Com a elevação dos custos de produção do café arábica, que apresentaram um aumento expressivo no primeiro semestre de 2015, o produtor precisa buscar alternativas para manter a rentabilidade da produção. De acordo com o Boletim Ativos do Café de agosto, elaborado pela Confederação Nacional da Agricultura e a Universidade Federal de Lavras (Ufla), aponta que o Custo Operacional Efetivo (COE) aumentou 6,82% em média.
Um dos caminhos é buscar técnicas que tragam mais estabilidade a produção, mesmo diante das intempéries climáticas. “Desde que o produtor de café possua água em quantidade e qualidade adequadas, a irrigação da sua lavoura é uma das maiores garantias para que todo o investimento feito na cultura, que chega a ultrapassar R$ 10 mil/ha/ano, não seja perdido com o déficit hídrico”, argumenta o coordenador do Núcleo de Cafeicultura Irrigada da Embrapa Café, André Luís Teixeira Fernandes, que possui mestrado em Irrigação e Drenagem, e doutorado na Feagri/Unicamp.
De acordo com o pesquisador, no Brasil a cafeicultura de sequeiro no Brasil ainda é predominante, com mais de 85% da área, no entanto o cafeicultor sem irrigação tem sofrido nos últimos anos com a escassez de água, tanto na época de chuvas (dois últimos verões com ocorrência de veranicos) quanto na época de seca, o que prejudica alguma fase fenológica importante do cafeeiro.
Investimento
Em virtude das diversas vertentes que existem na técnica da irrigação, as possibilidades de investimento também são grandes. De um sistema mais simples até o mais avançado, o valor pode ir de R$ 2.500/há até R$ 9.500, segundo André. “A escolha por um ou outro depende do nível tecnológico pretendido, da qualidade e quantidade de água, da mão de obra disponível, das condições locais da fazenda e da lavoura e também da disponibilidade de capital do cafeicultor”, explica ele que é, também, professor e pesquisador da Universidade de Uberaba (Uniube).
A variedade possibilita a participação da agricultura familiar na técnica. A dica do pesquisador para este seguimento é apostar em sistemas como de aspersão em malha. “Sem dúvida há excelentes opções para a cafeicultura familiar, que aliam o baixo custo de implantação com a simplicidade de operação e manutenção”, explica André, lembrando que o pequeno cafeicultor dispõe de vários mecanismos de financiamento para a aquisição do seu sistema de irrigação.
“A cafeicultura irrigada hoje, com os preços do café em alta, é um excelente negócio. Estudos econômicos indicam que um hectare de café arábica irrigado por gotejo, produzindo acima de 50 sacas por hectare, permite uma lucratividade acima de R$ 12 mil/ha/ano. No café conilon irrigado, com produtividades anuais ainda mais altas (acima de 100 sacas/ha/ano), os resultados são semelhantes”, enfatiza o especialista. Segundo ele, o café tem vantagem nesse sentido frente a outras culturas, mas é preciso ser eficiente e ter conhecimento técnico e científico.
Curso com principais sistemas de irrigação
Para desvendar os diversos sistemas de irrigação e a melhor maneira de aproveitar cada um, o professor e pesquisador André Luís Teixeira Fernandes ministrará um curso on-line, com início em 24 de setembro de 2015. A ideia do professor, em parceria com a rede AgriPoint, é dinamizar o conhecimento a cerca do tema. “Os avanços, tanto da pesquisa quanto da indústria de irrigação são muito rápidos. Não é aconselhável ficar distante dos novos conhecimentos”, explica.
Nas aulas, serão abordados os principais sistemas de irrigação para o cafeeiro, como a aspersão convencional, a aspersão em malha, o pivô central convencional, o pivô central com emissores localizados, o gotejamento e também os sistemas modificados. Também na grade do curso, estão os métodos de manejo de irrigação, que permitem trazer respostas de quanto, quando e como irrigar a lavoura.
Saiba mais sobre o curso, aqui.