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Guardiões da cafeicultura

POR CARLOS ALBERTO PAULINO DA COSTA

ESPAÇO ABERTO

EM 10/05/2016

4 MIN DE LEITURA

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Por Carlos Paulino da Costa, presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé)*

Em meados de outubro, a Cooxupé foi surpreendida com um questionário da ONG dinamarquesa Danwatch sobre trabalho escravo. O material, com cerca de 30 perguntas, investigava as ações e cuidados da cooperativa contra a prática. Somos uma cooperativa com mais de 80 anos de história, que cresceu graças à força de pequenos produtores de café. Nosso objetivo sempre foi oferecer ao cooperado subsídios para desenvolver, fortalecer e vender um grão de melhor qualidade e a cada ano, temos conseguido não só um grão diferenciado, mas também mais sustentável. E com este foco, respondemos prontamente todas as questões, nos posicionando contra a prática da escravidão e de condições impraticáveis de trabalho nas lavouras de qualquer cultura no país.

Foto ilustrativa: Lucas Albin / Agência Ophelia/ Café Editora
Foto ilustrativa: Lucas Albin / Agência Ophelia/ Café Editora

O relatório foi publicado no dia 3 de março, intitulado: Slavery-like Working Conditions and Deadly Pesticides on Brazilian Coffee Plantations (em português: Trabalho escravo e pesticidas perigosos nas plantações de café do Brasil). Pela nossa avaliação, o conteúdo foi extremamente parcial, destacando casos isolados e que não representam de forma alguma a Cooxupé e o cenário da cafeicultura brasileira, distorcendo a realidade do dia a dia no campo.

Assim como publicado em um pronunciamento do Cecafé (Conselho de Exportadores de Café do Brasil), repudiando o relatório da Danwatch, nós, da Cooxupé, gostaríamos de ressaltar que: o café é fundamental para a economia do país. Somos mais de 300 mil produtores, com cerca de dois milhões de hectares no território brasileiro, gerando cerca de 8,4 milhões de postos de trabalho em toda a cadeia produtiva do grão. O estudo aqui citado restringe apenas às 14 fazendas que constam da Lista da Transparência, publicada em maio de 2015, pela ONG Repórter Brasil, não respeitando um universo inteiro de produtores de café.

É importantíssimo ressaltar que o nosso país é um dos mais exigentes e fiscalizados do mundo no segmento do agronegócio, principalmente porque somos um dos maiores exportadores de alimentos do planeta, qualidade que nos destaca, mas, ao mesmo tempo, exige uma condição diferenciada perante os nossos concorrentes. E isso vem acontecendo. Hoje, mais de 20% das unidades de café produtivas do país são certificadas pelas maiores e mais conceituadas instituições do mundo, tais como UTZ Certified, Rainforest Alliance, 4C Association e Fairtrade, e nacionais, como CertificaMinas e selos de café orgânico. Isso nos traz a possibilidade de oferecer café para empresas gigantes do segmento, que exigem rastreabilidade do grão e boas práticas agrícolas.

Os produtores de café vinculados à cooperativa são cafeicultores que diariamente estão na lavoura em busca de uma produção cada vez melhor, mais valorizada e sustentável. O trabalho nas propriedades é realizado pelos produtores, familiares e funcionários. São pessoas que vivem não só do café, mas pelo café, com propriedades mantidas com muito suor e técnicas de produção passadas de geração em geração. São pessoas que dependem economicamente do grão, que conhecem os temores de uma safra inteira perdida, que se preocupam com o clima e cuidam dos seus pés de café como se fossem entes de uma só família. E é esse o café que a Cooxupé busca oferecer ao mundo.

Erroneamente, o relatório da ONG dinamarquesa também subentende que há no país o uso indiscriminado de insumos em nossas lavouras. Mais uma vez, é importante ressaltar que as leis brasileiras não permitem estas ações no campo. Na Cooxupé, o produtor cooperado não consegue adquirir qualquer insumo fora da época de aplicação, e uma equipe de técnicos e agrônomos está constantemente nas propriedades orientando sobre o uso correto, armazenamento e descarte. Neste ponto é importante relembrar que o Brasil é maior recolhedor de embalagens vazias de insumos do mundo. Em 2014, 94% delas foram enviadas para reciclagem graças à união de órgãos nacionais, estaduais e municipais.

Para finalizar, queremos ressaltar que o segmento de café é um dos setores da agricultura com maior capilaridade, isto é, não há concentração de renda, pois é formado em sua maioria por pequenos produtores e sabemos que esta é a verdadeira realidade do setor. A Cooxupé repudia qualquer ato ilegal como o trabalho escravo e a aplicação incorreta de insumos, mas não podemos deixar que entidades internacionais denigram a imagem de um setor responsável por manter a economia do país aquecida e que alimenta milhões de pessoas com a geração de renda.

Se estas organizações pretendem contribuir para a manutenção do planeta e para a educação da humanidade, certamente não é pegando um caso isolado e rotulando toda uma classe de produtores rurais. Com esta atitude, estas organizações apenas prejudicam os produtores que ainda vivem no campo e tiram seu sustento da atividade agrícola.

*Artigo publicado originalmente na Folha Rural, da Cooxupé, e cedido gentilmente ao site CaféPoint para publicação exclusiva

CARLOS ALBERTO PAULINO DA COSTA

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WILLEM GUILHERME DE ARAÚJO

GUAXUPÉ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/05/2016

Parabéns ao artigo do Presidente da Cooxupe, Carlos Paulino. o CNC deve providenciar um relatorio contrapondo as sandices que este relatorios publicado pela Danwatch, mas escrito por um grupo de pessoas sem nenhuma qualificação, a Reporter Brasil de SP. Afinal, são tão limitados (ou mal intecionados) que não tiveram o cuidado de verificar se as informações colhidas eram recentes, verdadeiras e principalmente, enganaram pessoas simples, distorcendo suas falas e escrevendo estas besteiras que ganharam o mundo.
GERALDO GARCIA DE MEIRELES

GOIÂNIA - GOIÁS - PROVA/ESPECIALISTA EM QUALIDADE DE CAFÉ

EM 14/05/2016

Na sombra de tal artigo, sem dúvida  pairam interesses escusos e repudiáveis. Acompanho o trabalho da Cooxupé desde a década de 70, quando dirigida pelo saudoso Ferreira Leite.  Também conheço  bem o extraordinário trabalho desenvolvido pelos cafeicultores brasileiros  na busca  de melhoria de produtividade  e  qualidade  para conquista de mercados cada vez mais exigentes, respeitando rigorosamente as leis ambientais, trabalhistas , sociais , etc. O importante é que , no caso da Cooxupé , não faltou a prontidão , coragem e determinação do grande líder Paulino , para responder  a altura tão desrespeitosa manifestação. Parabéns Paulino, parabéns Cooxupé.
ADELBER VILHENA BRAGA

CAMPESTRE - MINAS GERAIS

EM 13/05/2016

Palavras são as armas mais perigosas do mundo, e portanto, é preciso usá-las com parcimônia.

Mais perigoso ainda é gravá-las em papel, pois somos responsáveis por elas e devemos arcar com as consequências que podem causar.

Um comentário tão tendencioso e generalista devia ser questionado com austeridade, pois macula um universo de 340.000 mil produtores de café que se desdobram a cada dia para sobreviver nas mãos dos grandes players e continuar gerando emprego e renda nesse país!
ANTONIO CARLOS SILVA

BOA ESPERANÇA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 11/05/2016

Realmente o Brasil não é um país para amadores e muito menos para pós-graduados!



Sugiro que convidem a Danwatch para um giro em nossa região produtora de café.



Verificando "in loco" como se produz um bom café juntamente com e o nosso nível tecnológico de produção, pode ser que eles revejam os estereotipados conceitos sobre o Brasil e a nossa eficiente produção de café.
MARDEN CICARELLI

MONTE CARMELO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 11/05/2016

É perfeito o posicionamento do articulista. A ONG DanWatch, em seu relatório, torce valores para chegar a conclusões absolutamente enganosas, ao comparar, por exemplo, o custo pago ao apanhador de café com o custo final do produto, já industrializado e após passar por diversas cadeias produtivas que agregam valor ao café.



No caso em questão, o posicionamento honesto deveria ser comparar o custo do apanhador de café com o valor da saca recebida pelo produtor, o que sabemos, em alguns casos, ultrapassar 30% do custo. O relatório aponta que "menos de 2% do valor vai para o apanhador de café". Para parecer menos parcial, deveria apontar que possivelmente menos de 5% vai para o produtor, que ainda tem que cumprir algumas das leis mais restritivas do planeta, tanto ambientais quanto trabalhistas, e ainda se defender de relatórios que trazem vieses absurdos e que nos faz pensar que estejam a serviço de outros atores que não apenas o bem da sociedade mundial.



Citei apenas este caso de "tortura" aos números e à lógica, pois o articulista pontua bem outros desvios do relatório, que sai do caso particular e generaliza para toda a classe produtora no Brasil. Seria como dissermos que a sociedade dinamarquesa é violenta e agressiva tomando apenas o caso recente do atirador dinamarquês que ceifou algumas vidas em 2015.



Enfim, estes posicionamentos de ONGs que pinçam casos esporádicos para desestabilizar um setor produtivo devem ser combatidos com uma reação séria, institucional do país, e não apenas do Sr. Carlos Paulino, que toma para si a defesa do setor. Porém, e infelizmente, estamos vivendo uma crise institucional profunda, e nada podemos exigir de nossos governantes nesse momento, que nem mesmo em tempos mais calmos saem em nossa defesa.



Vi nossa ministra defender o indefensável, mas não ouvi um único comentário seu em defesa de nossa cafeicultura. Triste país...
FREDERICO DE ALMEIDA DAHER

VITÓRIA - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/05/2016

Prezado e valoroso cafeicultor António Paulino.

Presidente da COOAXUPE.



Aqui das terras capixabas desejo congratular-me  com o Sr.pela matéria veiculada sobre a forma de trabalho do cafeicultor brasileiro em defesa do esforço que todos empreendem em prol de uma cafeicultura próspera e sustentável.

Assusta-nos como um relatório  tão tendencioso e mal intencionado possa colocar em dúvida o trabalho incansável de milhares de cafeicultores Brasil a fora.

A Cooaxupe  é orgulho para todos nós é não será um relatório como Esse que irá nos impedir de continuar trabalhando,cada vez mais intensamente,pela produção de cafés que não só nos remunerar como sobretudo atenda todos os parãmetros de uma cafeicultura sustentável.

Registro então minha solidariedade a V.Sá.e a todos os cafeicultores do Brasil.

Abraço

Frederico  de Almeida  Daher

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