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Sistema de treino e visita para o café no Paraná

ESPAÇO ABERTO

EM 19/07/2016

6 MIN DE LEITURA

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Por Marcos Valentin Ferreira Martins*



Os motivos que interferem sobre as decisões dos indivíduos na adoção de tecnologias tem como variáveis altamente significativas, número, qualidade, oportunidade e a velocidade das informações a que o usuário tem acesso. Atingir um número expressivo de produtores, através de processos de comunicação interpessoal, é um desafio para os nossos dias (Martins, 1995).


A cultura do café por ser exploração permanente, necessita de ações continuadas de comunicação e assistência técnica, de médio e longo prazo. Também, o processo de transferência de tecnologias necessita de ações permanentes e concatenadas, para que seja consolidado.

Professor Marcos Valentin Ferreira Martins, chefe de Gabinete da Presidência do Iapar // Foto: Divulgação
Professor Marcos Valentin Ferreira Martins, chefe de Gabinete da Presidência do Iapar // Foto: Divulgação

 
O quadro profissional carece de capacitação tecnológica especializada, atualização e aperfeiçoamento pedagógico para realizar com qualidade uma boa proposta de assistência técnica aos cafeicultores e suas organizações.

A partir de 1997, o apoio do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café), possibilitou ao Paraná utilizar o método Treino & Visita – uma releitura do Training and Visit System (Bennor, 1984) – para sistematizar os processos de transferência de tecnologia envolvendo pesquisa–extensão/assistência técnica–cafeicultores do Paraná, com resultados muito positivos.

Houve um processo de reimplantação e substituição de lavouras improdutivas, mantendo o café como uma opção de diversificação para renda e empregos, dando maior sustentabilidade, principalmente aos produtores em regime familiar.

O projeto foi desenvolvido na região Norte, Noroeste e parte do Oeste, abrangendo 10 regiões cafeeiras e 90 municípios e envolveu mais uma centena de técnicos e pesquisadores, além de 1350 produtores diretamente e outros 5000 indiretamente.

A Metodologia
A extensão rural e a assistência técnica destacam do seu quadro de funcionários profissionais para o aprofundamento e especialização na cultura do café. Esses técnicos passam por um treinamento completo da cultura junto aos especialistas da pesquisa, até serem capazes de compreender, avaliar, discutir e buscar junto deles e/ou na literatura informações de qualquer nível da pesquisa aplicada em relação à cultura.

Por sua vez, esses profissionais montam grupos de 10 a 15 técnicos, com atuação direta no campo, que recebem as informações para difusão e repassam a grupos de produtores – de 10 a 15 – potencializando assim o trabalho.

O papel da pesquisa aplicada neste sistema é de buscar, interpretar e gerar informações a partir de pesquisa básica, acadêmica e/ou literatura e compartilhar estas informações aos especialistas da extensão. Estes treinam os técnicos de campo que finalmente difundem aos produtores. No sentido inverso os técnicos observam e coletam, junto aos produtores, informações para realimentação do sistema, mantendo os especialistas e pesquisadores alertas sobre os acontecimentos no campo.

A organização do fluxo é, entretanto, somente parte da estratégia do sistema. Os pesquisadores e os especialistas da assistência técnica e extensão rural devem se reunir periodicamente para decidir, dentro do ciclo da cultura, as inovações que serão disseminadas. Para facilitar o entendimento a cultura é dividida em três grandes segmentos do ciclo anual: pré-colheita, pós-colheita e manejo. Em cada uma destas etapas são definidas conjuntamente tecnologias para serem repassadas ou observadas. Esse é um ponto importante de se destacar: resistir ao desejo de se passar todo um pacote tecnológico de uma só vez para o produtor, pois quanto mais complexas as mudanças a fazer, maior a resistência à implementação.

Depois de cada definição os especialistas se reúnem com seus respectivos grupos para repassar o treinamento, e por fim os técnicos de campo se reúnem com os grupos de produtores. Por contar com o respaldo dos especialistas e principalmente pelo número reduzido de técnicas que são repassadas, todos tem confiança e domínio para argumentar com os produtores.

Além de se reunir com seus grupos, os técnicos de campo elaboram um cronograma de visitas individuais, com duração de pelo menos meio dia, para observar e assessorar a implantação das atividades em cada etapa do ciclo. Sempre que há dúvidas ou complicações os técnicos de campo devem retornar aos especialistas para consultá-los.

Esses passos são repetidos em cada etapa até o fim do ciclo da cultura. Ao final do ano de dez a quinze inovações devem ter sido difundidas em todas as propriedades participantes do processo. Para aumentar o potencial de difusão estas propriedades podem ser utilizadas para demonstrações e cursos na localidade.

No ano posterior o mesmo grupo pode ser utilizado para a aplicação de técnicas mais avançadas ou reforço de práticas já estabelecidas e um novo grupo pode ser iniciado para disseminação das práticas anteriores.

As principais vantagens da metodologia: a) criação do fluxo sistemático de informações entre os subsistemas, b) liberação do tempo do pesquisador para atividades específicas de pesquisa, c) fortalecimento da ligação entre os parceiros, d) formação de especialistas na extensão e assistência técnica que poderão questionar e ensinar com propriedade novas tecnologias, e) aumento da segurança da atuação do técnico de campo, f) retroalimentação do sistema, dando voz ao produtor e a difusão do banco tecnológico existente.

Estratégia de ação:
1. Criação de comitê conjunto para análise da situação e definição de prioridades e metas.
2. Definição do número de períodos que comporão o ciclo da cultura.
3. Estabelecimento do calendário de reuniões por período em todas as etapas do processo:
4. Visitas de acompanhamento do técnico especialista ao monitor.
5. Visitas de acompanhamento do monitor ao técnico de campo.
6. Visitas de acompanhamento do técnico de campo ao produtor; pelo menos meio dia por produtor por período da cultura.
7. Pelo menos um dia de campo por período/município envolvendo técnico de campo e produtores; acompanhado aleatoriamente por especialistas e pesquisadores.
8. Um evento estadual para avaliação anual dos resultados obtidos envolvendo todos os agentes e produtores.

Avaliação
De todos os aspectos, positivos e negativos, que se possa avaliar da experiência nenhum foi mais relevante do que a integração pesquisa/extensão que o processo promoveu.

O grupo de técnicos que trabalham com café no Paraná sempre foi diferenciado quanto ao trabalho integrado, entretanto depois de quase 20 anos juntos na metodologia apresentada, o grupo alcançou um alto grau de entendimento, cooperação, discussão orientada, e objetivos comuns quanto ao desenvolvimento da cafeicultura.

Desse grupo nasceram os concursos para promoção da qualidade do café, que reinseriu o café paranaense no contexto nacional, não mais sob a ótica de maior produtor, coisa do passado, mas sob a perspectiva de que o Paraná tem qualidade para vender. Inclusive vencendo concursos nacionais de qualidade.

A qualificação alcançada pelos técnicos que atuam diretamente com o produtor também merece ser ressaltada. A equipe é extremamente capaz de lidar com qualquer situação relacionada à cafeicultura. Alguns se tornaram provadores profissionais, o que de novo rebateu na qualidade do café produzido e comercializado pelos nossos produtores.

As reuniões do comitê da cultura não são mais um local onde o pesquisador é professor e o extensionista/técnico aluno, mas um local rico para troca de experiências e expectativas.

6. LITERATURA CITADA
BENOR, Daniel; HARRISON, J. Agricultural extension. The training and visit system. Washington, D.C : The World Bank, 1984.
MARTINS, Marcos. V. Ferreira. A model for the diffusion of innovations applied to the mass media. Reading, England : University of Reading, 1995. (M.Sc. Thesis).

Palavras Chaves
Café, Tecnologia, Difusão, Transferência, Treino e Visita, Extensão Rural.

*Marcos Valentin Ferreira Martins é engenheiro agrônomo, mestre em Extensão Rural e tem MBA em Marketing pela FGV e MBA Internacional em gestão da Inovação. Desde 1989, Marcos trabalha no Iapar-Instituto Agronômico do Paraná. Atualmente é chefe de Gabinete da Presidência do Iapar
E-mail do colunista:
mmartins@iapar.br

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