A Starbucks Corp. está sendo criticada pelos produtores colombianos e pela oposição por oferecer café estrangeiro em suas lojas de Bogotá após se comprometer a servir café “100% obtido localmente” no país.
Quando abriu a loja na capital da Colômbia em julho passado, a companhia disse que suas lojas no país “seriam as primeiras do mundo a servir exclusivamente café localmente obtido pela Starbucks”, bem como “grãos de café embalados de outros mercados do mundo”. No entanto, a companhia também tem servido café de Guatemala, Quênia, Panamá e Havaí nas lojas de Bogotá, frustrando os produtores locais.
“Eles vieram aqui e fizeram uma promessa”, disse o porta-voz da Dignidad Cafetera, Oscar Gutierrez. “É muito ruim para a Colômbia que uma multinacional venha aqui, venda café estrangeiro e envie os lucros para sua sede”.
Alisha Damodaran, de Comunicações Globais da Starbucks, disse por telefone que a promessa de “100% café obtido localmente” se aplica às bebidas como cappuccinos, frappuccinos e espressos vendidos nas lojas e isso não mudou. A Colômbia e a Índia são os únicos países onde essa garantia existe, disse ele, o que significa que os clientes que pedem um espresso na loja de Bogotá receberão café local.
A Colômbia, que é o maior produtor mundial de café depois do Brasil e do Vietnã, vem enfrentando vários problemas em suas fazendas de café nos últimos anos, incluindo queda de preços, surtos de insetos e ataques de fungos. Em 2013, a queda de preços levou a protestos, à medida que os cafeicultores bloquearam as estradas, com a necessidade de interferência da polícia.
Jorge Enrique Robledo, senador da oposição da província de Caldas, uma das principais regiões produtoras de café da Colômbia, disse que as vendas de café estrangeiro pela Starbucks estão prejudicando os produtores colombianos em um momento em que eles estão enfrentando uma situação “grave” devido à queda nos preços. “Essa é uma forma de importar café na Colômbia e prejudica os cafeicultores locais”, disse ele.
Os preços do café arábica caíram em cerca de 32% nos últimos seis meses, em meio a previsões de melhora para a colheita brasileira. Gutierrez e outros líderes do setor de café se reunirão com legisladores em 9 de março para buscar assistência do governo aos produtores.
A reportagem é do Bloomberg / Tradução por Juliana Santin