Recuperar e reconstruir uma fazenda que estava sem investimentos – um pouco abandonada, para torna-la capaz de produzir cafés especiais foi uma grande experiência para entender a essência do que é sustentabilidade. Mas foi só a primeira semente do conceito, ao logo desses 10 anos ser e se manter sustentável, de fato, é bem mais complexo e profundo.

Para produzir cafés especiais cultivando as variedades mais nobres da família arábica foi necessário reconstruir o ecossistema do Cerrado, criando um ambiente perfeito para o desenvolvimento da lavoura.


Foto: Ivan Padovani / Café Editora

Para isso foi preciso reconhecer e replantar as principais plantas nativas, recuperar o solo, e descobrir e proteger as nascentes de água, com isso, foi possível reconquistar e atrair a fauna local. Somente depois de todo esse trabalho o ambiente estava pronto para o plantio de café.

Durante todo esse processo a relação com as pessoas e a comunidade também foi sendo desenvolvida. Uma relação entre pessoas e instituição não acontece do dia para noite, foi preciso construir vínculo, criar confiança e principalmente apresentar, inspirar e conquistar o entorno da fazenda para construirmos nosso time e sermos bem recebidos pela região.

Não é uma tarefa fácil, por exemplo, mostrar para trabalhadores que viveram de uma época onde o foco era volume de produção que, vale mais colocar menos nutriente e produzir menos, mas ter a terra fértil para sempre.

Cuidar do meio ambiente, ser socialmente responsável e produzir cafés especiais tem muito valor e envolve alto custo também. Por isso, estudar a viabilidade financeira desse projeto, considerando um período de investimento sem retorno e correndo riscos inesperados é um pilar do conceito de sustentabilidade que não pode ser desmerecido.

A definição dessa forma de trabalhar foi desde o início um princípio a ser seguido, não existia uma fazenda antes e depois de ser certificada como sustentável, o projeto de cafés especiais e sustentáveis nasceu assim, pois acreditamos que cada ator do agronegócio tem a responsabilidade de garantir a continuidade para as próximas gerações.

Lições aprendidas, produção engrenada, era preciso vender. E não seria coerente vender para quem não tivesse alguma certificação em sustentabilidade. Há 10 anos, haviam poucos importadores e distribuidores, que tinham essa visão. Não foi uma tarefa fácil convencer que o Brasil era capaz de produzir bons cafés, garantir consistência na entrega e ainda ser certificado.

Felizmente o esforço tem sido recompensador e essa experiência trouxe alguns aprendizados: Primeiro, buscar parceiros competentes nos temas que não se domina, e felizmente o Brasil tem universidades e institutos que oferecem e se interessam por essas parcerias. Em segundo, ajustar os paramentos ou critérios, para própria realidade, às vezes sem querer, por bom senso ou logica já implementamos práticas sustentáveis. É possível fazer mais? Sem dúvida.


Por fim, deixo um vídeo incrível da Rainforest Alliance para inspirar!