O Iapar foi criado com a missão de oferecer suporte técnico-científico para a diversificação do meio rural, estratégia adotada frente ao problema da fragilidade da economia paranaense à época, sustentada basicamente na cafeicultura. "Hoje, cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) e 60% das exportações paranaenses têm vínculo direto ou indireto com a agropecuária, e a pesquisa teve papel significativo na construção dessa realidade. É necessário a reinvenção permanente; o desafio é focar nas novas fronteiras da ciência", afirma o diretor-presidente Florindo Dalberto.
Um dos primeiros servidores foi o pesquisador Marcos Pavan, que atuava no extinto Instituto Brasileiro do Café - IBC. Pavan elenca algumas contribuições do Iapar para uma mudança radical na cafeicultura paranaense em seus 42 anos de existência. O controle biológico de pragas, o manejo de solo por meio da adubação verde e o lançamento de novas variedades são algumas delas. Também vale ressaltar, segundo ele, o serviço do Alerta Geada, que informa e orienta o agricultor sobre a ocorrência de geadas para proteger novos cafezais, e ainda o sistema de café adensado, adequado à nova realidade da cafeicultura paranaense, baseada em pequenas propriedades e na necessidade de plantas menores por conta da escassez de mão-de-obra.
Conheça algumas das tecnologias desenvolvidas pelo Iapar:
Genoma Café
O Instituto teve papel importante no sequenciamento do genoma do café e atualmente vem trabalhando em parceria com o Centro de Cooperação Internacional de Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento - Cirad, da França, Universidade de Campinas - Unicamp e Embrapa Café para a criação de variedades de boa qualidade de bebida e resistentes à seca. O projeto do Genoma Café desenvolveu, numa primeira fase, o sequenciamento do genoma café, resultando na construção de banco de dados com mais de 200 mil sequências de DNA. Isso permitiu a identificação de mais de 30 mil genes, responsáveis pelos diversos mecanismos fisiológicos de crescimento e desenvolvimento do cafeeiro. Esses estudos permitem diminuição no custo de produção, mais sustentabilidade e produtividade para as lavouras e melhoria da qualidade da bebida.
Cultivares
O Iapar desenvolveu 13 cultivares de café graças ao apoio e recursos do Consórcio. Dessas cultivares, seis foram lançadas e comercializadas: Iapar 59, IPR 98, IPR 99, IPR 100, IPR 103 e IPR 107. As cultivares Iapar, IPR 98 e IPR 107 são das poucas no mundo que têm resistência de longa duração (cerca de 30 anos) a uma super-raça de ferrugem originada na Índia. Os testes foram feitos pelo Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro - CIFC, em Portugal. Sete delas ainda não foram lançadas. São elas: IPR 97, IPR 101, IPR 102, IPR 104, IPR 105, IPR 106 e IPR 108.
Alerta Geadas
A tecnologia está em uso desde 1995, mas com a criação do Consórcio houve maior aporte de investimento e divulgação para todo o Brasil. No Paraná, permite proteção das lavouras novas, de 6 meses a 2 anos. Quando há previsão de geada, um alerta é disparado para os produtores cadastrados no projeto. Com a previsão da geada, os produtores são orientados a fazer o chamado "enterrio" das plantas, que devem ficar cobertas por, no máximo, 20 dias, protegidas contra as geadas de moderadas a fortes. O Alerta Geada também dispara o aviso, no começo de todo inverno com o primeiro resfriamento, para outra técnica, a "chegada de terra", que consiste em amontoar a terra na base das plantas para protegê-las do frio. A última geada registrada no estado foi em 2000. Nesse ano, o alerta foi atendido por 100% dos produtores de café da região.
Programa Treino e Visita
É um projeto que inova o processo de transferência de tecnologia desde 1997. O projeto consiste em ações promovidas com produtores de café que recebem capacitações sobre as tecnologias que interessam à sua produção. As tecnologias, resultados de pesquisa, são repassadas por pesquisadores para especialistas de extensão técnica na região. Estes, por sua vez, repassam as tecnologias para um grupo de agrônomos que são encarregados de transmiti-las para os produtores. Essa rede integrada capilariza as tecnologias, fazendo com que elas cheguem ao campo e também permitem que, no caminho inverso, captem as demandas dos produtores. Entre os resultados, pode-se destacar cerca de cinco novas tecnologias transferidas por ano de acordo com as necessidades dos produtores. Em 15 anos, por volta de 70 tecnologias foram transferidas para até 1.500 produtores anualmente.
Informações Embrapa Café