Com o perdão da metáfora (tão abusada nos últimos anos!), talvez a figura que melhor espelhe a situação do mercado de café, nestes últimos dias, seja a de uma viagem num carro com motor 1.0. Você sabe que vai chegar, mas, antes, tem que ultrapassar os caminhões e, o que é pior, muitas vezes, ladeira acima.

Os fundamentos apontam para aperto na oferta, a médio prazo, mas, a realidade é que, hoje, se há dificuldade de suprimento de café, esta é pontual (pense no mercado mundial!). O anúncio do lançamento das opções privadas no Brasil foi o estopim de uma ligeira alta especulativa, que já passou, e quem apostar muito fortemente que o carro 1.0 vai ter motor para ultrapassar o caminhão ladeira acima, pode bater de frente.

Nesta quarta, as bolsas tiveram leves altas, recuperando parte do que foi perdido ontem, mas limitando-se a consolidar os patamares de preço. A LIFFE teve movimento moderado, com 10.507 contratos negociados, e fechou em alta de 0,39%, consolidando-se acima de 1.550 dólares por tonelada, o que pode ser considerado excelente, tendo em vista os números impressionantes das exportações vietnamitas.

O movimento foi mais fraco na NYBOT, que negociou apenas 9.925 contratos e ganhou 0,22%. A destacar o novo recorde de 151.347 contratos em aberto, impulsionado, segundo a corretora Hencorp Commcor, pelo pregão eletrônico da ICE. Já a BM&F foi um pouco mais líquida que ontem, negociando 1.317 contratos, mas fechando com ganho de apenas 0,15%. Apenas a título de comparação, a bolsa brasileira encerrou o dia com 22.064 contratos em aberto.

Apesar das altas do dólar e das bolsas, a recuperação dos preços, no mercado físico brasileiro, foi tímida e os valores praticados, assim como no mercado futuro, são semelhantes aos vigentes na quinta passada, o que indica que, quem tinha café para vender, no curto prazo, e aproveitou a alta da virada da semana, provavelmente fez bons negócios.

Após o pregão de ontem, quando não houve arremates, dois lotes (com 600 sacas) de café padrão BM&F, para entrega em dezembro, foram ofertados, no leilão de CPR-Física do BB, por preços ajustados aos limites praticados pelos compradores, sendo adquiridos por R$ R$ 275,10 e R$ 275,50. Frente ao volume total de 30.450 sacas, divididas em 77 lotes, o montante arrematado continua a demonstrar a baixa liquidez apresentada pelos leilões, nestes períodos em que não acontecem altas mais significativas no mercado de café.