeeiro que, por muitos anos, foi considerado uma planta que não respondia à aplicação de altas doses de fósforo. E comprovou que a adição do fósforo traz benefícios para a planta tanto em solos de média a alta fertilidade como também em solos de baixa fertilidade, como os do Cerrado, onde a planta responde com grande intensidade.

Analisando lavouras em produção no Cerrado, chegou-se à conclusão de que a aplicação ou não de fósforo era o principal fator que diferenciava as áreas com repetição de safra das áreas de baixo pegamento de florada. “Cafeeiros que não receberam fósforo na adubação de manutenção apresentaram sintomas de deficiência desse nutriente e pouca ou nenhuma formação de gemas reprodutivas e pegamento de florada. Por outro lado, os que receberam doses razoáveis de fósforo mostraram bom desempenho no desenvolvimento de gemas reprodutivas e no pegamento de florada”, acrescenta Guerra. Em experimentos, cafeeiros responderam linearmente ao aumento da produtividade até a dose de 400kg de fósforo por hectare, o que permitiu aliar essas altas doses do nutriente ao estresse hídrico, obtendo excelentes resultados na produção e qualidade do café.

A nova tecnologia também questionou o conceito de que a bienalidade do cafeeiro era uma questão intrínseca da planta e indicou que é mais uma questão de manejo, sendo possível, com práticas agrícolas adequadas, reduzir sua intensidade e manter uma produção mais equilibrada, com mais uniformidade na maturação e menor custo de produção.

Desdobramentos 
Pesquisas desenvolvidas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig em parceria com a Universidade Federal de Lavras – Ufla, instituições participantes do Consórcio Pesquisa Café, confirmam que cafeeiros em fase de produção respondem bem à adubação com elevadas doses de fósforo. De acordo com o pesquisador da Epamig Paulo Gontijo Guimarães, durante estudos realizados desde 2008 na Fazenda Experimental da Epamig, em Três Pontas-MG, foi observado o aumento de produção dos cafeeiros com aplicação de até 600 kg de fósforo (P2O5) por hectare ao ano, interagindo duas fontes superfosfato simples e termofosfato magnesiano.

Em todos esses ensaios, houve aumento da produtividade do café até as doses máximas estudadas, independente da fonte utilizada. Segundo o pesquisador da Epamig, além de haver demanda energética das plantas por fósforo, esse nutriente não fica prontamente disponível nas plantas quando aplicado ao solo. Para que parte do fósforo (P2O5) seja aproveitado pela planta, deve ser aplicado em quantidades maiores. “Quando se faz adubações com baixas quantidades desse fertilizante, quase sua totalidade fica retida no solo, sobrando pouco para a planta”, complementa. Gontijo diz que lavouras da cultivar de café Catiguá MG2 responderam bem à aplicação anual de até 3334 kg de adubo superfosfato simples (18% de P2O5) por hectare. “O fósforo é vital para aumentar a energia das plantas. É um macronutriente que contribui na fotossíntese, para o crescimento da raiz e reprodução da planta”, reforça o pesquisador.

Segundo o doutorando do Departamento de Ciências do Solo da Universidade Federal de Lavras - Ufla Kaio Gonçalves de Lima Dias, que conduziu com o pesquisador da Epamig as pesquisas em Três Pontas-MG de 2010 a 2012 para conclusão de sua tese de Mestrado, observou-se aumentos de produtividade em torno de 40% (aumento de 42,7 a 59,8 sacas por hectare) com a aplicação anual da maior dose testada.

Os pesquisadores ressaltam ainda a importância das análises de solo e de folhas para o monitoramento da lavoura, evitando desequilíbrios nutricionais nas plantas. Entretanto, para a adoção de tecnologia com segurança e sucesso, o cafeicultor deve sempre realizar análises periódicas em sua lavoura.

Tecnologias validadas
Cafeicultores da Bahia, Goiás e Minas Gerais que produzem em região de Cerrado participaram da validação da pesquisa da Embrapa Cerrados e já utilizam a técnica com excelentes resultados na produção. Estima-se que cerca de 36 mil hectares de café desses estados sejam cultivados com essas tecnologias.

O cafeicultor Guy Carvalho Filho conheceu, na Embrapa Cerrados, os resultados da produção propiciados pela união da adubação fosfatada ao estresse hídrico e levou as tecnologias para sua propriedade no Sul de Minas e para mais 10 cafeicultores da região. Em todas as propriedades, o aumento das doses de fósforo de aproximadamente 35 Kg para 300 kg de P2O5 por ha/ano propiciou aumentos de produtividade que variam de 5 a 16 sacas de café beneficiado por hectare, dependendo do nível tecnológico adotado por produtor.


Para o cafeicultor, a tecnologia também permite atender demanda mundial de produção de café em menor área de cultivo. “A realidade de muitas propriedades certificadas, de pequeno e médio porte da região, é garantir a produção de cafés especiais, com sustentabilidade”, ressalta. Ele utiliza o estresse hídrico há cinco anos em sua propriedade e confirma a eficácia. “Melhorou a qualidade do nosso café e aumentou a produtividade”, comemora.

Na Fazenda Passeio, em Monte Belo, Sul de Minas Gerais, uma área de café com mais um milhão de pés de cafés já recebe, há sete anos, adubação fosfatada em doses mais elevadas. “A adoção dessa tecnologia trouxe aumento de produtividade de forma crescente com o aumento da quantidade do fertilizante aplicado, além de mais enraizamento das plantas e aumento de resistência a doenças”, conta o cafeicultor Adolfo Vieira, proprietário de fazenda de café. Ele explica que, no início, aplicavam adubo superfosfato simples (cerca de 18% de fósforo) e, posteriormente, passaram para o superfosfato triplo (cerca de 42% de fósforo). “Fazemos duas aplicações do fertilizante, sendo a primeira de outubro a dezembro e, a segunda, de janeiro a março. A decisão é orientada pela análise de solo, produtividade e aspecto da lavoura”, explica Adolfo. No período de 2000 a 2006, a média de produção da Fazenda Passeio foi de 38,7 sacas por hectares. Após o aumento das doses de fósforo, de 2006 a 2013, a média passou para 45,4 sacas por hectare, sem irrigação.

A Fazenda Lagoa d´Oeste, na Bahia, também validou as tecnologias e comprovou que a adubação fosfatada equilibrada aliada ao estresse hídrico permitiu retorno financeiro em solos do Cerrado. Em 2005, foi adotado o estresse hídrico controlado, que promoveu a redução de custos, das perdas na colheita, de pragas, da requeima e da alta incidência de flores tipo estrelinhas. A tecnologia permitiu ainda o controle da floração do cafeeiro, a uniformização da maturação dos frutos, a oportunidade para fazer a manutenção de equipamentos, além de ter garantido repouso das plantas e apontado falhas no programa de fertilização até então utilizado. A partir de 2006, foi a vez da fosfatagem, que permitiu a revisão da quantidade de fósforo aplicada.

Informações: Embrapa Café. 

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BRUNO MANOEL REZENDE DE MELO

GUAXUPÉ - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 04/10/2016

Excelente artigo.

Sobre a aplicação localizada ou em sulco para aumentar a eficiência no aproveitamento do mesmo do fósforo, quais as ponderações?



Obrigado.
BRUNO NASSER VILELA

EM 06/03/2015

BOM DIA

QUAL DOSAGEM RECOMENDADA  POR HA  , POR APLICAÇÃO.
SEDNO ALEXANDRE PELISSARI

VILA VELHA - ESPÍRITO SANTO

EM 16/06/2014

Achei a matéria excelente.

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