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As faces de exposição "Noruega" e "Soalheira" na cafeicultura brasileira

VÁRIOS AUTORES

ESPAÇO ABERTO

EM 02/05/2016

5 MIN DE LEITURA

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Por Williams P. M. Ferreira1; Marcelo de F. Ribeiro2; Elpídio I. F. Filho3; Cecília de Fátima Souza4

Ao longo da história de uma língua é comum que novos termos sejam incorporados com celeridade ao vocabulário popular devido ao seu uso no dia-a-dia. Embora a ideia acerca do que um termo novo significa seja conhecida, por vezes é difícil encontrar a definição clara que expresse o sentido daquele termo. No Brasil, o uso de termos populares marca a diversidade cultural das diferentes regiões brasileiras. No campo, com suas práticas agrícolas, não é diferente. Alguns termos populares mudam de acordo com as regiões.

Na cafeicultura, o uso de termos específicos é bastante comum sendo que, apesar da existência de obras literárias específicas para o uso de termos técnicos, ainda é comum encontrar-se o emprego inadequado ou definições confusas de alguns termos em publicações científicas atuais. Um exemplo disso ocorre na cafeicultura praticada nas regiões de montanha, que em decorrência das características específicas predominantes do relevo destas regiões apresentam lavouras plantadas em todos os lados dos morros e montanhas. Para identificar o lado em que se encontra instalada a lavoura é muito comum o uso dos termos “Face Soalheira e Face Noruega”, todavia esses termos mesmo quando utilizados em publicações técnicas algumas vezes são empregados de forma inadequada.

Nesse sentido foi realizado um estudo envolvendo os fatores térmicos do clima associados ao uso dos termos “Face Noruega”, que define as faces frias e sombreadas, e “Face Soalheira”, definindo as faces quentes e ensolaradas das montanhas. O estudo disponível no site: www.embrapa.br/cafe/publicacoes visou orientar a escolha correta da orientação da face de exposição, objetivando o aumento da produtividade, além de definir os locais com maior potencial para a produção de café de melhor qualidade nas regiões montanhosas.

Cabe destacar que a origem do termo “Soalheira” remonta a Portugal já que nesse país o termo serve para designar a face das encostas voltadas para a região equatorial, ou seja, as faces soalheiras são voltadas para o sul geográfico daquele país. O termo adotado para fazer referência ao lado oposto à face Soalheira naquele país é denominado “face Noruega”, ou seja, faz referência a face das montanhas voltadas para a região polar, faces essas voltadas para o norte geográfico daquele país que são faces úmbrias (sombrias). O termo “Noruega”, adotado para fazer referência ao lado úmido e sombrio das encostas, associa-se ao fato de a Noruega estar localizada na porção mais setentrional da Europa e ser um país considerado frio, sombrio, por ser um dos mais próximos ao Polo Norte.

Apesar da origem do nome estar associada às características topográficas de países do hemisfério Norte, nas regiões montanhosas em Minas Gerais, maior estado produtor de café do país, e algumas vezes em São Paulo, é comum o emprego dos termos “Face Soalheira” ou “Soalheiro” e “Face Noruega” ou “Contra Face” para fazer referência à topografia das montanhas, principalmente em relação às características climáticas e a orientação das encostas onde é praticada a cafeicultura de montanha. Logo, no hemisfério Sul, a parte das montanhas com exposição voltadas para Sul é chamada “Vertente”, “Encosta” ou “Face Noruega”; e aquela parte voltada para o Norte é denominada “Vertente”, “Encosta” ou “Face Soalheira”.

De modo simplificado, e tecnicamente falando, pode-se dizer que às encostas “Noruegas e Soalheiras” podem apresentar-se dividas em duas porções cada uma (sendo a primeira com uma face de exposição voltada para o quadrante o Sudoeste e outra para o Sudeste; e a segunda com uma face de exposição voltada para o quadrante Nordeste e outra, para o Noroeste). Os sinais adotados por convenção para fazer referência as características térmicas das faces são: positivo [(+) mais quente] e negativo [(-) menos quente] para representar o efeito da radiação solar incidente na montanha que atua sobre a temperatura do ar alcançada nas diferentes faces de exposição das encostas das montanhas (quadrantes NW, NE, SW e SE) ao longo do dia (Sol-tarde e Sol-manhã) e ao longo do ano (Sol-ano e Sombra-ano) Figura 1.
Crédito: Williams P. M. Ferreira (Figura - a)



Crédito: Yane Valois Souza Ferreira (Figura - b)

Figura 1 –
a)
Posicionamento dos sinais positivos e negativos representando o efeito da radiação solar sobre a temperatura do ar nas diferentes faces de exposição das encostas representada pelos quadrantes Nordeste (NE) Sudeste (SE), Sudoeste (SW) e Noroeste (NW) em função dos pontos cardeais.
b) Representação, na região de montanhas, dos pontos cardeais Norte (N), Sul (S), Leste (L) e Oeste (O ou W) e as respectivas faces de exposição das encostas (destacadas na cor verde).

Considerando uma montanha localizada no hemisfério Sul, devido ao movimento aparente do Sol ao longo do ano, as duas faces das montanhas voltadas para o hemisfério Norte (quadrantes NW e NE) irão recebem maior incidência de radiação “SOL-ANO (+)” quando comparadas às faces da montanhas voltadas para o hemisfério Sul (quadrantes SW e SE) que recebem menor incidência de radiação “SOMBRA-ANO”. Considerando o movimento aparente do Sol durante o dia, nas faces expostas ao sol da manhã (quadrantes NE e SE), são encontradas as temperaturas mais amenas “SOL-MANHÃ (-)” quando comparadas às faces expostas ao Sol da tarde (quadrantes NW e SW) onde são encontradas maiores temperaturas “SOL-TARDE (+)”.

A influência da sazonalidade e da marcha diária aparente do Sol, associada à orientação da face de exposição SE da encosta “Noruega”, contribuem para que o efeito da radiação solar incidente na montanha atue sobre a temperatura do ar nessa face, representado pelo sinal (-,-), fazendo com que nela sejam encontrados os menores valores médios de temperatura do ar, sendo desse modo a “Face Noruega – SE” a mais fria dentre as quatro. Por outro lado, a influência da sazonalidade e da marcha diária do Sol, associada à orientação da face de exposição NW da “Face Soalheira”, contribuem para que o efeito da radiação solar incidente na montanha atue sobre a temperatura do ar nessa face, representado pelo sinal (+,+), contribuindo para que nela sejam obtidos os maiores valores médios de temperatura, fazendo assim, com que a “Face Soalheira – NW” apresenta-se como a mais quente dentre as quatro.
Desse modo, apesar de as Faces Soalheiras serem aquelas voltadas para o Norte geográfico e as “Faces Noruegas” aquelas voltadas para o Sul, considerando as práticas agrícolas dentro da cafeicultura de montanha, popularmente o termo técnico “Face Noruega da Montanha” é empregado para fazer referência somente à encosta da montanha voltada para o quadrante Sudeste (SE), enquanto que o termo “Face Soalheira da Montanha” faz referência somente à encosta da montanha voltada para o quadrante Noroeste (NW).

AUTORES
Meteorologista, D.S. Pesq. Embrapa Café & EPAMIG SUDESTE -williams.ferreira@embrapa.br ou williams.ferreira@epamig.br
Agrônomo, D.S. Pesq. EPAMIG SUDESTE -
mribeiro@epamig.br
Agrônomo, D.S. Prof. Universidade Federal de Viçosa -
elpidio@ufv.br
4 Engenheira Agrícola, PhD. Profª. Universidade Federal de Viçosa -
cfsouza@ufv.br 

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ADELBER VILHENA BRAGA

CAMPESTRE - MINAS GERAIS

EM 04/05/2016

Verdade! Para se usar esse termo no hemisfério sul é preciso inverter a lógica e esquecer a geografia.
JOSÉ ADAUTO DE ALMEIDA

MARUMBI - PARANÁ - PROVA/ESPECIALISTA EM QUALIDADE DE CAFÉ

EM 04/05/2016

Gostaria de saber que micro-região de Minas Gerais utiliza os termos "Face Noruega",  "Face Soalheira", pois não são comuns na comunidade cafeira de um modo geral.O termo "contraface, sim é usado.

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