ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Iapar contribui para vanguarda da pesquisa cafeeira no Brasil

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 16/04/2014

9 MIN DE LEITURA

0
0
Sediado na cidade de Londrina, o Instituto Agronômico do Paraná - Iapar é umas das instituições fundadoras do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. O Programa Café do Instituto tem realizado pesquisas para o desenvolvimento de modelos tecnológicos de produção adequados às diferentes regiões cafeeiras. Para isso, as ações estão direcionadas ao aumento da produtividade da cafeicultura, à melhoria da qualidade do produto e da bebida, promoção da diversificação das atividades agrícolas nas propriedades, redução de custos de produção, insumos e energia, aumento da eficiência da mão-de-obra e infraestrutura disponível e preservação do meio ambiente. A instituição tem experiência de 41 anos em atividades de pesquisa e transferência de tecnologia cafeeira.

A partir de 1997, com a criação do Consórcio Pesquisa Café, que permitiu a integração e a troca de experiências entre instituições de pesquisa, ensino e extensão, os estudos do Iapar se intensificaram e, juntamente com as demais entidades consorciadas, vem contribuindo para a vanguarda da pesquisa cafeeira no Brasil. O diretor técnico-científico do Iapar, Armando Androcioli Filho, salienta a importância do Consórcio nos últimos dezessete anos e também para outros avanços que a instituição obteve ao longo das últimas quatro décadas.

“O Consórcio permitiu avançar nas pesquisas que vinham sendo realizadas antes com novos projetos e ampliação dos já existentes, como o café adensado e o emprego de modernas técnicas de biotecnologias, entre outras, que contribuíram significativamente para que conseguíssemos, por exemplo, aumentar a produtividade média no estado de sete para 24 sacas beneficiadas por hectare”, elenca o diretor. Ainda de acordo com ele, outro fator fundamental foi a melhoria da qualidade do café paranaense. Com relação à transferência de tecnologia, "com o Consórcio, pudemos implementar a metodologia do Treino e Visita, que atualmente é referência no País. Os desafios são constantes e temos muito a avançar, mas juntos potencializamos nossas forças, finaliza.

O Programa Café do Iapar tem, hoje, quarenta projetos em andamento - que vão desde a obtenção de cultivares adaptadas às condições edafoclimáticas do Paraná até estudos avançados de manipulação de genes, visando melhorar determinadas características da planta como, por exemplo, a maturação dos frutos.

Para falar do trabalho desenvolvido pelo Iapar, especialmente da parceria com as instituições consorciadas, conversamos com o pesquisador Luiz Filipe Protásio Pereira. Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Londrina - UEL (1986), mestre em Crop Biotechnology (1993) e doutor em Plant Genetics (1998), ambos pela University of Guelph, Canadá. Luiz Filipe é pesquisador da Embrapa Café lotado no Laboratório de Biotecnologia do Iapar desde 1988. É professor dos cursos de pós-graduação da UEL de Biotecnologia no Departamento de Bioquímica e de Genética e Biologia Molecular no Departamento de Biologia. Tem experiência na área de Biologia Molecular e Genética de Plantas, atuando, principalmente, em temas relacionados à qualidade de Coffea arabica: transcriptoma; genômica; transformação de plantas; identificação de polimorfismos; mapeamento genético e físico de cafeeiros.

Embrapa Café: Como avalia as mudanças na cafeicultura do Paraná desde a criação do Consórcio Pesquisa Café?

Luiz Filipe: Desde o início do Consórcio Pesquisa Café, os trabalhos desenvolvidos no Iapar foram realizados de forma integrada, principalmente com as consorciadas fundadoras e a UEL. Essa integração tem importância não só no desenvolvimento científico da pesquisa cafeeira dos institutos de pesquisa e universidades, mas também na formação de recursos humanos da graduação e pós-graduação que trabalham em pesquisa cafeeira. Além disso, o apoio do Consórcio permitiu mais integração com o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - Emater-PR, visando à divulgação e implementação de novas tecnologias para os cafeicultores. Dois aspectos do Consórcio são de grande importância para a manutenção da estrutura da pesquisa em cafeeiros. O primeiro é a possiblidade de execução de projetos de quatro anos ou mais. O segundo é o programa de bolsas, importantíssimo, que diminui o problema crônico de carência de recursos humanos dos grupos e órgãos de pesquisa, incluindo a Embrapa.

Embrapa Café: Quais são hoje os desafios e oportunidades no campo da pesquisa e como esse arranjo institucional tem contribuído para integração e desenvolvimento das instituições consorciadas?

Luiz Filipe: O trabalho integrado entre diferentes instituições de ensino, pesquisa e extensão congregadas no Consórcio Pesquisa Café passa por uma série de desafios, entre eles: definir prioridades de pesquisa em comum; achar grupos que tenham afinidade de trabalho e que consigam desenvolver parcerias; e estruturar as equipes de trabalho e de laboratórios. Outro grande desafio é a atual dificuldade na utilização dos recursos do Consórcio Pesquisa Café. Os recursos, outrora enviados para fundações de pesquisa, hoje são repassados diretamente para as instituições, o que dificulta e inviabiliza a sua utilização como planejado. Essa dificuldade, associada a uma maior disponibilidade de recursos para pesquisa tanto em nível federal como estadual, vem afastando pesquisadores do Consórcio e dificultando a atração de novos pesquisadores/grupos para trabalhar com café. É necessário e urgente discussão para avaliar como esses recursos poderiam ser alocados e utilizados de forma mais eficiente pelos pesquisadores.

Embrapa Café: Que linhas de pesquisa você desenvolve atualmente em parceria com pesquisadores do Iapar e demais instituições consorciadas desde sua entrada na Embrapa Café? Poderia destacar alguns dos resultados alcançados?

Luiz Filipe: Temos trabalhos envolvendo desde estudos básicos de genômica e de transcriptômica - com a identificação e clonagem de genes e promotores envolvidos com compostos relacionados com a qualidade de cafeeiro - até o desenvolvimento de protocolos de transformação genética. Nosso grupo de pesquisa foi o primeiro a dominar a tecnologia de transformação de cafeeiros no Brasil e também identificou e caracterizou inúmeros genes com potencial biotecnológico envolvidos na produção de açúcares como sacarose e galactinol; de expansinas, que atuam na formação do perisperma, tecido que define o tamanho do grão do café; e de genes da rota metabólica dos diterpenos, compostos relacionados com o aroma e sabor. Em outra linha de pesquisa, em colaboração com a Universidade Federal de Viçosa - UFV e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig, estamos mapeando e identificando gene de resistência à ferrugem do cafeeiro. Os marcadores encontrados vêm sendo validados nas populações de melhoramento do Iapar.

Embrapa Café: O Iapar vem trabalhando em parceria com o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento - Cirad, da França, Universidade de Campinas - Unicamp e Embrapa Café para a criação de variedades de boa qualidade de bebida e tolerantes à seca. Quais os principais resultados obtidos e em que estágio está esse trabalho?

Luiz Filipe: A história dessa parceria (coordenada no Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement - Cirad pelo pesquisador Thierry Leroy), foi iniciada com a vinda do pesquisador Pierre R. Marraccini durante o período de 2001 a 2005, seguido pelos pesquisadores David Pot (2005-2008) e Pierre Charmetant (2008-2012), todos alocados no Laboratório de Biotecnologia Vegetal do Iapar. A cooperação permitiu o treinamento de dois pesquisadores brasileiros, quatro estudantes de doutorado e um de mestrado no Cirad, em Montpellier. O Laboratório de Biotecnologia do Iapar também recebeu, para treinamento, três estudantes de graduação franceses. Durante esses anos, vários projetos foram aprovados e realizados com recursos do Consórcio Pesquisa Café, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, Financiadora de Estudos e Projetos - Finep e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes - Agropolis. Entre os trabalhos realizados estão, por exemplo, estudos de identificação de genes da biossíntese de açúcares e diterpenos, importantes componentes da qualidade de cafeeiros. Também colaboramos em trabalhos de identificação de QTLs em C. canephora e estamos finalizando um estudo de transcriptoma de frutos e folhas de C. eugenioides. Parceria entre Iapar, na pessoa da pesquisadora Maria Brígida Scholz, e o Cirad permitiu desenvolver metodologias para fenotipagem de cafeína e diterpenos, utilizando a técnica de espectroscopia de infravermelho próximo (NIRs). Esse recente trabalho é parte de um grande projeto visando à caracterização da diversidade e estrutura de recursos genéticos de Coffea arabica oriundos da Etiópia. Essa coleção foi fenotipada para diversas características relacionadas à qualidade, como composição de açúcares, diterpenos, ácidos clorogênicos, trigonelina, assim como para características agronômicas. Iniciamos a genotipagem da coleção com marcadores microssatéllites e SNPs, visando a estudos de associação genômica ampla (GWAS). Esse trabalho, iniciado com recursos de um projeto internacional Capes-Agropolis, foi aprovado no último edital do Consórcio em parceria com o Instituto Agronômico - IAC e outras unidades da Embrapa.

Embrapa Café: E sobre o Genoma Café, quais os desdobramentos atuais e o que se espera em termos de produtividade, sustentabilidade e qualidade?

Luiz Filipe: O genoma café foi importantíssimo. Permitiu a identificação de mais de 30 mil genes transcritos e, a partir daí, diversos estudos com a caracterização de genes relacionados a respostas a estresses bióticos e abióticos, qualidade de bebida, desenvolvimento do fruto e endosperma. Esses dados vêm permitindo entendimento cada vez melhor da biologia molecular do cafeeiro, associada à fisiologia, fitopatologia, bioquímica e genética. Também vem permitindo a produção de patentes de genes e promotores. Porém, creio que o mais relevante foi servir como uma alavanca para o desenvolvimento dos grupos de pesquisa em genética e biologia molecular em cafeeiros, que hoje realizam pesquisas cada vez mais voltadas a aplicações diretas ao melhoramento, como a busca de marcadores moleculares, seja em estudos pontuais, como por exemplo, no caso da ferrugem citado anteriormente, e de trabalhos de associação ou seleção genômica ampla (GWAS e GWS), por meio das novas técnicas de larga escala hoje disponíveis tanto para identificação de polimorfismos como para genotipagem.

Embrapa Café: Em 2012, a Embrapa patenteou uma técnica de modificação da expressão de genes em café. Qual seria a importância dessa patente?

Luiz Filipe: Essa patente, obtida em parceria com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, é para um promotor específico de frutos com potencial para diversos trabalhos, como por exemplo, modificação da composição química do grão, ou expressão de genes para resistência à broca do cafeeiro. Patentes de promotores, bem como de utilização de genes, são importantes para a Embrapa do ponto de vista estratégico, para que não haja dependência da utilização de genes e/ou promotores de outras empresas visando à aplicação futura de técnicas de transferência genética.

Destaque de tecnologias do Iapar – Entre as contribuições do Iapar para a cafeicultura pode-se citar o controle biológico de pragas, o manejo de solo por meio da adubação verde e o lançamento de novas variedades. Também vale ressaltar o serviço do Alerta Geada (https://www.iapar.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=414), que informa e orienta o agricultor sobre a ocorrência de geadas para proteger novos cafezais. Há ainda o sistema de café adensado (https://www.iapar.br/arquivos/File/zip_pdf/ct121.pdf), adequado à nova realidade da cafeicultura paranaense e baseado em pequenas propriedades e na necessidade de plantas menores por conta da escassez de mão-de-obra, o Programa Treino e Visita (https://www.sapc.embrapa.br/index.php/ultimas-noticias/metodo-treino-a-visita-de-transferencia-de-tecnologias-fortalece-cafeicultura-do-parana), que inova o processo de transferência de tecnologia desde 1997, e o desenvolvimento de 13 cultivares de café, boa parte delas com apoio e recursos do Consórcio. Dessas cultivares, seis foram lançadas e comercializadas (Iapar 59, IPR 98, IPR 99, IPR 100, IPR 103 e IPR 107) e sete ainda não foram lançadas (IPR 97, IPR 101, IPR 102, IPR 104, IPR 105, IPR 106 e IPR 108).

As informações são da Embrapa Café
 

0

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe CaféPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do CaféPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

CaféPoint Logo MilkPoint Ventures