João Carlos Peres Romero formou-se engenheiro agrônomo há 23 anos e é cafeicultor no Sul de Minas. Publicou dois livros sobre café, é consultor de agronegócios da FGV e de empresas agrícolas em cafeicultura. Durante sua carreira, realizou viagens de estudos sobre café para a Colômbia, El Salvador, Costa Rica, México e Hawaii, tendo participado de projeto de implantação de café na Etiópia. Já ministrou palestras em Universidades, Escolas, Institutos e Centros de Pesquisa e Ensino. É também membro-fundador do GTEC Sul de Minas e autor do software PAM - Programa de Adubação Modular para café.
CaféPoint: Na sua opinião, quais as perspectivas para o mercado de cafés especiais em 2009?
João C. P. Romero: Cafés especiais são nichos de mercado, mas ganham muita credibilidade com o passar dos anos. Não é tarefa fácil, porém pode render bons frutos financeiros ao longo do tempo. Isto é, virar "grife".
CaféPoint: Em quais mercados vocês pretendem atuar nesse novo ano?
João C. P. Romero: Já trabalhamos no mercado japonês, via parceria, com rótulo definido para o Romero Estate Coffee: chama-se "HIKAGEBOSHI". Trata-se de um café catuaí, altitude 1.100 m, nota 84 na escala SCAA. Os mercados europeu e canadense também atraem para novos negócios.
CaféPoint: Qual a principal iniciativa de marketing e vendas que o Romero Estate Coffee vem realizando?
João C. P. Romero: A melhor iniciativa de marketing ainda é confiança aliada à credibilidade. Continuar a produção de cafés finos - em qualquer época, com ou sem crise - traz mais segurança ao cliente. Além, é claro, uma qualidade excepcional do produto que o Sul de Minas proporciona.
CaféPoint: Quais são os principais gargalos de sua atividade e quais estratégias vem adotando para superá-los?
João C. P. Romero: O tamanho é um problema no negócio. Há diferença em "querer ser grande" e "saber crescer". Neste mercado o "saber crescer" é mais importante hoje.
Sobre a Romero Estate Coffee
Localizada nas altas encostas da Serra da Mantiqueira, no estado de Minas Gerais, a Fazenda Romero possui 250 hectares cultivados com as variedades Mundo Novo, Catuaí, Icatu e Bourbon, que ocupam as áreas mais altas da propriedade. Altitudes entre 900 e 1200m proporcionam o clima ideal para a produção de café arábica com aroma, sabor e aspecto distintos.
A Família Romero foi pioneira na introdução do sistema cereja descascado no início dos anos 90. Quando o sistema cereja descascado é utilizado, as cerejas são separadas de acordo com seu grau de maturação. Somente as cerejas maduras são descascadas.
Os grãos em pergaminho resultantes são secados lentamente, envoltos pela mucilagem, que é rica em açúcar. O processo cereja descascado ressalta as qualidades da bebida dos renomados cafés do Sul de Minas.
Em 1989 a Fazenda Romero iniciou um ambicioso programa para produzir café de maneira sustentável sob os aspectos econômico, social e ambiental. Eficiência aliada ao respeito às pessoas e ao meio ambiente é a base do conceito de sustentabilidade. A Fazenda proporciona aos trabalhadores e suas famílias um pacote de benefícios que incluem acesso a serviços de saúde e educação, aposentadoria e seguro. A educação dos empregados recebe grande ênfase. Cursos de treinamento e dias de campo fazem parte da rotina na Fazenda Romero.
A Fazenda inova em diversas áreas, da agronômica ao processamento. A prática do plantio em curvas de nível protege o solo contra a erosão. A prática de plantio do café em terraços impede a erosão, aumenta a retenção de água e incorpora material orgânico ao solo. Os terraços proporcionam melhores condições de trabalho, reduzem o uso de energia e aumentam a biodiversidade ao fazer o café interagir com espécies nativas.
A Fazenda Romero foi a primeira no Brasil a construir um terreiro com teto e paredes de plástico para proteger o café de chuva e orvalho.