As grandes marcas mundiais de alimentos, como a Nestlé SA, terão que pagar mais pelos grãos de café robusta usados em seus produtos, à medida que a crise de oferta na Ásia força alguns exportadores a cancelarem seus embarques.

Produtores no Vietnã, maior produtor mundial de café robusta, estão segurando seu café, frustrados pelos preços persistentemente baixos nos futuros de Londres. No segundo produtor, Indonésia, o clima anormalmente úmido durante a estação de colheita dificultou a secagem dos grãos.

A pressão na oferta tem aumentado o medo de escassez do produto no mercado vietnamita e da Indonésia, o que poderá conter as exportações dos dois países, que são responsáveis por quase um quarto da produção mundial de café.

“Exportadores e fornecedores estão em uma posição difícil”, disse o gerente de compras e marketing da firma de exportação Taman Delta Indonésia, Moelyono Soesilo. Alguns já assinaram contratos de longo prazo para vender grãos em diferenciais menores. Os produtores somente vendem grãos em pequenas quantidades para cobrir as necessidades diárias.

O preço do robusta para setembro em Londres caiu para o menor valor em 32 meses na semana passada, seguindo os futuros do arábica de Nova York que caíram diante da ampla oferta do Brasil.

As menores ofertas dos dois principais produtores de robusta poderão conter o declínio em Londres, que ocorreu por causa do Brasil.

Os robustas da Indonésia são normalmente vendidos abaixo ou levemente acima dos futuros de Londres durante a colheita de março-junho, mas os premiums começam a aumentar em abril e aumentaram para US$ 170 em junho, seu maior valor desde o meio de 2012. Os exportadores assinaram contratos para enviar grãos a US$ 20 acima de Londres.

Os exportadores da Indonésia cancelaram os contratos para exportar até 4.000 toneladas de café até agora em junho. Grupos locais disseram que esses dados podem ser ainda maiores. “Podemos estar passando por um deja vu, uma repetição do que aconteceu em 2011”.

Fortes chuvas prejudicaram a colheita em 2012/12, levando a uma escassez crônica que enviou os prêmios para picos de US$ 550.

No Vietnã, os prêmios ficaram em US$ 120 a tonelada nessa semana, versus descontos de US$ 51 a US$ 35 no começo de janeiro. Os grãos vietnamitas normalmente são vendidos com descontos nos futuros. “As pessoas podem obter um negocio de US$ 90, embora abaixo disso (os exportadores vietnamitas) não poderiam vender”, disse um trader em Ho Chi Minh City.

Os negociantes em Cingapura confirmaram acordos feitos em US$ 90 a tonelada para grãos vietnamitas, enquanto os robustas da Indonésia foram vendidos a compradores domésticos e estrangeiros a US$ 170 de premium nessa semana.

“O que acontece em Londres não reflete realmente os fundamentos. Os grãos estão com prêmios na Indonésia e no Vietnã e não sabemos porque os futuros estão tão baixos”, disse um negociante em Jakarta. “O mercado local está confuso. Devemos olhar para Londres, ou devemos comercializar com prêmios físicos?”.

A reportagem é da Reuters, traduzida e adaptada pelo CaféPoint.