Os pouco mais de 16 milhões de habitantes dos Países Baixos consomem quase 41 milhões de xícaras de café por ano. Entretanto, os 1,35 bilhão de habitantes da China consomem apenas 4 milhões de xícaras no total. Os dados, que são da companhia de pesquisa de mercados Euromonitor International, embora pareçam desanimadores, representam uma oportunidade, pois são o reflexo de um mercado que ainda tem muito para crescer.

A classe média chinesa é um gancho para distintos negócios que querem conquistar novos mercados, pois está revelando profundas mudanças nos gostos e hábitos, que têm relação com o aumento de seu poder aquisitivo. Nos próximos anos, esse público passará de 230 a 630 milhões de pessoas, convertendo-se em uma meta importante para as marcas internacionais, que buscam conquistar partes desse mercado, ressaltando suas diferenças e especialidades.

A Coffeeman é uma marca de café colombiano que tem como meta chegar a um grupo especial de consumidores chineses. “Queremos criar um movimento e entregar um produto com muito valor agregado. A ideia é criar uma marca colombiana de estilo de vida”, disse o representante da Coffeeman em Pequim, Jairo Ortiz.

A princípio, Ortiz conta que tinham um conceito muito ocidental da cultura de café. “Ao chegar à China, tratamos de implantar um modelo tradicional com um local e um sócio com um restaurante”. Depois, no entanto, deram conta de que o ideal seria distribuir diretamente o café a clientes especializados como restaurantes, hotéis, confeitarias e sorveterias. “Nosso foco está nos cafés que já têm uma demanda pré-estabelecida e a capacidade de se sustentar por muito tempo”. Eles apontam as empresas tipo Fortune 500 – e já estabeleceram um acordo com uma -, a quem interessa fornecer café para seus escritórios, empregados ou clientes.

Dessa forma, a Coffeman encontrou um modelo de negócio sustentável que busca entrar ao mercado chinês de forma diferente como outras marcas colombianas têm feito, como Juan Valdez ou Colcafé. Essas duas têm mais tempo no mercado chinês e são voltadas a um público distinto através da venda massiva em supermercados e páginas da internet. A Coffeeman, por sua vez, maneja 500 quilos a cada três ou quatro meses. “O volume não é o principal objetivo. Queremos crescer em qualidade, classe e design”.

“Os produtos colombianos, no geral, estão associados a commodities. A Coffeeman oferece um nível de sofisticação que não está na agenda de outros promotores de café”.

O café da Coffeeman é de origem colombiana, torrado na Espanha e é embalado na China, em embalagens que têm um design cuidadoso. Os preços de suas embalagens de café em grão ou pó oscilam entre 110 e 180 yuan (US$ 17,82 e US$ 29,16). A estratégia a longo prazo inclui desenvolver linhas de produtos que complementam a base da Coffeeman e permitam que, além do produto, o público se identifique com a marca.

Os locais onde mais se consomem são Pequim e Xangai cidades grandes e cosmopolitas. Os esforços de mercado são enormes e as ondas de popularidade para o produto vem mais pelas estratégias de diferentes marcas de se posicionar e se diferenciar da oferta de cafés de outras partes do mundo.

O principal desafio é que o café em grão ou moído ainda não faz parte do consumo comum na China, pois ainda é visto como um bem de luxo ou acessório. É a representação de um estilo de vida. A nível massivo, seguem predominando os cafés instantâneos que são de menor custo. Espera-se que com a maior penetração, os consumidores passem dos produtos instantâneos ao café de melhor qualidade. “Se alguém pode ter um café muito bom, por que se contentaria com um café apenas bom?”, disse Ortiz.

Já a Colcafé tem buscado se posicionar na venda de café instantâneo através de supermercados, lojas de conveniência e plataformas online. Presente na China desde 2011, já tem uma base de consumidores fieis com seus produtos de café instantâneo 3 em 1, cappuccino, café granulado e variedades liofilizadas.

Seus preços vão de 25 a 60 yuan (US$ 4,05 a US$ 9,72) dependendo do tamanho. “Nossos produtos estrelas são as variedades liofilizadas, pois têm a combinação perfeita de sabor e acidez para os compradores chineses”, disse o representante da distribuidora Pinlive, em Xangai, representante da marca na China, Chen Binbin.

Segundo ele, para continuar popularizando o produto, é necessário promover a cultura de café com instituições colombianas que reforcem a imagem do país como produtor estrela de café. “É necessário difundir o conhecimento do café. Gostaríamos de participar de atividades em meios ou fazer degustações em centros comerciais para seguir posicionando a marca. Porém, devemos ser mais agressivos em nossa estratégia de mercado”. A meta é conseguir que os consumidores chineses passem do café instantâneo a outro de melhor qualidade. Porém, ele disse que suas vendas são boas: “Não em vão, nossas vendas estão crescendo 30% anualmente”.

A reportagem é do https://www.portafolio.co, adaptada pelo CaféPoint