O sistema de biodigestão é uma das alternativas utilizadas em diversas propriedades para se adequarem a iniciativas de produção sustentável. Na cafeicultura, a técnica já é utilizada por locais como a Fazenda São Paulo que, desde 2005, para diminuir os impactos causados à natureza, adotou o manejo adequado de seus dejetos. O empresário José Carlos Cepera, proprietário da Fazenda, investiu em um biodigestor - tratamento para reaproveitar lixo orgânico.
Devido à falta de eficiência na coleta de lixo nas regiões agrícolas, abrangendo apenas 13% dessas áreas, pesquisas mostram que muitos agricultores optam pela queima de seu lixo, provocando danos ao ambiente. Segundo o censo de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esta prática atinge 58,1% das fazendas do país.
Localizada no município de Oliveira no centro oeste do estado de Minas Gerais, a Fazenda São Paulo tem 800 hectares destinados à produção de café, além da criação de suínos. A propriedade também aproveita a produção de gás metano na secagem do café. Para o processo, utiliza-se o método da caldeira e radiador através do aquecimento da água, que pode ocorrer através da queima de palha de café ou outros tipos de resíduos agrícolas e fornecem calor suficiente e contínuo para secagem. O sistema também pode ser utilizado para auxiliar na fertirrigação, que espalha apenas o líquido tratado na plantação.
Segundo o proprietário, a lavoura rendeu na última safra (2013/2014) até 28 mil sacas de 60 kg. “O objetivo é diminuir o nosso impacto ambiental, através de uma ferramenta de sustentabilidade rural. Todo o nosso investimento em tecnologia prioriza essas responsabilidades”, afirma Cepera, que frisa como um dos benefícios para o meio ambiente a redução da emissão de metano (CH4) e de dióxido de carbono (CO2), gases causadores do efeito estufa.
Funcionamento do biodigestor
O biodigestor é mantido com restos de alimentos e fezes de animais, acrescidos de água. Seu funcionamento possibilita o reaproveitamento de dejetos para gerar gás e adubo, também chamados de biogás e biofertilizantes. O lodo biológico - mistura resultante do processo - é, então, bombeado, saindo do fundo do biodigestor para ser incorporado com a casca do café e utilizado como adubo orgânico nas lavouras.
O sistema funciona através da decomposição de dejetos produzidos pelas atividades agrícolas da propriedade. Esse processo se dá dentro do aparelho, pela ação das bactérias anaeróbicas (que não dependem de oxigênio). O método resulta na conversão em gás metano de todo o material orgânico, que é utilizado como combustível em fogões de cozinha ou geradores de energia elétrica. Lembrando que o resíduo sólido que sobra no biodigestor também pode ser aproveitado como fertilizante.
Para fabricar o aparelho, geralmente cava-se um buraco no chão, vedando-o com cimento e tijolos. Deve-se deixar uma porta para colocar os resíduos dentro do biodigestor e poder retirá-los depois. O gás pode ser retirado por meio de um encanamento.