ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

A OIC e o Acordo Internacional do Café são dispensáveis?

POR JOSÉ LUIS DOS SANTOS RUFINO

ESPAÇO ABERTO

EM 18/11/2010

4 MIN DE LEITURA

12
0
A existência da OIC provoca, no mínimo, dois questionamentos importantes. O primeiro deles decorre de ser ela um arranjo único no mercado mundial. Criada em 1963, quando então se acreditava possível, e desejável, exercer a governança de mercado via uma instituição que organizasse os interesses dos diversos segmentos por meio de acordos multilaterais, a OIC navegou, até o início dos anos 80, em confortável ambiente onde o intervencionismo estatal era a tônica entre os países membros.

No mesmo período em que vicejou a OIC, outras instituições semelhantes também foram ativadas, sendo a OPEP a mais conhecida delas, principalmente, na década de 70. Mesmo essa, não obstante a importância do petróleo, já não exerce qualquer papel fundamental no mercado e não passa da associação de 11 países produtores sem nenhuma influência nos rumos do mercado dessem produto. Desconheço a existência da OISoja, OIAlgodão, ou mesmo de organizações internacionais voltadas para apoiar o desenvolvimento de cadeias produtivas não agrícolas por meio de acordos multilaterais entre Países. Todas elas se valem, para disciplinar os mercados, de instrumentos reguladores mais contemporâneos, como, por exemplo, a Organização Mundial do Comércio.

A segunda questão, no entanto, é mais relevante e toma maior dimensão quando observo nossas autoridades e lideranças cafeeiras voltarem suas atenções para o Acordo Internacional do Café. Nesse momento, temo que estejam privilegiando mecanismos que terão pouco ou nenhum impacto sobre a nossa cafeicultura, em detrimento de estarem buscando as verdadeiras soluções para as nossas dificuldades. Se assim for, as verdadeiras opções de desenvolvimento da cafeicultura brasileira deixam de ser abordadas por nossos deputados e demais líderes em Audiência Pública da maior importância, relegando as verdadeiras soluções ao esquecimento, enquanto tratam de um Acordo com o objetivo pomposo e vazio que diz: "O objetivo do presente Acordo é fortalecer o setor cafeeiro global num contexto de mercado, promovendo sua expansão sustentável em benefício de todos os participantes do Setor".

Ainda bem que, paralelamente a esse desperdício de tempo e desvio de foco, temos instituições e pessoas se dedicando a buscar soluções que realmente apontam para o melhor desempenho da nossa cafeicultura. Exemplos recentes de esforços bem mais produtivos podem ser verificados nas regiões produtoras de café. No Sul de Minas, podemos observar a Cooxupé empenhada em ampliar sua estrutura física, conduzindo um arrojado e moderno projeto de armazenamento para cerca de 2 milhões de sacas de café, ao tempo em que moderniza seu laboratório de qualidade e se ocupa com a capacitação de seus funcionários, com a evolução técnica e econômicas de seus cooperados e com a busca de novos e mais rentáveis opções de mercado. No Cerrado, assistimos ao esforço do CACCER para coordenar ações de valorização do café de sua região de abrangência, trazendo visitantes/compradores de outros países e promovendo a viagem de sondagem mercadológica que visam à ampliação do número e da qualidade dos mercados compradores e, simultaneamente, se volta para proporcionar uma assistência técnica e gerencial para seus cafeicultores. Na Zona da Mata, assistimos o empenho do SEBRAE-MG, em conjunto com a Secretaria a Agricultura do Estado de Minas e da Faemg e com o apoio das associações locais de cafeicultores, desenvolvendo um trabalho moderno para implantação do Projeto "Foco competitivo do café das Matas de Minas" com o objetivo de reforçar a competitividade desse pólo cafeeiro, orientando ações coordenadas que buscam integrar as perspectivas individuais a uma visão conjunta de um futuro melhor para a cafeicultura regional.

Se ao invés de discutirem um acordo multilateral - cujo histórico é uma sucessão de rompimentos e de cláusulas não cumpridas por seus signatários - a liderança cafeeira estivesse apoiando e incentivando ações desses tipos, certamente teríamos um resultado muito mais auspicioso. Pasmem, mas o principal argumento para que o Brasil celebre o tal acordo é que somos o maior País produtor e o segundo maior consumidor de café do mundo. Ora, esses são, exatamente, os argumentos fundamentais para jogarmos o jogo de mercado e da produção, ampliando cada vez mais a nossa capacidade de produzir com qualidade e de buscar as melhores oportunidades de inserção nos mercados nacional e internacional, que não se curvam a acordos celebrados nos gabinetes, mas sim, ao alto padrão de competência estabelecido por meio de ações mais adequadas, como as já apontadas.

Por último, é oportuno lembrar que durante a forte crise vivenciada pela cafeicultura brasileira nessa década, não se registrou, para solução dos problemas, qualquer influência dos Acordos Internacionais do Café celebrados anteriormente. Não obstante, a reunião da OIC realizada em setembro de 2005, em Salvador, se propunha a "traçar estratégias futuras que busquem o equilíbrio entre produção e consumo". Que foi feito por essa organização desde então?

Autoridades cafeeiras, é muito provável que, ao se empenharem para legitimar o Acordo Internacional do Café de 2007, estejam apenas dando tiros de festim nesse combate por um futuro melhor de nossa cafeicultura que é, certamente, o objetivo maior de todos vocês.

JOSÉ LUIS DOS SANTOS RUFINO

Consultor Témático do Projeto Educampo Café do Sebrae/MG. Engenheiro Agrõnomo, Mestre em Administração Rural e Doutor em Economia Rural. Gerente Técncio da Embrapa Café até 2005 e Pesquisador da Embrapa Café até 2009.

12

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe CaféPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

JOSÉ ADAUTO DE ALMEIDA

MARUMBI - PARANÁ - PROVA/ESPECIALISTA EM QUALIDADE DE CAFÉ

EM 26/11/2010

Acordo internacional? Mais um? Fortalecer quem?
Um novo acordo irá apenas fortalecer alguns países emergentes na cultura do café. Mais uma vez o Brasil servirá de "guarda chuva" para outros se projetarem pois a história tem mostrado que acordos anteriores (retenção,exportação e outros) apenas o Brasil cumpriu e sempre teve um país que necessitava mais e "quebrava o acordo".
Quem é líder tem que "focar" em manter a liderança e os que não estão preparados é que saiam do mercado. É o capitalismo... não tem acordo.
JOSÉ LUIS DOS SANTOS RUFINO

VIÇOSA - MINAS GERAIS

EM 25/11/2010

Meu Caro Amigo Renato Fernandes,

Você faz muito bem! O verão se aproxima e, principalmente na nossa Bahia, não é momento oportuno para polêmicas.
De qualquer forma, não obstante sua tentativa de contemporização, sua lúcida colaboração utiliza fortes argumentos para indicar a OIC e o AIC como dispensáveis.
Espero encontrá-lo em breve.
Um grande abraço.
Rufino
JOSÉ LUIS DOS SANTOS RUFINO

VIÇOSA - MINAS GERAIS

EM 25/11/2010

Prezado Arnaldo Reis Caldeira Júnior,

Você consegui usar um forte argumento de maneira mais clara e direta do que fui capaz de fazê-lo. Obrigado pela colaboração.
Atenciosamente,
Rufino
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 24/11/2010

Amigo Rufino
Já achamos uma belíssima concordância: meu crucial foi um eeeeeexaaaaaageeeeeroooooo!!
Abçs
Celso Vegro
JOSÉ LUIS DOS SANTOS RUFINO

VIÇOSA - MINAS GERAIS

EM 23/11/2010

Prezado Celso Vegro,

Valeu a oportunidade de conversar consigo. Na impossibilidade de fazê-lo pessoalmente, fico agradecido pelo diálogo via internet/CaféPoint.
Fico aguardando mais uma de suas interessantes contribuições. Nela, certamente, vai ficar mais claro sua ideia de que, para o Brasil, manter-se como membro da OIC reveste-se de "crucial importância". Em princípio não concordo, mas vou tentar manter a mente o mais isenta possível para entender as razões para tal.
Um forte abraço.
José Luis Rufino
RENATO H. FERNANDES

TEIXEIRA DE FREITAS - BAHIA - COMÉRCIO DE CAFÉ (B2B)

EM 23/11/2010

Caros amigos Rufino e Celso,

Pra não render polêmica, concordo com os dois. rsrsr

Não diria que a OIC e o Acordo Internacional do Café são dispensáveis, mas é mais do que palpável a realidade de que a instituição pouco conseguiu realizar de concreto nesta década. Nem ela, muito menos sua "dissidência", a finada APPC. Nem mesmo a OMC. Objetivos concretos e tangíveis também não são a tônica do Acordo Internacional de 2007. Assinar o acordo pouco vai mudar, mas sair da OIC também não ajudaria em nada.

Por outro lado, há várias outras vias para se fortalecer a cadeia do café do Brasil e elas passam por enfrentar sem subterfúgios a situação de muitos produtores, principalmente de áreas pouco mecanizáveis, que se tornam cada vez menos competitivos. Concordo com você Rufino quando diz que muitas vezes o foco se volta para aspectos e propostas que chamam muita atenção para seus protagonistas mas, como trazem poucos resultados reais, logo em seguida serão sucedidos por uma nova "cartada decisiva".

Abraços,

Renato

ARNALDO REIS CALDEIRA JÚNIOR

CARMO DA CACHOEIRA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 23/11/2010

Amigos;
"Acordos são interessantes quando todas as partes se beneficiam dele."
Portanto vale lembrar, pois grande parte dos brasileiros tem memória curta, que na grande maioria dos "ACORDOS" anteriores/passados, nós também éramos líderes de mercado, e esta posição de nada resolveu os nossos problemas setoriais; muito pelo contrário, a quebra dos ACORDOS anteriores por parte dos demais países, nos desestabilizou e ficamos"à ver navios" "sem pai nem mãe", "perdidos como cachorro que cai da mudança". Assim o grande problema dos ACORDOS anteriores, foram nossos concorrentes, que não cumpriram nada e deram um tombo no ACORDO.
Quem propõe acordo é que está em desvantagem !
Não é nosso caso. Somos o maior produtor de café do mundo e em breve seremos o maior consumidor também. Será que não temos capacidade de CADENCIAR a oferta de café no mercado internacional ?
Devemos rever a nossa política de agregação de valor e inserção do CAFÉ BRASILEIRO no mercado mundial .
DIFÍCIL SIM, NÃO IMPOSSÍVEL, SÓ TEMOS DE COMEÇAR O PROCESSO.
Você já viu alguém no mercado com um MARKET SHARE, na posição de LÌDER, convocar o restante do mercado para um ACORDO ?
Pelo Amor de DEUS !!!!!!!
O que que está acontecendo ?
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 23/11/2010

Amigo Rufino
Sou avesso à polêmicas pois em geral são estéreis. Espero que avancemos para um debate de ideias tendo por foco a nossa cafeicultura. Lembro-me, e creio que você também, da canetada do Collor extinguindo o IBC. Sete anos depois, FHC criaria uma nova institucionalidade para o setor o CDPC, uma reunião de interesses mais belicosa que as nacionalidades que compõe os balcãs. Antes permanecesse o IBC e provavelmente temas sensíveis já se encontrariam equacionados. Penso no drawback e na eliminação das barreiras tarifárias às exportações de café industrializado para os países centrais. Sabe Rufino, nós fomos praticamente educados na cultura da privatização e desregulamentação. Veio 2008 para provar que o mundo é insano quando as emoções constituem sua égide. Ainda que não tenhamos resultados palpáveis para o agronegócio café, manter-se como membro ativo da OIC e colaborar com o delineamento de ações, planos e estratégias negociadas com os países importadores se reveste de crucial importância.
Meu artigo ´Vetores..." vai ganhar continuidade e nele pretendo aprofundar tais temáticas para que o debate continue e se torne ainda mais profícuo.
Segue meu abraço.
Celso Vegro
JOSÉ LUIS DOS SANTOS RUFINO

VIÇOSA - MINAS GERAIS

EM 22/11/2010

Prezado Amigo Celso Vegro,

Obrigado por sua participação.
Conheço, e respeito, suas ideias sobre a OIC e AIC. Por levar sempre em consideração os pontos de vista que você levanta com muita acuidade e pertinência, tenho tomado cuidados extras com minhas opiniões sobre esses temas. Com base nessa consideração é que farei algumas colocações adicionais sobre o assunto.
No mundo sem fronteiras que você citou, na lista dos fóruns aos quais o Brasil foi chamado a assumir uma posição de protagonista, não está incluída qualquer instituição que tente compatibilizar interesses de uma determinada cadeia produtiva, agrícola ou não agrícola, por meio de acordos multilaterais entre países. Os interesses envolvidos nestas instâncias são maiores e diversos, incluindo, quando necessário ou recomendado, os interesses de uma cadeia produtiva como, por exemplo, a do café ou a das montadoras de carros. Isso torna dispensável uma instância que discuta, em especial, a cafeicultura mundial.
Já que estamos de acordo que "A OIC não se reveste de máxima importância para a cafeicultura brasileira", sobra-nos a ideia que seu objetivo é privilegiar, por razões humanísticas, algum país de menor desenvolvimento, seja na África, na Ásia ou nas Américas. Nesse caso, a discussão pode ter abrigo no ONU, ou mais especificamente na FAO, abrangendo o café, a cana ou a pecuária. Não há, hoje, justificativa para duplicar custos e esforços burocráticos para tal.
Nesse ponto, vale lembrar que um dos objetivos da FAO é "promover investimentos na agricultura, o aperfeiçoamento da produção agrícola e da criação de gado e a transferência de tecnologia aos países em desenvolvimento". Convenhamos que isso é bem mais interessante para os países que necessitam de apoio do que participar de um acordo multilareal de menor expressão.
Por último, deixo claro que, nessa discussão, não estou fazendo "qualquer personalização das instituições". O que nos incomoda, de verdade, é assistir algumas autoridades cafeeiras do Brasil perdendo tempo e recurso discutindo, de forma inócua, temas tão ultrapassados e potencialmente sem nenhum benefício para a cafeicultura brasileira, ao invés de se ocuparem com soluções que realmente interessem ao setor.
Um grande abraço.

José Luis Rufino

JOSÉ LUIS DOS SANTOS RUFINO

VIÇOSA - MINAS GERAIS

EM 22/11/2010

Prezado Caio,

Obrigado pela manifestação de apoio.
Você é um dos milhares de técnicos, produtores e agentes comerciais que se dedicam a fazer uma cafeicultura brasileira cada dia mais competitiva. Sabe muito bem o quanto esse objetivo é complexo, trabalhoso e passa ao largo de acordos de gabinete celbrados há várias décadas e dos quais, tenho certeza, não conseguiu ver, até hoje, qualquer benefício para os objetvios colimados.
Atenciosamente,

José Luis Rufino
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 19/11/2010

Prezado amigo Rufino
Aprecio sua linha argumentativa. Creio também que o olhar para fora é menos relevante que o estímulo aos esforços empreendidos domesticamente e que estão de fato assegurando e robustecendo a competitividade da lavoura brasileira. Todavia, em um mundo sem fronteiras como o atual, fica difícil não assumir protagonismos aos quais somos chamados. Os pleitos são amplos: membro do conselho de segurança, membro do G20 e do G8, lider do Mercosul, Unasul, ALADI, etc... O Brasil, a cada ano que passa, terá mais e maiores responsabilidades em âmbito global e isso é uma decorrência de seu crescente protagonismo. A OIC não se reveste de máxima importância para a cafeicultura brasileira, porém para o resto do mundo produtor (e penso na África especialmente), há sim um relevante serviço a prestar.

Meu modo de elaborar esse assunto você já conhece e entendo que precisaremos de muita cautela antes de adotar postura refratárias a determinados temas. Finalmente, creio que é preciso antes de tudo evitar qualquer personalização das instituições. Não se pode negar que no Brasil existe um vício de origem quando se fala de entidades que é a péssima reputação daqueles que as conduziram gerando essa confusão entre a institução e sua missão com aqueles que as dirigiram.
Abçs
Celso Vegro
CAIO EDUARDO LAZARINI GARCIA

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/11/2010

Prezado Prof. Rufino,

Gostaria de parabenizá-lo.
Precisamos de uma cafeicultura empreendedora e unida por objetivos comuns, só assim é possível o fortalecimento da cadeia produtiva e consequentemente maior reconhecimento internacional.
Excelente artigo.
Quando virá fazer-nos uma visita?
Grande abraço,

Engº Agrº Caio Lazarini
Consultor técnico Educampo Café Expocaccer

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do CaféPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

CaféPoint Logo MilkPoint Ventures