Nos últimos dois ciclos, as exportações cafeeiras perderam US$ 202,3 milhões devido ao impacto de um foco de ferrugem que levou à produção nacional aos níveis mais baixos da história do cultivo no país.
Segundo os dados do Conselho Salvadorenho de Café (CSC), no exercício de 2013/2014, que finalizou em setembro, as receitas geradas pelas exportações do grão foram de US$ 141,4 milhões inferiores às registradas no ciclo anterior. Na colheita que acabou de finalizar, as vendas ao exterior geraram US$ 110,3 milhões pela venda de 500.235 sacas de 60 quilos.
Desde o ciclo de 2012/2013, quando se iniciou o ataque ao fungo, reportou-se uma queda importante nas vendas, ainda que não a níveis da colheita de 2013/2014. O Conselho indica que no exercício de 2012/2013 foram vendidas 1.173.156,4 sacas de café ao exterior, que geraram US$ 251,8 milhões, ou seja, US$ 60,91 milhões a menos com relação aos US$ 312,7 milhões do exercício de 11/12.
Assim, ao somar as quedas reportadas em ambas as colheitas, conclui-se que, devido ao impacto da ferrugem, o setor cafeeiro deixou de gerar a economia, somente em exportações cerca de US$ 202,3 milhões.
Segundo o CSC, na colheita de 2012/2013, houve um aumento na produção, fechando em 1,32 milhão de sacas. O maior impacto se reportou no exercício que acabou de terminar, pois apenas foram produzidas 536.685,83 sacas, volume mais baixo em 100 anos.
Para o exercício de 2014/2015, o CSC estima uma produção de 855,6 mil sacas. No momento, registra 1,51 milhão de sacas exportadas por um valor de US$ 485.449.
O presidente da Associação Cafeeira de El Salvador, Sergio Ticas, estimou que, na atual colheita, podem-se gerar até US$ 150 milhões em divisas, frente aos US$ 110 milhões do ciclo de 13/14.
Segundo informações do CSC, as maiores perdas em receitas durante a colheita de 2013/2014 foram registradas nas exportações de cafés orgânicos e naturais, pois essas variedades se cultivam sem usar químicos. Isso inclui os fungicidas que servem para controlar a ferrugem. Os dados oficiais mostram que no ciclo passado, foram vendidas apenas 1.199,8 sacas de café orgânico, por US$ 356.465, frente às 9,18 mil sacas vendidas em 12/13, que geraram US$ 2,5 milhões. Assim, as receitas pelas exportações dessa variedade se reduziram em 86%.
O café natural registrou uma redução de 91% nas receitas obtidas. Foram registradas vendas de US$ 443.917, frente aos US$ 4,7 milhões do ciclo de 2012/2013. Em volume, foram vendidas 1.097,86 sacas na colheita recém finalizada, frente às 18,17 mil sacas do ciclo anterior.
Outras variedades com quedas significativas nas receitas são a fair trade, com 86% a menos; os cafés sustentáveis, que reportaram uma redução de 56,4%; os finos e os gourmet, que perderam 57% e 50,9%, respectivamente.
As receitas por exportações de café fair trade/orgânico baixaram em 33,2%; porém, as variedades gourmet/sustentável e orgânico sustentável registraram um aumento de 14,3% e 14%. Em geral, os cafés diferenciados deixaram de receber US$ 86,6 milhões somente no ciclo de 13/14 e US$ 107,9 milhões se somarem as perdas registradas em 2012/2013.
A reportagem é do https://elmundo.com.sv/ Tradução por Juliana Santin