No Espírito Santo, cerca de 20 produtores familiares foram a campo conhecer duas propriedades que trabalham com café arábica. A visita faz parte da excursão técnica promovida pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão (Incaper) da região e ocorreu nesta terça-feira (14/7).
Os agricultores familiares do distrito de Paraju, em Domingos Martins, foram até as lavouras no município de Santa Maria de Jetibá, dos produtores rurais Gerson Berger e Admir Rossman. Na propriedade de Gerson, os agricultores puderam observar a qualidade fitossanitária das plantas, além de acompanhar a demonstração da colheita do café e o funcionamento de um despolpador.
Já na propriedade de Admir, o cafeicultor apresentou, inicialmente, a questão da administração da propriedade rural, com uma planilha de viabilidade econômica sobre os custos de produção do sistema orgânico. De acordo com Admir, é possível traçar um comparativo de sua rentabilidade diferenciada, já que este sistema de produção orgânica bpossui um valor agregado maior que os produtos convencionais. Na mesma ocasião, os agricultores visitaram a agroindústria e degustaram o café fornecido pela propriedade, acompanhando explicações dos processos de torrefação, moagem e embalagem do café.
Biodiversidade
Segundo o chefe do escritório local do Incaper de Paraju, Mario Cesar Ivaldi, as características observadas pelos agricultores advêm de grande respeito à biodiversidade e ao equilíbrio ecológico.
Um exemplo deste cuidado são os solos cobertos com palhadas ou mato vivo, o trato diferenciado com a lavoura, sem agrotóxicos e adubos químicos, o sistema de colheita é sem o contato dos grãos com o solo e a secagem é feita em terreiro suspenso e sob estufa; possuem lavador e despolpador de fabricação artesanal de pequeno porte, construídos por moradores da região, entre outros.
De acordo com Mario Ivaldi este sistema de produção é novidade para a maioria dos agricultores da região, já que são poucos os que trabalham com o sistema orgânico. “Ainda existe um processo rudimentar de colheita do café e isso é limitador para se atingir um produto final com alta qualidade”, contou.
Segundo ele, o Incaper de Paraju preconiza processos voltados para a agroecologia, com maior preservação do meio ambiente e saúde humana, com a adoção de práticas mais sustentáveis e viáveis economicamente. “Seguimos o pensamento da agregação de valor à produção agrícola, seja com a obtenção de um produto primário com maior qualidade, seja pela obtenção de subprodutos, por meio das agroindústrias”.
Para ele, “a intenção é formar disseminadores deste conceito, formadores de opinião perante as suas comunidades e pioneiros no processo”, completou.