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Panorama de mercado: crise e oscilação do dólar

POR JULIO

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 04/12/2008

10 MIN DE LEITURA

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Ao contrário do que se pensava inicialmente, ou mesmo nem se imaginava, a atual crise parece realmente ter vindo para ficar: seus reflexos, segundo analistas, deverão nos acompanhar pelo menos pelos próximos dois anos. Ainda em outubro, a previsão da maioria dos economistas brasileiros era de que o dólar encontraria um patamar abaixo dos R$ 2,00 na virada do ano. O Banco Central (BC) havia feito sua estimativa: R$ 1,95. Ontem, a moeda norte-americana bateu nos R$ 2,47, atingindo a maior cotação desde 9 de junho de 2005, mesmo com a volta do BC ao mercado de câmbio.

A pressão interna sobre a moeda reflete em parte a valorização externa ante fortes moedas como o euro e a libra, mas é derivada também de especulações e principalmente das remessas de recursos ao exterior: no mês de novembro, US$ 7,159 bilhões deixaram o Brasil.

Na opinião de Alcides Amaral, ex-presidente do CitiBank no Brasil, 2009 será um ano bem pior para a economia brasileira, com risco de aumento do desemprego e retração do consumo, apesar dos números recordes de geração de empregos formais registrados neste ano. "O desemprego deve crescer em 2009 em decorrência da crise. Somente a redução das taxas de juros, agora, pode atenuar o cenário", declarou ontem o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, à Julianna Sofia, da Folha de São Paulo.

A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) prevê uma "carnificina" sobre o quadro geral de empregos no país após as festas de fim de ano. O setor, responsável hoje por 295 mil empregos diretos, colocou sobre os ombros do governo, e em parte do sistema bancário brasileiro, a responsabilidade de evitar demissões em massa na indústria de bens de capital.

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse nesta quarta-feira, 03, que empresas como a mineradora Vale, que dependem muito de exportações, terão mais dificuldade de fazer ajustes durante a crise econômica. A Vale já demitiu 1.300 empregados desde o mês passado, devido à retração da demanda de minério de ferro. Outros 5.500 funcionários estão ou serão colocados em férias coletivas, em sistema de rodízio, e mais 1.200 empregados estão sendo realocados em outras funções depois de treinados.

Diante de peculiar revolta de ânimos e oscilação do mercado, mesmo diante da dimensão e gravidade da crise financeira global, na última semana o ambiente econômico mundial foi mais tranqüilo de acordo com o Escritório Carvalhaes, com notícias positivas, que por enquanto serviram para acalmar investidores e operadores. O anúncio dos nomes dos principais membros da equipe econômica do presidente eleito dos EUA, Barack Obama, que comandarão as decisões americanas a partir de 20 de janeiro próximo, a baixa nos juros europeus e asiáticos, e as linhas de financiamento que começam a fluir melhor, deram uma trégua ao mercado internacional.

Na análise de Lawrence Eagles, do JPMorgan, "a demanda por commodities agrícolas tende a ser menos elástica, menos dependente de fatores econômicos e mais vinculada ao crescimento populacional". Segundo a reportagem, do Valor Econômico, a queda das cotações internacionais dos principais produtos agrícolas nos últimos meses e os problemas de crédito dos agricultores em países exportadores como o Brasil também desestimulam a produção, o que pode até apressar a recuperação de preços no ano que vem, apesar da crise.

Projeções do Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês) mostram que para o trigo, por exemplo, a área plantada global deverá recuar 1,6% em 2009, enquanto a previsão para o consumo mundial é de aumento de 3,6%. Em mercados como os de cacau, café e açúcar, as estimativas apontam para um certo equilíbrio entre oferta e demanda globais, e problemas na oferta poderão elevar as cotações.

"Mesmo com bons volumes de café sendo embarcados pelo Brasil, os estoques não crescem significativamente no hemisfério norte, principalmente nos EUA, onde houve recuo de 183 mil sacas em outubro. Até o dia 27, os embarques de novembro estavam em 2.295.791 sacas de café arábica e 82.905 sacas de café conilon, somando 2.378.696 sacas de café verde", publicou o Escritório Carvalhaes.

Segundo informações do Dow Jones, os estoques de café verde nos portos do Japão, terceiro maior importador de café do mundo, totalizaram 110.501 toneladas (cerca de 1,842 milhão de sacas) no final de outubro, queda de 6,1% ante 117.736 toneladas no final de setembro, de acordo com dados do Ministério da Agricultura japonês. Do total, 33.588 t são de café da América Central, 25.149 t do Brasil, 19.154 t da Colômbia, 8.655 t da Indonésia e 23.955 t de outros países.

"Os fundamentos do mercado seguem à parte. Se os estoques de café no mundo estão apertados e o Brasil vai colher uma safra pequena ano que vem, isso no momento está em segundo plano. O que vale é a ótica do deslocamento de capitais de fundos e especuladores ora para dentro das bolsas, ora para fora, como fuga para mercados mais seguros. Assim, o café seguiu mais uma vez altas ou baixas do petróleo e outras commodities em novembro", noticiou a Agência Safras.

Mercado Internacional do Café

Conforme a Agência, o mercado internacional de café teve um mês de novembro de tentativas de equilíbrio, mas grande dificuldade para alcançá-lo. Depois do início da crise financeira nos EUA em setembro, que gerou grande turbulência nas bolsas de valores e de commodities de todo o mundo, o mês que se finda foi de volatilidade, com forte queda no valor de papéis e produtos. A crise de confiança continua e não tem prazo para terminar, com bruscas oscilações nas bolsas relacionadas ao humor instável do mercado.

De acordo com o relatório da Safras e Mercado, o petróleo se mantém em patamares mais baixos e o dólar se valoriza, o que compensa as baixas nas cotações do café em Nova York e dá suporte aos preços do grão em reais no Brasil. O mercado aguarda agora a divulgação da primeira estimativa da próxima safra brasileira de café pela Conab (Companhia Nacional do Abastecimento), prevista para o dia 08 de dezembro, um indicativo importante, tendo em vista que a safra 2009 será menor em função do ciclo bienual do café.

Na opinião do Escritório Carvalhaes, o mercado de café mostrou-se mais ativo, com exportadores e indústrias procurando se abastecer antes do período de festas de final de ano, época de calmaria nos mercados. "O volume de negócios só não é maior porque muitos produtores resistem em vender nas bases oferecidas pelos compradores, consideradas abaixo do custo de produção e de manutenção das lavouras", publicou.

Segundo o escritório, em pleno período de safra, quando as exportações brasileiras de café comandam o mercado internacional, os embarques fluem bem. Os bons resultados de outubro continuaram em novembro e devem se repetir agora em dezembro. O consumo interno brasileiro permanece em ritmo normal e para 2008 espera-se atingir os números de consumo previstos pela Abic - Associação Brasileira da Indústria de Café.

A bolsa de Nova York fechou os contratos para entrega em dezembro a 109,60 cents por libra-peso, com desvalorização de 3,94% nos últimos sete dias. No acumulado de trinta dias, a posição registra baixa de 2,45%. Desde o começo de setembro, no início da crise, as perdas acumulam 24,80%. Em Londres, a bolsa de mercados futuros permaneceu praticamente inalterada no fechamento desta quarta em comparação ao mesmo dia da semana anterior, a US$ 1.969 por tonelada para os contratos de café com vencimento em janeiro. No últimos trinta dias, entretanto, a posição acumula quase 20% de alta, contra baixa de 12,45 no comparativo com mesma data de 2007.

Na bolsa de mercadorias & futuros de São Paulo (BM&F), as oscilações foram mais acentuadas quando comparadas às de Nova York. Contratos de café com vencimento em dezembro deste ano recuaram 34,35% de setembro até hoje. Em relação ao dia 26 de novembro, quarta-feira passada, a baixa é de 5,82%; nos últimos trinta dias, a desvalorização chega a 11,5%. Nesta quarta, 03, o contrato de dezembro foi negociado a US$114,95/sc ou R$ 278,30/sc.

Tabela 1. Comparativos das principais Bolsas de café



Dólar

Conforme informações de Silva Bernardino, da InvestNews, após subir mais de 2%, o dólar fechou o primeiro pregão de dezembro praticamente estável, dando uma pequena amostra do que será o mês. As últimas sessões do ano devem ser marcadas pela intensa volatilidade e incerteza, diante das preocupações com a saúde financeira de bancos e empresas, assim como as ações dos principais bancos centrais ao redor do globo para evitar uma freada ainda mais bruta no crescimento mundial.

Segundo Mário Paiva, analista da corretora Liquidez, os leilões de swap do BC e a política cambial do governo Lula, de buscar as metas de inflação, devem contribuir para a melhora do atual cenário. "Até o fim do ano o câmbio deve seguir volátil, oscilando entre R$ 2,20 e R$ 2,50", previu. A última pesquisa semanal do BC, realizada junto a cem instituições financeiras, mostra que a expectativa é a de que o dólar esteja a R$ 2,20 no fim de 2008.

Relatório divulgado pela ONU mostrou que, mantido o cenário de turbulência nos mercados mundiais, com um declínio ainda maior na concessão de empréstimos nos países desenvolvidos e uma crise de confiança prolongada na economia global, a economia mundial deve se expandir apenas 1% em 2009. Já o PIB dos EUA deve cair 1,9%, o da zona do euro, 1,5%, e do Japão, 0,6%. O Brasil, entretanto, assim como os outros mercados emergentes, deve crescer menos, mas apresentar números positivos.

Gráfico 1. Variação do dólar (médias mensais) a partir de julho de 2007 (R$)


Fonte: Banco Central, elaboração CaféPoint

Mercado Físico

O ritmo de negócios com café seguiu lento nos últimos dias. De acordo com agentes, a próxima safra de robusta (2008/09) será inferior à atual no Espírito Santo. Apesar de a variedade sofrer menor influência da bienualidade negativa do café, os menores tratos culturais (sobretudo redução da aplicação de fertilizantes) e a recente estiagem no norte do Estado devem comprometer a produtividade nas lavouras. (Cepea)

Ontem, no mercado físico, o indicador à vista do Cepea/Esalq para o arábica foi de R$ 266,03/sc, permanecendo praticamente estável em relação aos últimos sete dias. Nos últimos trinta dias, entretanto, houve valorização de 4,68%. O conilon também se valorizou nos períodos comparados. A variedade robusta está 2,25% acima de seu preço no comparativo semanal e 2,71% no mensal. Nos últimos 365 dias, a alta é de 10%. Segundo o indicador do Cepea/Esalq, o conilon foi cotado a R$ 226,80/sc nesta quarta-feira, 03.

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), apresentou nesta terça-feira, 2, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma lista de reivindicações dos produtores rurais mineiros para enfrentar a crise econômica mundial. Entre elas estão a suspensão imediata das dívidas da cafeicultura, sejam elas de custeio ou de comercialização, como forma de recuperar a estabilidade no fluxo de pagamentos dentro da cadeia produtiva.

Tabela 2. Contratos BM&F, Indicador Cepea/Esalq e cotação do Dólar



Exportações

De acordo com dados divulgados hoje pelo Conselho dos Exportadores do Café (Cecafé), as exportações de café em novembro alcançaram um total de 2.887.930 de sacas, para uma receita de US$ 450 milhões. Este montante aponta variação positiva de 14% em relação ao volume vendido no mesmo mês do ano passado (2.533.749 sacas), e de 20,4% superior à receita obtida em novembro de 2007 (US$ 374 milhões). No acumulado janeiro/novembro foram vendidas 25.992.949 sacas do produto, para uma receita de US$ 4,2 bilhões.

Nos últimos doze meses o país obteve uma receita de US$ 4,5 bilhões, correspondente a 28.340.944 sacas exportadas. Conforme avaliação de Guilherme Braga, diretor-geral do conselho, o volume de café exportado pelo Brasil no último mês está dentro da normalidade. Quanto à receita, já reflete o recente comportamento do mercado mundial. "Houve uma variação, que decorre das quedas observadas nos últimos dois meses e que, agora, começam a impactar as exportações".

O preço médio da saca de café em novembro caiu cerca de 4,5% em comparação a outubro: de US$ 163 para US$ 156. O diretor-geral do Cecafé avalia ainda que as exportações brasileiras poderão alcançar 28,5 milhões de sacas, acima das previsões anteriores, de 28 milhões de sacas, "assegurando ao Brasil o market share de 30% nas exportações mundiais".

Santos continua sendo o principal porto de embarque do café brasileiro, com 1.956.498 sacas em novembro, e 15.605.217 sacas embarcadas no acumulado janeiro/novembro. Quanto aos mercados compradores, os quatro primeiros são (acumulado jan/nov.), Alemanha (4.439.626 sacas), EUA (4.047.757 sacas), Itália (2.499.415 sacas) e a Bélgica (2.056.417 sacas).

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MARCOS STOCKL

VITÓRIA - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 05/12/2008

Muito interessante o artigo. Acredito que no primeiro trimestre do ano de 2009 os efeitos dessa crise podem acentuar no Brasil, refletindo mais intensamente do que no atual momento, quando o mercado como um todo já está sentindo as consequências negativas.

O mercado de café deve acompanhar e mover-se de acordo com a melhora ou não do cenário de crédito ao exportador e/ou produtor, instabilidade do câmbio e expectativas de produção para o ano de 2009, naturalmente já esperando-se uma redução de safra devido ao fato da bienualidade.

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