Natural de Belo Horizonte-MG, Débora Fortini é formada em direito pela PUC - MG, e trabalhou na área empresarial por 12 anos. Atualmente é sócia-proprietária da Academia do Café e da BECCOR - Brazilian Estates Coffee Corp., sediada em Portland, OR, EUA, empresa que importa e comercializa café de fazendas especificas e de qualidade superior.

Débora iniciou, juntamente com Josiane Cotrim, a abertura da IWCA - Brasil, e suas atividades como vice-presidente, no início, foram desenvolver e alavancar projetos com objetivo de contribuir para o fortalecimento da mulher dentro da cadeia produtiva de café no Brasil.

Débora Fortini assumiu a presidência da IWCA no Brasil durante uma oficina realizada em Belo Horizonte, durante os dias 3 e 4 de fevereiro, com o consultor Gilmar Barbosa, do Sebrae.

Josiane Cotrim Macieira (direita) passando a presidência para Débora Fortini (esquerda), durante evento em Belo Horizonte

Confira a entrevista concedida por Débora ao CaféPoint:

1. Como a Aliança Internacional das Mulheres do Café - IWCA Brasil está se consolidando no país como uma entidade que realmente representa o café e as mulheres envolvidas nesse negócio?

O Brasil possui importância fundamental para qualquer organização que envolva o café, já que ocupa o primeiro lugar na produção e segundo lugar no consumo de café. O trabalho desenvolvido pela IWCA Brasil demonstrou que a mulher participa da cafeicultura de forma muito mais profunda e extensa do que se imagina. O papel da IWCA Brasil é o de centralizar os esforços pela valorização da mulher na cadeia do café, dando-lhe voz e vez. Constitui um fórum de conexão para troca de experiências e conhecimentos e representa as mulheres em instâncias nacionais e internacionais, tornando visível o papel que elas exercem em toda a cadeia do negócio café.

Este ano em Belo Horizonte, realizamos oficinas, com apoio do Sebrae, para traçar o Planejamento Estratégico da IWCA Brasil, com a participação de mulheres de diversas regiões produtoras de café de todo o país. A partir deste planejamento serão criados e realizados novos projetos.

Na região das Montanhas do Caparaó, tanto em Minas como no Espírito Santo, temos duas representantes muito ativas, Jacqueline Uliana Donna, da Pronova e Cintia Matos, da Coocafé. Os cursos técnicos e os trabalhos de difusão da IWCA que elas desenvolvem continuamente contribuem para o alargamento da visão da mulher produtora, para a conscientização de suas próprias capacidades e da importância do conhecimento do café que produzem.

Também este ano, organizamos um proveitoso encontro para discutir “O papel da mulher na cafeicultura”, com a participação da então presidente, Josiane Cotrim, na Fazenda Capoeira, de propriedade de Marisa de Souza Contreras, membro da IWCA Brasil.

Em 2013, realizamos em Piatã, região da Chapada Diamantina na Bahia, com apoio da nossa vice-presidente Maria Brígida Salgado, o curso de CLASSIFICAÇÃO E DEGUSTAÇÃO DE CAFÉS, destinado à mulheres produtoras.

Em setembro, este mesmo curso foi realizado durante a Semana Internacional do Café em Belo Horizonte, o que viabilizou o acesso de várias participantes da Feira a aumentar os conhecimentos sobre o café.

Já foram realizados encontros com centenas de mulheres na Fazenda Vitória em Alfenas/MG, para atividades técnicas, de saúde e de gestão.

Em 2013, o projeto “Fortalecimento das mulheres de cooperativas de café do Brasil visando o melhoramento da qualidade do produto” foi analisado pela Organização Internacional do Café – OIC - e aprovado no dia 8 de março, data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. O projeto visa treinar mulheres do setor cafeeiro de várias regiões produtoras brasileiras. O objetivo é transmitir os conhecimentos necessários sobre o café que produzem, visando melhorar a qualidade desse produto e, consequentemente, obter um preço melhor.

O Departamento do Café enviou carta à OIC apoiando o projeto da IWCA Brasil, onde ressalta a relevância do treinamento das brasileiras, afirmando que o projeto está “alinhado com as prioridades do setor cafeeiro nacional”. A IWCA Brasil trabalha agora com a secretaria da OIC a fim de obter os recursos necessários para a implementação do projeto. Hoje contamos, como IWCA – Brasil, com representatividade na OIC. Josiane Cotrim, nossa ex presidente ,é a pessoa que nos representa e nos conecta com as decisões e tendências internacionais. Ela nos representa também na IWCA internacional uma vez que agora ocupa uma posição na diretoria de relações com os 16 capítulos da IWCA em todo o mundo.

Aqui estão alguns exemplos do que temos feito.

2. A partir de agora, com você à frente da presidência da IWCA Brasil, quais serão as linhas de ação da Aliança daqui para frente?

Eu me sinto privilegiada em poder contribuir para o fortalecimento da mulher como profissional na cadeia produtiva cafeeira, o que certamente acrescenta aos diversos setores do café uma nova visão, geralmente mais humana e abrangente.

Meus objetivos, como presidente da IWCA Brasil, serão o de promover a participação das mulheres nas decisões das políticas cafeeiras, contribuir para a criação de ações que priorizem o respeito à mulher e ao homem do campo, assim como ao meio ambiente, além de, naturalmente, divulgar e valorizar os cafés de qualidade.

O trabalho básico é de organizar as diversas regiões e setores da cadeia do café, mantê-las em comunicação, observar, acompanhar os passos de implementação do planejamento decidido e utilizá-lo como uma ferramenta para manter a IWCA Brasil em melhoria contínua.

A comercialização nacional e internacional do café produzido com a participação da mulher e com diferencial de preço é também uma das nossas metas. Este projeto já esta em andamento.

3. Em fevereiro, houve uma oficina com um consultor do Sebrae para traçar o planejamento estratégico da IWCA no Brasil. Quais foram os resultados dessa consultoria?

Neste planejamento foram definidas algumas áreas de ação e definimos grupos que tratarão e desenvolverão cada uma dessas áreas. O consultor Gilmar Barbosa superou as expectativas de todas nós e trouxe força para o grupo.

4. Como as regiões produtoras estão representadas na diretoria e como cada região está reunindo as mulheres para que todas sejam incluídas na organização?

Tentamos abranger e incluir o máximo possível de regiões produtoras relacionadas ao café. Acredito que à medida que a IWCA Brasil se consolide, nos tornaremos mais visíveis e consequentemente mais mulheres das diversas regiões terão interesse em se associarem.

Atualmente, temos dentro da Diretoria de Comunicação, Marketing e Mobilização, divisões referentes a cada região, que contam com representantes que desenvolvem trabalhos setoriais.

5. De que forma a Aliança participa na vida das mulheres?

As mulheres que participam e entendem o objetivo da IWCA, através de conexões, troca de experiências e conhecimento, fortalecem a auto estima e conseguem enxergar além do que lhes é apresentado no dia a dia, o que proporciona o empoderamento.