Segundo dados fornecidos pelo Conselho Nacional do Café, a cafeicultura encabeçou a lista das atividades que no ano de 2013 apresentaram maior recuo no que se refere ao valor bruto de produção, cerca de 30,5%, se comparada ao ano de 2012. A safra 2013 atingiu 48 milhões de sacas de café beneficiado e o produtor não conseguiu ter o retorno financeiro pretendido. Apesar da alta registrada nos preços durante os últimos dias, a grande maioria dos cafeicultores ainda encontram dificuldades para manter o equilíbrio financeiro da atividade, visto que os custos operacionais permaneceram elevados, fato que desestimulou o setor.

O momento é de apreensão por parte do cafeicultor, pois há falta de recursos para saldar dívidas dos anos anteriores. Em decorrência da descapitalização, estima-se uma redução nos tratos culturais, comprometendo as próximas safras. Nesse sentido, cabe ao cafeicultor buscar alternativas para racionalizar os custos de produção. “A redução no custo de produção é diretamente proporcional ao nível de mecanização empregado na execução das operações e no planejamento correto na implantação da lavoura”.

Diante disto, a escolha correta de cultivares é de extrema importância para quem visa uma atividade rentável. Há uma série de fatores que devem ser analisados para que se possa definir qual a melhor opção. O principal deles parte da observação da região onde se pretende implantar a lavoura e o nível tecnológico disponível na propriedade. “Um genótipo ideal é aquele que apresenta alta produtividade associada com alta estabilidade em ambientes desfavoráveis e que seja capaz de responder satisfatoriamente em ambientes favoráveis”.

Abaixo serão apresentados algumas recomendações básicas para escolha de cultivares visando obter sucesso na atividade cafeeira.

Recomendações básicas para escolha correta de uma cultivar

A cultivar ideal deve apresentar um bom vigor vegetativo, boa maturação, qualidade de frutos e grãos, resistência a pragas e doença, atentando-se para aquelas que apresentam maior incidência em uma determinada região.

Deve se observar as condições climatológicas e topográficas da região, uma vez que as cultivares devem ser adaptadas. Objetiva-se por meio desta, determinar o melhor sistema de cultivo para cada situação na propriedade, como: espaçamento, forma de condução dos tratos, sistema de colheita e preparo do café, além do sistema de irrigação caso seja necessário, levando-se em consideração arquitetura e porte da planta. Algumas cultivares como o Mundo Novo, apresenta maior diâmetro de copa em relação a cultivar IAPAR 59, sendo esta mais indicada para plantios adensados.

As cultivares Mundo Novo e Catuaí, ainda são as mais plantadas comercialmente no país, por apresentarem altas produtividades e boa adaptabilidade, entretanto ambas são susceptíveis a ferrugem. Dentre os novos materiais, as cultivares IBC PALMA II, ACAUÃ, TUPI, OBATÃ, PAU-BRASIL MG-1, ARAPONGA MG-1, SACRAMENTO MG-1, CATIGUÁ MG-1, MG-2, MG-3 apresentam resistência à ferrugem, sendo que a CATIGUÁ MG-3 mostra-se resistente ao nematoide das Galhas da espécie Meloidogyne exigua.

Cultivares com resistência múltiplas a pragas e doenças mais críticas nas regiões de cultivo, devem ser consideradas como prioridade no momento da escolha.

Em relação à produção de cafés especiais, as cultivares devem apresentar uma boa uniformidade de maturação, frutos maiores e uma qualidade de bebida superior. Nesse caso as cultivares que se destacam são BOURBON AMARELO, CATIGUÁ MG 2.

Na seguinte tabela estão apresentados dados de produtividade de cultivares de café cultivadas em quatro regiões distintas do estado de Minas Gerais.

Tabela 1 - Médias de produtividade, em sacas de 60 kg de café beneficiado por hectare, de 24 cultivares comerciais de cafeeiro, avaliadas nas safras de 2008/2009 a 2011/2012, nos municípios de Lavras (LA), Campos Altos (CA), Patrocínio (PA) e Turmalina (TU) em Minas Gerais e média geral dos quatro ambientes

FONTE: CARVALHO, 2012.

“As cultivares Sabiá Tardio, Pau Brasil MG1, Obatã IAC 1669-20, Catucaí Amarelo 24/137 e IPR 103 são promissoras para o cultivo nas regiões. Essas cultivares proporcionam estabilidade e adaptabilidade independentemente do ambiente, com desempenho agronômico destacado”.

Os programas de melhoramento visam fornecer aos produtores alternativas de plantio, por meio de cultivares que confiram maior produtividade, resistência a pragas e doenças, respostas para a mecanização, dentre outros fatores. Todavia, a escolha da cultivar adequada deve ser supervisionada por um técnico responsável que forneça informações precisas a cerca da adaptabilidade para cada região.

Mais detalhes poderão ser vistos em:

1 SILVA, F. M.; SALVADOR, N.; PÁDUA, T. S.; CAFÉ: MECANIZAÇÃO DA COLHEITA. I Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil. 281-329, 2001

2 VERMA, M.M.; CHAHAL, G.S.; MURTY, B.R. Limitations of conventional regression analysis: a proposed modification. Theor. Appl. Genet., 53:89-91, 1978.

3 CARVALHO, A. M.; MENDES, A. N. G.; BOTELHOS, C. E.; OLIVEIRA, A. C. B.; REZENDE, J. C.; REZENDE, R. M. Desempenho agronômico de cultivares de café resistentes à ferrugem no Estado de Minas Gerais, Brasil. Bragantia, Campinas, v. 71, n. 4, p.481-487, 2012







AUTORES: Allan Teixeira Pasqualotto e Marina Angélico Praxedes



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