ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Verdades e mentiras a respeito da produtividade das lavouras de café

POR CARLOS EDUARDO DE ANDRADE

ESPAÇO ABERTO

EM 13/09/2007

3 MIN DE LEITURA

11
0
Trabalhando com a cultura do café a muitos anos como extensionista e estudando o comportamento do mercado, a oferta de café pelo Brasil para exportação e a produção de café do Brasil numa série de vários anos, percebo que há muitas inverdades no que diz respeito principalmente à produtividade alcançada nas lavouras de café.

A cafeicultura é uma cultura perene e o cafeeiro é uma planta extremamente sensível ás variações climáticas. Há de se lembrar que a planta necessita de luz, calor e água e a interação desses três fatores, além dos demais tais como manejo de solo, manejo das doenças, manejo das ervas daninhas, manejo das pragas, nutrição, podas, etc é que resulta em produtividade elevada. Pode-se possuir irrigação e por alguma causa ou causas não se obter a produtividade almejada.

Outros aspectos que não podem ser desprezados são as limitações diversas que se têm no aspecto produtivo. Biologia da planta, capital disponível e em liquidez, mão-de-obra, custo do dinheiro, tempo de operacionalização das tarefas, aspectos ligados ao solo, clima, face de exposição da lavoura, legislação ambiental, legislação trabalhista, etc.

Às vezes, determinados palestrantes em congressos apresentam resultados de pesquisas com produtividades altíssimas. Só que os trabalhos apresentados são em sua maioria de uma área específica e por um intervalo de tempo relativamente curto de análise. Em cafeicultura, análise dos resultados devem ser por um tempo superior a 6 anos. A produtividade deve ser uma média da produção ao longo do tempo.

Outra coisa que deve ficar muito claro é que a produtividade alcançada em um talhão, a produtividade de um experimento, etc. é um fato. Outro fato é a produtividade de uma propriedade como um todo. Se conseguíssemos produtividades de café tão elevadas como aparecem em muitos meios de comunicação, folhetos de empresas produtoras e comercializadoras de produtos para café e os apresentados em congressos, o Brasil estaria produzindo mais de cem milhões de sacas. É só fazer contas.

Se o Brasil possui dois milhões e meio de hectares cultivados com café e se considerar a produção em dois milhões de hectares a uma produtividade de 50 sacas de café beneficiado por hectare, teríamos cem milhões de sacas de café por ano. Não quero dizer com isso que algum produtor em determinado ano não tenha produtividade elevada. No boletim - ano 74 - nº 34 de 24/08/2007 do Escritório Carvalhaes - https://www.carvalhaes.com.br - , diz o seguinte:

"O que chama a atenção, e preocupa, é o tamanho do parque cafeeiro brasileiro e a produtividade possível para o próximo ano. O parque cafeeiro em produção é estimado em 2,06 milhões de hectares e a produção média por hectare foi de 15,84 sacas, enquanto na safra anterior foi de 19,75 sacas. Mesmo que adotemos uma situação ideal de crescimento do parque cafeeiro em produção para 2,2 milhões de hectares (crescendo 7%, o que é improvável) e uma produção média por hectare de 22 sacas (crescendo 11% em relação as 19,75 sacas do ano-safra 2006/07) chegaremos a uma produção de 48,4 milhões de sacas, muito pouco para um pais que colheu este ano 32,6 milhões de sacas e é o maior exportador e o segundo maior consumidor de café do mundo. No último ano-safra 2006/07 exportamos 29 milhões e consumimos 17 milhões de sacas, totalizando 46 milhões de sacas".

O Escritório Carvalhaes, tradicionalmente conhecido no mercado de café desde 1918 e com credibilidade para opinar sobre qualquer assunto no que diz respeito à cafeicultura nacional e conhecedor da realidade da nossa cafeicultura faz uma observação com muita clareza a respeito da nossa produtividade de café.

O produtor de café deve ficar atento, fazer o melhor que ele pode em sua lavouras e nos cuidados de pós colheita, mas principalmente atentar para custos de produção e ter um absoluto conhecimento do seu custo de produção e ao preço de mercado da saca de café e a partir daí ir comercializando paulatinamente a sua produção.

O segredo de se manter no negócio é seguir os pilares da administração, estando atento ao planejamento, a organização, a direção e ao controle da atividade.

CARLOS EDUARDO DE ANDRADE

Engenheiro Agrônomo, Mestrado em Economia Aplicada, Extensionista da Universidade Federal de Viçosa e produtor de café.

11

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe CaféPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

ALBINO JOÃO ROCCHETTI

FRANCA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/10/2007

Respeitamos a tradição e seriedade do escritório Carvalhaes, citado no brilhante artigo do colega Carlos Eduardo. O que nos intriga, entretanto, é que toda vez que se lê alguma publicação que parta do setor da indústria do café (ABIC, por exemplo), bem como do comércio, sempre estão a apontar uma situação de aperto nos estoques, de tal forma a sugerir, que devemos produzir mais.

Parece-me um paradoxo: se estamos com estoques baixos e se vamos produzir pouco, como sugerem; porque os preços não reagem? Ora, dá para pensar que estes respeitáveis senhores querem que produzamos mais para que eles fiquem numa situação muito confortável, de excesso de oferta, e eles comprem o nosso café com um "precinho" bem lá em baixo.

Parece coisa orquestrada!
Eng.agro. Albino João Rocchetti - Franca - SP
MARCO ANTONIO DOS SANTOS

VALINHOS - SÃO PAULO

EM 07/10/2007

Parabéns pelo magnífico artigo. Trabalho com a cultura do café a 12 anos e desenvolvo modelos matemáticos de previsão de safra de café e nunca li um artigo tão real. Faço diversos estudos em lavouras e não acho possível as tais previsões que órgãos governamentais divulgam. Sei que existe um grande apelo comercial e subjetivo por trás de tais previsões. Assim, como você muito bem salientou em seu artigo, a produtividade deverá sim, ser afetada pelo clima, principalmente pelas altas temperaturas e falta de chuvas no inicio da indução floral (fevereiro a maio) e agora na fase de florescimento (agosto-outubro).
RAFAEL ALTOE FALQUETO

VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/09/2007

Parabéns pelo artigo. É muito importante esclarecer quais são os verdadeiros fatores que são relevantes para projeção das safras. O produtor e os agentes da cadeia produtiva do café precisam de informações precisas, simples e objetivas para se manterem, crescerem e não serem ludibriados por falsas informações das especuladores do mercado.
JOSÉ GERALDO ALVES

CURITIBA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/09/2007

Parabéns pelo artigo, muito oportuno e esclarecedor. A continuidade das adversidades climáticas com certeza vai surpreender para menos, muitas das previsões de safra já realizadas. O segredo, como já abordado, para a continuidade do produtor de café em nosso país, dependerá muito de todos os atores da cadeia produtiva, se não houver equidade na distribuição dos ganhos, a cafeicultura brasileira continuará o processo de perda de competitividade para os demais países produtores. Outro ponto a ser buscado pelos cafeicultores é a melhoria da gestão das propriedades, apoiados em sistemas de produção sustentáveis.
ALEXANDRE NEVES

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 17/09/2007

Bom dia,

Sei que as estimativas atuais de produtividade de café, são por ha. Contudo, gostaria de obter também, uma visão por 1000 pés de café, visto que tenho uma pequena lavoura, separada por talhões, conforme sua idade.

Gostaria de entender também, se essa produtividade por 1000 pés respeita a bienualidade, ou é média dos anos também, respeitando condições ideais de cuidado da terra (manejo e adubação).

Obrigado desde já,
AMARILDO J SARTÓRI

VARGEM ALTA - ESPÍRITO SANTO

EM 14/09/2007

Prezado Dr. Carlos Eduardo de Andrade

Parabéns pela serenidade e clareza das informações contidas neste artigo, para nós que lidamos no dia a dia com a cultura do café, sabemos das dificuldades e os inúmeros fatores que comprometem diretamente a produtividade.

Percebo a indignação de alguns produtores ou profissionais ligados de alguma forma a cafeicultura, quando comentam alguns artigos aqui publicados, tratando de estimativas de safras que fogem a nossa realidade.

Uma estimativa de safra bem feita deveria seguir a fórmula aqui apresentada, simples, lógica e sem mágicas, pois em um país com as dimensões do Brasil, as chances de ocorrerem problemas em regiões produtoras de café, que possam prejudicar ou favorecer a produtividade são enormes.

Um grande abraço
JOAQUIM ANDRADE BORGES

ITAMBÉ DO MATO DENTRO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/09/2007

Parabéns pela materia, realmente essa é a nossa realidade.
ARNALDO REIS CALDEIRA JÚNIOR

CARMO DA CACHOEIRA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 13/09/2007

Finalmente uma análise crítica bem feita. Ponderada em cima de dados concretos, ou seja, número de hectares plantados perspectivas de aumento de produção e consumo. Dados reais com perspectivas reais.

Estamos falando em perspectivas de 48 milhões de sacas para 2008 e sem comentar sobre a perversa estiagem, floradas antecipadas que abortaram e cafezais sendo trocados por cana de açúcar.

O artigo é bom até pra quem quiser especular. Pois o número de 48 milhões de sacas é um número balizado e não deixará os aventureiros de plantão falando besteiras por aí!

SDS.
ISRAEL

ROMARIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 13/09/2007

Até que enfim alguém disse algo sensato sobre a cafeicultura e sua realidade. Parabéns pela matéria.
JOSE EDUARDO FERREIRA DA SILVA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 13/09/2007

Carlos Eduardo,

Em anos de baixa rentabilidade surge um fator de influência de produtividade bastante comum: o "gigolô de café" (a 1ª vez que ouvi este termo foi de um cafeicultor amigo meu, de Baependi, que por sinal tem uma produtividade média impressionante). Mesmo que fatores de ambiente estejam adequados, quando o calo aperta no bolso, o produtor reduz o uso de insumos e restringe o manejo afetando a produtividade "potencial" das pesquisas. Passa a gigolar o pé de café!

O termo pode parecer cruel com o produtor, mas a expectativa de preços vis-à-vis custos crescentes é um fator que influencia a produtividade.

Aí você de fato tocou na ferida: Administrar é planejar, organizar, dirigir e controlar, ter informação para se tomar decisão! É mapear todo o processo produtivo, com padrões e indicadores relevantes definidos, planilhas de custos e receitas bem elaboradas e com alimentação sistemática, controlar qualidade, conhecer o ambiente (institucional, mercados interno e externo, concorrentes, etc), conhecer e operar mercados futuros/hedge, implantar boas práticas agrícolas, ambientais e sociais (o conceito amplo de sustentabilidade), elaborar e implantar política de recursos humanos (alguns gostam do termo "gestão de pessoas", e no caso do café é um dos custos mais relevantes e que pode fazer total diferença no resultado econômico da atividade), e mais um tanto de conceitos de gestão (qualidade total, planejamento estratégico, marketing, gestão financeira, etc).

O problema que alguns não percebem é que não têm como escapar disto. Se a tendência é de se aumentar a produtividade e a produção de café em escala global, a real dimensão do mercado de café, então a tendência de os preços caírem é inexorável. Porém os custos não seguem a mesma trajetória, necessariamente. A própria estrutura de mercado (concentração de mercado dos fornecedores de insumos - antes da porteira), interação com a demanda por insumos de outras cadeias que se expandem (soja, milho, cana, etc), entre outros fatores, faz com que os custos sejam crescentes ou que a queda de preços imaginada por uma apreciação cambial não seja tão relevante. Então cada vez mais os lucros tenderão a minguar. Aí só a gestão (administração) eficiente fará a diferença.

Portanto, aprender a administrar (ou profissionalizar a administração) deve ter um peso nas preocupações dos produtores maior que as técnicas de manejo, tecnologias de produção, etc. Estas deverão fazer parte do portfólio de decisões do administrador e não do ofício do produtor.

Acho que estamos entrando numa nova era da agricultura, vamos ver nascer um novo produtor. Aquele que não mudar vai desaparecer da atividade. Daí o seu texto ter sido bastante oportuno.

Um cordial abraço,

José Eduardo Ferreira da Silva
Engº Agrônomo
JOÃO CARLOS REMEDIO

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 13/09/2007

Parabéns pelo excelente artigo.

Ele mostra que as previsões de safra que surgem a todo momento são meras especulações, puro jogo de interesses de setores interessados em explorar de maneira predatória a cafeicultura nacional. O que mais me impressiona é que a maioria dessas previsões são feitas por " brasileiros", não sei a mando de quem. A cafeicultura brasileira precisa ser respeitada.

Joao Carlos Remedio

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do CaféPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

CaféPoint Logo MilkPoint Ventures