Maury Faleiros, Franca, SP: Quais são as ocorrências climáticas necessárias para haver formação de geadas?
Celso Oliveira: Para existir geada, sem dúvida alguma é necessária a chegada de uma massa de ar de origem polar à região.
E nem precisa ser um sistema intenso, como muitos pensam. Pressões mais baixas, em torno dos 1025hPa já podem provocar grandes estragos.
A própria geada em 2000 no café do Paraná não tinha uma pressão muito elevada. O que mais interessa, neste caso, é o posicionamento da área de alta pressão (massa de ar frio).
Quanto mais próxima de uma região, maior é o risco de temperaturas muito baixas e formação de geadas.
Umidade relativa do ar baixa e ventos calmos durante a madrugada também ajudam na formação de geadas. Em alguns casos, quando a temperatura cai muito, a valores negativos, mesmo em madrugadas de muito vento, observa-se a formação de geadas nas partes da planta que ficaram expostas ao vento.
Por último, é importante que os ventos em níveis mais elevados estejam favorecendo a migração da massa de ar frio. Tratam-se dos ventos da corrente de jato ou jet stream.
Estes ventos são os grandes responsáveis pelo avanço dos sistemas frontais e massas de ar de origem polar. Se estes ventos estiverem em uma direção oeste-leste ou noroeste-sudeste, a massa de ar frio não avança e não há formação de geadas.
Entretanto, se a direção estiver de sudoeste-nordeste, o avanço do frio é facilitado. Estávamos observando até a semana passada temperaturas muito baixas, uma massa de ar fria próxima das áreas de café, umidade relativa do ar muito baixa e pouco vento para a madrugada do dia 25 de maio.
Entretanto, a corrente de jato era o único fator que não favorecia a formação de geadas amplas na região. Nas previsões de segunda-feira (21), a situação permanecia inalterada.
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