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Um caminho para salvar a cafeicultura brasileira

POR EDUARDO CESAR SILVA

E LUIZ GONZAGA DE CASTRO JUNIOR

ESPAÇO ABERTO

EM 29/01/2014

3 MIN DE LEITURA

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Ao longo da história existe a tendência do nosso mundo se tornar cada vez mais complexo. A ciência e tecnologia criaram objetos cada vez mais elaborados, a economia movimenta oceanos de dinheiro em segundos, o fluxo de informações se tornou gigantesco e a agricultura, por sua vez, passou a utilizar novas máquinas, técnicas e produtos. Diante desse ambiente complexo, exige-se cada vez mais do intelecto humano. É preciso dominar os conhecimentos e técnicas mais atuais, sob o risco de ser superado pelos competidores.

O empresário que não anuncia na internet está em desvantagem diante daquele que anuncia. O comerciante que não recebe pagamentos via cartão de crédito está em desvantagem diante do que recebe. O cafeicultor que não faz a gestão financeira de custos de produção está em desvantagem comparado ao que faz.

A agricultura passou por uma grande revolução tecnológica. Graças a ela a produtividade de todas as culturas cresceu de forma espetacular. Mas isso cria um desafio aos agricultores: é preciso produzir tanto quanto a tecnologia disponível permita. Menos do que isso resultará em ganhos menores por hectare. A obtenção de uma boa produtividade depende de uma série de conhecimentos técnicos, tais como fitotecnia, fitopatologia, fisiologia, física dos solos e outros mais.

Mas a agricultura complexa não depende apenas de produtividade. O sucesso econômico dessa atividade também depende de várias especializações da administração e até de algum conhecimento jurídico. É comum observar em fóruns e portais noticiosos cafeicultores se queixando dos lucros obtidos por traders e torrefadores internacionais, como se isso fosse resultado apenas do uso de poder econômico. Não negamos que a concentração de mercado possa ter algum efeito negativo nos preços, mas esse com certeza não é o único motivo. Essas empresas investem alto em gestão, marketing e pesquisa. É um trabalho feito por profissionais qualificados. Todos eles utilizam o mercado futuro, mas quantos produtores travam o preço dessa forma?

Para que a cafeicultura brasileira se mantenha competitiva é fundamental que os cafeicultores recebam os conhecimentos técnicos necessários e tenham acesso a informações de qualidade. Nossa proposta é que se invista mais na capacitação do próprio cafeicultor, de modo que ele seja capaz de tomar decisões melhores. Não queremos, com isso, transformar todos os cafeicultores em técnicos ou agrônomos, mas oferecer um conjunto de conhecimentos que permitam o julgamento adequado de problemas e o caminho para sua resolução. Para muitos cafeicultores, por exemplo, ter consciência da importância da análise de solo e saber a forma correta de coletar as amostras já seria um avanço. Não é preciso saber interpretar o resultado da análise, mas entender sua importância.

Em uma pesquisa realizada com 144 cafeicultores do Sul de Minas, divididos entre certificados e não certificados, o nível de escolaridade apresentou o seguinte resultado, conforme a figura 1:


Figura 1 – Nível de escolaridade de cafeicultores certificados e não certificados do Sul de Minas. Fonte: Silva (2012).

Na mesma pesquisa foi questionada a participação dos cafeicultores em cursos e treinamentos, como mostra a figura 2:


Figura 2 – Participação de cafeicultores certificados e não certificados do Sul de Minas em cursos e treinamentos. Fonte: Silva (2012).

Inúmeros estudos, feitos em diferentes países e com diferentes culturas, mostraram que maiores níveis de escolaridade por parte dos agricultores aumentam a probabilidade de utilização de tecnologias e processos mais sofisticados, tais como irrigação, rastreabilidade, certificação e até a produção de café cereja descascado. A partir desses resultados, é preciso pensar em alternativas de educação para produtores e, principalmente, para seus filhos.

Cafeicultores que detenham conhecimento adequado, além de produzirem mais, terão condições de tomar decisões melhores, mesmo em épocas de crise. O conhecimento, nesse caso, é uma chave para a liberdade de cada cafeicultor. Um homem com boa instrução não se deixa enganar facilmente, identifica os problemas da sua lavoura e busca soluções. Essa é a realidade que queremos para os cafeicultores nacionais.

No próximo artigo discutiremos diversas inciativas que oferecem soluções para os desafios apresentados neste texto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SILVA, E. C. Fatores Determinantes da Adoção de Certificações Socioambientais em Propriedades Cafeeiras. 2012. 103 p. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2012. 

ARTIGO EXCLUSIVO | Este artigo é de uso exclusivo do CaféPoint, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem prévia autorização do portal e do(s) autor(es) do artigo.

EDUARDO CESAR SILVA

Coordenador do Bureau de Inteligência Competitiva do Café.

Doutorando em administração pela Universidade Federal de Lavras e mestre em administração pela mesma instituição.

É tecnólogo em cafeicultura pelo IF Sul de Minas - Campus Muzambinho.

LUIZ GONZAGA DE CASTRO JUNIOR

Doutor em Economia Aplicada pela ESALQ/USP e professor associado da Universidade Federal de Lavras. Coordenador do Centro de Inteligência em Mercados (CIM).

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HUMBERTO

VARGINHA - MINAS GERAIS

EM 11/06/2014

Parabéns ao Sr Juliano Tarabal pelo trablaho feito. É assim mesmo, trabalho de formiguinha, passo a passo , para mudar as mentes e alcançar resultado. Só com esse tipo de trabalho o produtor vai usar das ferramentas que tem  e deixar de ser "torcedor" de mercado para se tornar "agente" de mercado. Mercado é "mau" com todo mundo , não só com produtor, por isso empresas o usam para se garantir e não para especular. Assim estão sempre na frente daqueles não o usam corretamente. Sucesso a todos e pricipalmente aos produtores. att
CARLOS ALBERTO AIMOLE PAGLIARONE

FRANCA - SÃO PAULO

EM 17/03/2014

A língua portuguesa é tão bela que em um texto resolve vários problemas. Vamos lá.... irrigação ??????? Há mais de 2 anos e não consigo (isso nas mãos de um engenheiro florestal) certificação de propriedade??????? Bom quando café com preço alto. Caso contrário a manutenção é inviável. Na realidade produzir café é muito mais complicado do que se parece (muitos altos e baixo que não serão corrigidos apenas com conhecimento das causa e efeito) estou aberto ao diálogo da nossa realidade.
JOSÉ CARLOS GAVA FERRÃO

PORTO SEGURO - BAHIA - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 13/03/2014

Caros

O assunto é muito bom com belas análises, mas também temos a seguinte situação em muitas regiões cafeeiras: existem produtores que estão ávidos por informação e temos os produtores que não participam, e acho que são a maioria, porque acham que "vão perder um dia de serviço"...constato isto com impressionante frequência em vários eventos promovidos por diversos órgãos, como por exemplo o SENAR, que presta excelente serviço mas muitas vezes tem dificuldades de "arrebanhar" o público alvo pela visão colocada acima.
ADÃO FARIA

PIUMHI - MINAS GERAIS

EM 06/03/2014

Concordo com todos os autores e todos que comentaramesse é o caminho.
AUGUSTO COMUNIEN

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 26/02/2014

O sr João B. Almeida, matou a cobra e mostrou o paú....O cafeicultor já tem todo apoio possível... não precisa de mais nada.. Somente de uma boa politica e de gente capacitada para gerir a cafeicultura de um modo geral. Não é escolaridade que traz o alimento à mesa,pois se fosse assim não existiria índio no mundo.
UBIRACI DE SOUZA SANTOS

VITÓRIA DA CONQUISTA - BAHIA - ESTUDANTE

EM 18/02/2014

Caros amigos, estamos diante de um tema extremamente relevante e de multiplo alcance. O conhecimento é um elemento imprescindível em qualquer segmento econômico. O caso da cafeicultura em particular nos parece tão óbvio quanto urgente. Muitos produtores ainda "tocam" a produção sem nenhum planejamento prévio,  imprecisão no dimensionamento dos custos/lucros e insegurança nas decisões de investimento. Tudo isso é reflexo da falta de conhecimento. Por outro lado, as discussões acerca dos problemas do setor na maioria das vezes ocorre em eventos elitizados e nem sempre alcançam a faixa dos pequenos produtores,  que são maioria. Estes são justamente os que mais precisam de esclarecimento, de capacitação e de apoio. O fortalecimento da cafeicultura deve se dar em sentindo amplo, mas,  para isso, é preciso que haja interação,  participação e cooperação por parte de todos os agentes envolvidos. O Conhecimento é, assim, um instrumento fundamental neste processo.
JOÃO B ALMEIDA

CACHOEIRA DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 07/02/2014

Maravilhoso mundo tecnológico. A cada instante somos surpreendido com inovações. O mundo eletrônico operando como se fosse milagres. Se meu centenário pai estivesse com vida, chamaria isso de sinais dos tempos. Saímos  da era do meu pai, agricultura em carros de bois para a era da agricultura operando com tecnologia, respondendo com grandes produções. Em se tratando de tecnologia, agricultura, mais produtividade, podemos observar um grande paradoxo, especificamente com a produção de café. O cafeicultor assimilou a informação, a tecnologia, produziu tanto ou ate mais que estas maravilhas permite, nem por isso ganhou mais, pelo contrario, bateu de cara com o mercado perverso, leis da economia oferta, demanda, especulação, e se arrebentou. É com tristeza que podemos avaliar que em pleno tempo dos encantos da evolução, o seguimento cafeicultura, desamparado de tudo ou socorrido de forma errada por falta de politica para o setor, tem que jogar com desgraças climáticas para aliviar um pouco o quadro trágico que se encontra. O cafeicultor viveu sempre a mercê das tragédias climáticas para agregar valor ao seu produto. Antes era geada que agora não existe mais, e quando tudo parecia perdido, estamos diante de uma estiagem terrível que está causando tanta destruição para outras culturas como milho, soja, feijão, frutas, legumes etc, e que se persistir, pode vir até afetar a qualidade de vida, a saúde. infelizmente este quadro trágico de estiagem, e para o cafeicultor o amargo alivio que não se esperava mais.
JULIANO TARABAL

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS

EM 04/02/2014

Caros Gonzaga e Eduardo,



Excelentes paralelos e contextualizações para esta abordagem extremamente válida que é o investimento em capacitaçao do produtor, não somente no que tange produçao como principalmente no que tange Gestao e Comercializaçao.



Convivo e vivencio na pratica esta mudança aqui na Região do Cerrado Mineiro, propiciada principalmente em função de açoes do Sebrae em parceria com a Federação, cooperativas e associações filiadas, onde posso citar:



- Educampo - cerca de 400 produtores participantes

- Programa Qualidade Total Rural - dezenas de grupos formados entre produtores e gerentes de propriedades

- Formação de Grupos de Certificação (RA, UTZ, FT, outros) - Mais de 50% da area de produção do Cerrado Mineiro possui alguma Certificação de Propriedade

- Mercado Futuro - projetos que possibilitam produtores realizarem contratos futuro com menos de 100 sacas, facilitando inclusive armazenamento e rebenefico



Isso para citar algumas ações de beneficio direto e "na veia" do produtor.



Isso meus caros, vale muito mais que qualquer e todo investimento em marketing, pois conheço a Cafeicultura da Colombia e lhes digo, eles tem marketing mas nós temos profissionalismo e competitividade.



Obviamente que isso não indica que não devemos fazer marketing, muito pelo contrario, é um investimento altamente necessário e de retorno que deve compor qualquer atividade empresarial.



Agora, investimento em educação e capacitação é um investimento que ninguem tira e ele tem uma evolução continua, nao para, e os resultados estao ai para mostrar isso, vide os graficos que voces apresentaram no artigo.



Enfim, a Academia, os órgaos de extensao sao elos fundamentais de toda cadeia produtiva, o investimento em pesquisa tanto de mercado quanto de produçao para trazer inovação.



Contem conosco para tornar isso realidade, no que tiverem a intenção de aplicar toda a inteligência desenvolvida no CIM estamos aqui abertos para lhes receber e estender todo este conhecimento aos produtores.



Grande abraço e sucesso!



Juliano Tarabal
MOUZER MESSIAS SANTOS

CRISTAIS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/02/2014

Parabéns aos autores deste artigo! Como estudante técnico do curso de cafeicultura, vejo a necessidade de levar informação aos produtores  o quanto antes, só assim, terão firmamento em sua propriedade, e não dará tanto ouvido ao forte mercado especulativo...que faz com que os menos informados, pensem que é o fim da cafeicultura em momentos de crise, como agora. E, em  outros sentidos, para que vejam na propriedade uma empresa, e a grande necessidade de administra-la da melhor forma possível.
AYRTON DE JESUS TORRES

EM 30/01/2014

Muito bom o artigo essa é a maior alavanca que se poderia por nas mãos dos cafeicultores principalmente da nossa região a falta de conhecimento hoje é o grande desafio deles espero que todas as ferramentas do conhecimento chegue logo a todos principalmente os agricultores familiares.
JOÃO BATISTA VIVARELLI

DIVINOLÂNDIA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/01/2014

Artigo muito bom, realmente o conhecimento, sempre foi e será à base do sucesso em qualquer empreendimento,tenho notado que à cada dia os agricultores independente do tamanho, tem preocupado com o "SABER/CONHECER", o que o torna um empresário rural.

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