A cafeicultura começa a sentir o impacto da alta do dólar refletido diretamente no custo de produção. Os principais produtos, que voltam a onerar os gastos do produtor são os defensivos e os fertilizantes, pois cerca de 70% das substâncias que os compõem são importados e o preço varia conforme a cotação do dólar. Se a moeda continuar subindo, os insumos vão ficar mais caros, aumentando as despesas do cafeicultor.
Nas regiões mecanizadas (planas) a participação dos insumos no Custo Operacional Efetivo (COE) é de cerca de 50%, sendo 65% desse percentual gasto com fertilizantes. Nas lavouras montanhosas, os insumos têm participação menor no COE, de 20% em média, sendo que 75% desse valor são direcionados apenas aos fertilizantes. Assim, a alta do dólar impacta principalmente nas lavouras mecanizadas no país, diminuindo a margem de lucro do cafeicultor.
Na tentativa de amenizar o problema, o produtor deve se preparar com maior eficiência para reduzir os riscos decorrentes das oscilações de preço mediante uso de ferramentas para venda futura do café. Isso pode ser feito através do mercado futuro, mercado de opções ou junto às cooperativas, além das operações de troca com as indústrias de insumos.
Outra opção é orientar o produtor para que ele utilize técnicas adequadas de manejo, gerenciamento e monitoramento em todas as etapas dos processos de produção de café, visando à aplicação dos insumos (fertilizantes e defensivos) apenas nos talhões, onde realmente é necessário. Adotando-se medidas como estas, será possível otimizar o uso dos insumos e reduzir os custos de maneira significativa.
Um ponto que vale a pena de ser avaliado é sobre a importação do produto destinado ao combate da broca do café. Nos últimos dias também foi prorrogado o prazo de emergência fitossanitária em Minas Gerais, assim como havia sido em outros estados produtores, devido ao risco iminente de surto da praga. Porém, neste caso, a autorização é emergencial e temporária, destinada à importação do produto por uma única empresa.
Em um mercado competitivo e com custos altos, o produtor de café não pode ficar refém de uma empresa. É fundamental que o governo atente para as dificuldades que a cafeicultura enfrenta e possa, com agilidade, propiciar ao produtor mais opções de compra do produto, com o princípio ativo Ciantraniliprole para o combate da broca.
Esta praga não pode voltar às lavouras. Ela ataca os cafezais, impactando diretamente no grão que será comercializado. Para cada 5% dos frutos atacados pela praga, até 1% apresenta defeito, interferindo diretamente na qualidade da bebida e, consequentemente, no preço recebido pelos cafeicultores. Além disso, a broca pode causar perdas quantitativas, em casos graves de infestação máxima, atingindo 12 quilos em cada saca beneficiada de 60 quilos.
Para melhorar este cenário é necessária a articulação junto ao Mapa para que o Ciantraniliprole seja registrado definitivamente no país e acompanhar junto ao Ministério o andamento do processo de registro de outro produto, com o mesmo princípio ativo e adição de Abamectina. Neste caso, o processo de registro deveria ser mais simples, pois o produto já é registrado para outras culturas como abóbora, berinjela, meloeiro, melancia, pepino, pimenteiro, tomateiro, morangueiro, macieira e pereira. Sendo assim, a solicitação de uso pode ser estendida para o café.