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Qualidade e preço: qual é o limite?

POR ENSEI NETO

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 26/09/2006

4 MIN DE LEITURA

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A partir do início dos anos 90, com a introdução do concurso de qualidade promovido pela indústria de torrefação italiana illycaffè, uma série deles passou a fazer parte do cotidiano do cafeicultor, estimulando-o a produzir cafés de alta qualidade.

Concursos regionais, estaduais e um organizado pela ABIC - Associação Brasileira da Indústria do Café, este envolvendo uma engenhosa parceria com algumas das mais importantes redes de varejo no Brasil.

Certamente, para o produtor, um em particular tem despertado grande interesse: é o Concurso de Qualidade Cafés do Brasil, promovido pelo MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e organizado pela BSCA, sigla em inglês da Associação Brasileira de Cafés Especiais.

Este concurso, que segue as regras da ACE - Alliance for Coffee Excellence (Aliança para a Excelência do Café), é conhecido também como "Cup of Excellence" (Xícara de Excelência), sendo organizado em diversos outros países produtores de café.

O que diferenciou este dos outros concursos é o fato de que os lotes de café finalistas têm sua venda realizada através de um leilão pela Internet, envolvendo compradores de todo o mundo.

Realizado desde 1999, inicialmente apenas no Brasil, a partir de 2001, o leilão passou a ter grande repercussão internacional, quando o lote campeão foi arrematado pela empresa japonesa UCC - Ueshima Coffee Co., torrefadora líder daquele mercado, que ofereceu lance de USD 5.56 por libra-peso, que equivale a USD 738.37 o saco de 60 kg líquidos FOB Santos. Repercutiu intensamente entre os produtores e passou a conferir um novo "status" ao café brasileiro.

Com a sua introdução em outros países, como El Salvador e Nicarágua, os lances vencedores foram galgando agressivamente novos patamares de preços, sendo que em 2005, no leilão dos lotes de Honduras um novo recorde de preços foi obtido: USD 17.60 por libra-peso ou o equivalente a USD 2,328.13 o saco de 60 kg líquidos. Até então, os lotes vencedores vinham recebendo lances de arremate da ordem de USD 1,600 o saco.

Porém, no leilão do concurso Brasil de 2005, um novo capítulo foi incluído na história dos recordes de preços. O lote campeão, produzido por Francisco Isidro Dias Pereira, de Carmo de Minas, na Serra da Mantiqueira, Minas Gerais, foi considerado um café realmente excepcional, alcançando pontuação inédita acima de 96 em 100 pontos, vindo a receber, também de forma inédita, um lance até então impensável de USD 49.75 por libra-peso ou o equivalente a USD 6,580 o saco de 60 kg.

Para o mercado internacional, os preços do café são sempre referenciados em "centavos de dólar (americano) por libra-peso", lembrando que tradicionalmente a medida inglesa é a adotada.

Após um resultado surpreendente como este, muitos analistas e formadores de opinião começaram a especular sobre qual seria o limite para os preços dos cafés de qualidade excepcional. Num tema como esse, várias correntes surgem e uma calorosa discussão se inicia, sendo que, alguns admitem que limites existem para serem quebrados.

E, para confirmar essa máxima, o leilão do concurso de cafés do Panamá, que marcou o retorno da SCAA - Associação Americana de Cafés Especiais, em inglês, a esse modelo de comercialização, do qual é a idealizadora e que, originalmente, deu suporte aos primeiros ocorridos no Brasil, teve como lance vencedor USD 50.25 por libra-peso ou o equivalente a USD 6,647 o saco de 60 kg!

Voltando ao lote de café mais valorizado de todos os tempos, ele foi adquirido por duas empresas: o Michels Espresso, da Austrália, e o Caffè Artigiano, do Canadá. Um desses sacos chegou ao Brasil, através de repasse, vindo a ser servido por uma cafeteria em São Paulo.

Diga-se, de passagem, que cada xícara servida na capital paulista custava quase R$ 10,00, sendo a última delas consumida por um ilustre consumidor, nada menos que o Diretor Executivo da OIC - Organização Internacional do Café.

Nesse momento, vem à tona, também, uma outra pergunta: para cafés tão valiosos, qual será a mais adequada forma de oferecê-lo ao consumidor?

Há um consenso: o café possui uma mecânica de serviço muito mais complexa que a do vinho, pois após a sua industrialização, que corresponde à etapa de torração dos grãos, existe ainda o preparo para o serviço de xícara.

Este preparo, que pode assumir diferentes vertentes como o espresso, french press ou mesmo o bom e tradicional café de coador, sofre influência de aspectos como a moagem, a qualidade da água e, principalmente, da habilidade de quem prepara!

Levando-se em consideração todos estes aspectos, as empresas compradoras desses cafés excepcionais não os comercializam em grãos torrados, mas exclusivamente no serviço de xícara, evitando-se que um pequeno erro cometido em seu preparo na residência possa fazer com que o consumidor questione se o café talvez não tenha qualidade condizente com o preço que foi pago.

Na composição de preços de uma xícara, normalmente o valor da matéria-prima é bastante pequeno, ficando abaixo de 8% do custo total, sendo que outros elementos, como aluguel, mão-de-obra especializada e utilidades como energia elétrica, acabam tendo peso mais expressivo. No entanto, mesmo que o café cru tenha sido adquirido a um valor excepcionalmente alto, na xícara, o preço final ficará dentro de padrões razoáveis para o consumidor.

Afinal, cafés excepcionais resultam de uma grandiosa conspiração dos astros e, portanto, merecem ser degustados num ritual, como um presente divino.

ENSEI NETO

Especialista em Cafés Especiais.
Consultor em Qualidade e Marketing, Planejamento Estratégico e Desenvolvimento de Produtos & Novos Mercados.
Juiz Certificado SCAA e Q Grader Licenciado.

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