Segundo o jornal Valor Econômico, os preços futuros do café fecharam em queda ontem, pressionados pela expectativa de que o Brasil, maior produtor e exportador mundial, deverá acelerar seus embarques. Na semana passada, as cotações subiram porque a colheita do tipo arábica em Minas Gerais e São Paulo estava em ritmo lento e havia pouco café da safra nova disponível para exportação. No entanto, de acordo com a Bloomberg, a expectativa de aceleração dos embarques levou os fundos e especuladores a venderem posições nesta semana.

Em Nova York, os contratos para Julho e Setembro registraram baixa de 270 pontos e fecharam a sessão a 138,35 cents/libra-peso (R$ 294,36/sc) e 140,60 cents/lb (R$ 299,15), respectivamente. Nesta quarta-feira, o dólar comercial também fechou em baixa, cotado a R$ 1,608, de acordo com o Banco Central.

Apesar das recentes perdas, dados divulgados pela OIC (Organização Internacional do Café) mostram que o preço do café nos mercados internacionais disparou durante a segunda quinzena de junho, aumentando mais de US$ 10 em poucos dias. No seu relatório de junho, a entidade afirma que o preço médio ficou em US$ 1,3051, contra US$ 1,2676 em maio.

Segundo reportagem da Folha Online, o aumento foi mais pronunciado para o arábica, cujo preço médio passou de US$ 1,3703 por libra em maio para US$ 1,4359 em junho no mercado de futuros de Nova York. No caso da variedade robusta, o preço médio em Londres subiu de US$ 1,0089/lb em maio para US$ 1,0298 no mês passado. Em seu relatório, a OIC indica ainda que as exportações de café totalizaram em maio 8,1 milhões de sacas, o que representa uma queda de 8,9% quando comparados com o mês de abril.

Notícia da Reuters News informou que a OIC elevou sua estimativa de produção mundial em 2008/09 para perto de 128 milhões de sacas (60 kg), alta em relação à previsão anterior, de cerca de 127 milhões. O presidente da entidade, Nestor Osorio, afirmou ainda que a estimativa da produção mundial em 2007/08 também foi revisada para cima, para 118 milhões de sacas, seguindo um aumento de 2,3 milhões de sacas na estimativa oficial do Brasil.

A OIC divulgou também que a escalada dos preços dos produtos derivados do petróleo continua provocando aguda inflação em muitos países exportadores de café, ao mesmo tempo que o dólar se deprecia em relação a algumas moedas, contribuindo para uma redução do poder de compra dos produtores. "Esses fatores contribuem para alimentar a inflação em geral e elevar os custos de manutenção da cafeicultura", observa Osorio.

Gráfico 1. Contrato café, ICE Futures U.S.


Dólar

De acordo com o InfoMoney, em meio à forte aversão ao risco observada no mercado externo e sem a referência das bolsas domésticas, fechadas por conta de feriado no Estado de São Paulo, o dólar encerrou em queda nesta quarta-feira (9). O Feriado também reduziu o volume de negociações, o que fez a divisa apresentar poucas oscilações.

"O elevado preço do petróleo e as novas projeções de perdas para o setor financeiro norte-americano enfraquecem o dólar em âmbito mundial. Depois de expressivo ajuste no início da semana, o barril da commodity volta a trilhar valorização em Londres e Nova York. Dessa forma, a moeda apresentou nesta sessão a maior baixa contra o euro da semana. Ao mesmo tempo, a recuperação do petróleo afetou o humor de investidores no plano externo, o que confere um movimento de queda nas bolsas neste pregão", publicou o site.

A Fundação Getulio Vargas divulgou que a inflação medida pelo IGP-DI registrou alta de 1,89% em junho.

Gráfico 2. Cotação do dólar (R$)


Mercado do robusta

A Bolsa de mercados futuros de Londres fechou a US$ 2368/t ou R$ 228,52/sc para a posição Julho/08, ao passo que contratos para Setembro/08 caíram a US$ 2.301/t, (R$ 222,06), ainda assim, com 4% de valorização acumulada na semana.

Gráfico 3. Contrato café, LIFFE


BM&F

A Bolsa de Mercadorias & Futuros de São Paulo, a exemplo de N.Y., também terminou o dia em baixa. A posição Julho/08 cedeu US$ 1,65, cotada a US$ 168,70/sc ou R$ 271,34/sc. Setembro, com -US$ 1,70, fechou a sessão a US$ 170,80/sc (R$ 274,71), com perdas de quase 10% na semana.

Gráfico 4. Contrato café, BM&F


Mercado físico

Em Guaxupé, Minas Gerais, a saca do arábica - tipo 6 bebida dura para melhor - foi negociada a R$ 257,00, com desvalorização de R$ 3,00 em relação ao dia anterior. O indicador Cepea/Esalq fechou em baixa, a R$ 250,46/sc. Em Franca, São Paulo, o preço da saca foi de R$ 253,00.

O café despolpado de Vitória da Conquista segue negociado a R$ 245,00/sc. Nas praças de Patrocínio, Araguari e Caratinga, Minas Gerais, a safra nova foi comercializada a R$ 250,00.

Em São Gabriel da Palha/ES, o conillon - tipo 6/7 com mais de 90% de peneira 13 - vem sendo negociado a R$ 203,00/sc desde o dia 30 de abril de 2008. Segundo o indicador diário à vista do Cepea/Esalq, a saca do robusta foi cotada a R$ 213,68, com quase 2% de valorização em relação ao dia anterior.

Gráfico 5. Indicador Esalq-arábica x contrato BM&F



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Julio Frare, Equipe CaféPoint